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domingo, 29 de setembro de 2024

POSSÍVEL EXPLICAÇÃO PARA O INCOMPREENSÍVEL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Embora o turbilhão de notícias sobre a violência tenha ocultado os fatos, a verdade é que a memória recente de quem se sentiu estarrecido diante dos acontecimentos ainda não apagou a suposta eliminação da própria família por um menino de 13 anos num dos bairros da capital paulista em 2013, ou a daquele outro de 10 anos que em São Caetano do Sul (SP), em 2011, após retornar do banheiro da escola, atirou na professora perante 25 colegas, saiu da sala e, numa escada próxima, suicidou. Como entender que duas criaturas nem bem saídas da infância sejam capazes de ações tão violentas contra pessoas que deveriam no mínimo respeitar? Teria sido a personalidade de sua existência atual tão mal formada a ponto de não revelarem sentimentos ou se perturbarem irracionalmente diante de situações que consideravam injustas e insuportáveis? Perguntas de resposta difícil até pela falta de dados realmente confiáveis do histórico recente dos personagens envolvidos. Admitida a reencarnação como um fato, teria o passado remoto algo a ver com desdobramentos tão surreais? Perpassando um dos volumes da coleção da REVISTA ESPÍRITA publicada por iniciativa e com recursos do próprio Allan Kardec no período 1858/1869, especificamente no numero de dezembro de 1859, encontra-se o Boletim da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas referente à sessão geral de 30 de setembro daquele ano, uma sexta feira. Entre os assuntos que ocuparam a pauta cumprida pelos presentes, informações a respeito de uma notícia veiculada por vários jornais de Paris, sobre o assassínio cometido por um menino de sete anos e meio, com premeditação e todas as circunstâncias agravantes. Segundo comentário de Allan Kardec, o fato provava que nesse menino o instinto assassino inato não pode ser desenvolvido nem pela educação, nem pelo meio em que se encontrava. Considera ele que isto não pode explicar-se senão por um estado anterior à existência atual. Buscou então ouvir o Espírito São Luiz, responsável pelas reuniões levadas a efeito naquele grupo que explicou o seguinte: -“O Espírito do menino está quase no início do período humano; não tem mais que duas encarnações na Terra; antes de sua existência atual pertencia às tribos mais atrasadas de ilhas espalhadas pelo Planeta. Quis nascer num mundo mais adiantado, na esperança de progresso”. A observação suscita uma reflexão interessante: vivia-se o décimo nono século da chamada Era Cristã e, pelo que revela a questão 1019 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS e o 18 da obra A GÊNESE, a Terra passava desde um século e meio antes por um ciclo de ajuste no tocante à população a ela ligada tendo em vista a elevação do orbe terreno na classificação explicada nas análises incluídas no capítulo 3 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Nelas, o Codificador dedica-se a interpretar o HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI, afirmação atribuída a Jesus por João no capítulo XIV, versículo 1, do seu Evangelho, arriscando uma classificação dos Mundos, situando a Terra na categoria dos de Expiações e Provas, aqueles em que o mal predomina pela condição evolutiva dos seres que nela habitam. E no caso do autor do crime, ele não tinha mais que duas encarnações no planeta terreno. Mais à frente, mensagem psicografada por Santo Agostinho afirma que “não são todos os Espíritos encarnados na Terra que se encontram em expiação, constituindo-se as raças que chamamos selvagens de Espíritos apenas saídos da infância, que estão, por assim dizer, educando-se e desenvolvendo-se ao contato de Espíritos mais avançados”. Quanto a esse enfoque num de seus esclarecedores textos, Kardec estabelece interessante comparação lembrando que aquele que renasce em nossa Dimensão em apenas dois dias de existência não tem noção clara da realidade que o cerca, percepção que somente alcançará após mais de uma década de desenvolvimento no corpo a que se ligou na nova reencarnação com que trabalha pelo seu progresso espiritual. Os Espíritos recém elevados à condição humana consomem em tese o mesmo tempo ou número de encarnações para começar a ter consciência de suas responsabilidades perante a Criação. Finalizando a consulta, Allan Kardec perguntou à São Luiz se a educação poderia modificar essa natureza, obtendo a seguinte resposta: -“É difícil, mas possível. Seria preciso tomar grandes precauções, cerca-lo de boas influências, desenvolver a sua razão, mas é de temer que se fizesse exatamente o contrário”.


Gostaria de ouvir a opinião de vocês sobre o caso do menino, vítima de um culto de magia, que introduziu muitas agulhas no seu corpo. (João Caetano)


Um ato reprovável, sem dúvida; do ponto de vista legal, um crime. Nenhuma pessoa, no pleno exercício de sua consciência moral, poderia admitir uma coisa dessas nos dias de hoje, nem em ser humano e nem mesmo em animais. Até que se pode entender que no passado muito distante, o homem, atemorizado diante da ira de seus deuses, oferecesse sacrifícios humanos pensando estar salvando toda uma comunidade . Mas isso é coisa de um passado remoto.


Infelizmente, ainda existem mentalidades bastante atrasadas, criando verdadeiros bolsões de ignorância, talvez por abandono da própria sociedade. Alguns são Espíritos primitivos facilmente influenciáveis por crenças que já não são de nosso tempo; outros porque são portadores de doenças mentais – no caso, psicopatas, que podem perpetrar um crime de tamanha gravidade. A magia decorre de uma crença muito antiga em fenômenos inexplicáveis e misteriosos, que pode levar pessoas, pouco informadas ou má conduzidas – ou, ainda, mal intencionadas - a práticas criminosas.


É por isso que a Doutrina Espírita, cujos princípios morais são os mesmos ensinados por Jesus, se propõe a mostrar ao homem que Deus é amor e que, somente através da prática do bem, podemos conquistar a felicidade que almejamos. Nada justifica o sacrifício humano. A vida deve ser considerada o maior valor de nossa existência neste mundo. Cabe a todos nós preservá-la e defendê-la, desde a concepção no ventre materno até o instante final que assinala o termo desta vida.




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