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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

ALLAN KARDEC E O CRITERIO PARA IDENTIFICAR BONS ESPÍRITOS E MÉDIUNS ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Observa-se nesses tempos de comunicação rápida e fácil, grande quantidade de mensagens ditas espirituais tratando de posicionamentos diante das turbulências sociais típicas de uma fase de transição, aliás, como previstas no capítulo 18 do livro A GÊNESE, de Allan Kardec. Muitos se empolgam com seus conteúdos geralmente óbvios para os que estudam as crises da Humanidade da Terra sob o ponto de vista do Espiritismo. Fatos desse tipo, não eram incomuns ao tempo do surgimento da Doutrina Espírita. No número de julho de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, Kardec analisa um caso, apresentando orientações sobre critérios que ele julga validos e dos quais extraímos algumas orientações sobre os ‘falsos profetas’ e os médiuns que os servem. Diz o Mestre: -“O que ainda é próprio desses Espíritos orgulhosos é a espécie de fascinação que exercem sobre seus médiuns, por meio da qual algumas vezes os fazem compartilhar dos mesmos sentimentos. Dizemos de propósito seus médiuns, porque deles se apoderam e neles querem ter instrumentos que agem de olhos fechados. De maneira alguma se acomodariam a um médium perscrutador ou que visse bem claro. Não se dá também o mesmo entre os homens? Quando o encontram, temendo que lhes escape, lhe inspiram o afastamento de quem quer que o possa esclarecer. Isolam-no de certo modo, a fim de poderem agir com inteira liberdade, ou só o aproximam daqueles de quem nada têm a temer. E, para melhor lhes captar a confiança, se fazem de bons apóstolos, usurpando os nomes de Espíritos venerados, cuja linguagem procuram imitar. Mas, por mais que façam, jamais a ignorância poderá simular o verdadeiro saber, nem uma natureza má a verdadeira virtude. O orgulho sempre se mostrará sob o manto de uma falsa humildade; e porque temem ser desmascarados, evitam a discussão e afastam seus médiuns. Entre os numerosos escritos publicados sobre o Espiritismo, sem dúvida alguns poderiam ensejar uma crítica fundada; mas não os pomos todos na mesma linha; indicamos um meio de os apreciar e cada um fará como entender. (...) A base de nossa apreciação: esta base será a lógica, da qual cada um poderá fazer seu próprio uso, pois não alimentamos a tola pretensão de lhe ter o privilégio. A lógica, com efeito, é o grande critério de toda comunicação espírita, como o é de todos os trabalhos humanos. Sabemos perfeitamente que aquele que raciocina de maneira errada julga ser lógico. Ele o é à sua maneira, mas apenas para si e não para os outros. Quando uma lógica é rigorosa como dois e dois são quatro, e as consequências são deduzidas de axiomas evidentes, o bom-senso geral cedo ou tarde faz justiça a todos esses sofismas. Acreditamos que as proposições seguintes têm este caráter: 1- Os Espíritos bons não podem ensinar e inspirar senão o bem; assim, tudo que não é rigorosamente bem não pode vir de um Espírito bom; 2- Os Espíritos esclarecidos e verdadeiramente superiores não podem ensinar coisas absurdas; assim, toda comunicação eivada de erros manifestos ou contrários aos dados mais vulgares da ciência e da observação, só por isso atesta a inferioridade de sua origem.


A propósito do “Dia de Finados”, a Antonia Maria Rodrigues, ouvinte da Rua José Rosário, pede comentário sobre a fala de Jesus que diz: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos”. O que Jesus quis dizer com isso?

A citação, a que a Antonia se refere, está em Lucas, capítulo 9, versículos 59 e 60: “Jesus disse a um outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, permita-me, antes, ir enterrar meu pai. Jesus lhe respondeu: “Deixa que os mortos enterrem os mortos, mas tu venha anunciar o reino de Deus”.

Kardec faz uma análise interessante desta e de outras citações, que parecem contrariar o sentimento de respeito, de afeto e de carinho que todos devemos ter para com nossos familiares. Será que Jesus pensava realmente assim? Kardec acha que não. Ele enfeixa essas citações contraditórias num interessante capítulo de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, que denominou “Estranha Moral”. Vale a pena ler com atenção esse capítulo para se entender melhor o sentido alegórico das palavras de Jesus.

A verdade é que, em nome da razão e do bom senso, não devemos interpretar todas as citações dos evangelhos – e muito menos da Bíblia – ao pé da letra. A expressão “ao pé da letra” quer dizer palavra por palavra, com o sentido comum se dá à palavra. Há uma série de razões para que procuremos buscar a essência de toda mensagem, principalmente daquelas que fazem parte de um texto tão antigo quanto a Bíblia, escrito e reescrito em línguas diferentes e passando por toda espécie de tratamento.

Deixa que os mortos enterrem seus mortos” – se tomada ao pé da letra ( ou seja, se interpretado pelo sentido literal de cada palavra), por si só, já constitui uma enorme contradição – para não dizer um verdadeiro absurdo. É claro que os mortos não podem enterrar ninguém, pois, evidentemente estão mortos. Os mortos – a que Jesus se refere, não são os mortos do corpo, mas os doentes do espírito, até porque o Espírito não morre e tampouco o corpo lhe pertence.

Nessa frase – atribuída a Jesus – está apenas e tão somente um princípio fundamental de sua doutrina de amor, segundo o qual devemos dar mais valor às coisas espirituais do que às materiais. É uma questão de prioridade. Por isso, Jesus está convidando uma pessoa a integrar o grupo de divulgadores da Boa Nova, mas essa pessoa não pode ser alguém que esteja mais interessada em valores materiais do que em valores espirituais.

Evidentemente, Jesus – que ensinou o amor incondicional, não poderia estimular o desprezo aos valores da família, muito menos a desconsideração para com o corpo do pai, que merece ser sepultado com dignidade. Essa frase que deveria ser imortalizada na História, não significa, portanto, a indiferença do filho para com o corpo do pai. Ela apenas veio para reforçar a idéia de que os trabalhadores do bem não podem dar preferência às coisas materiais em prejuízo das espirituais.



Precisamos entender que a linguagem de Jesus era toda espiritual; portanto, alegórica ou cheia de simbolismo. Ele costumava fazer comparações com as coisas do dia a dia das pessoas, a fim de que seus ouvintes pudessem penetrar mais fundo sua mensagem. Mas, se formos dar o sentido comum a essas palavras que lhe são atribuídas, com certeza, vamos encontrar grandes contradições com sua doutrina.

Para nós, Antonia, que vivemos neste século cheio de convites ao comodismo e ao materialismo, resta refletir sobre a profundidade dessa afirmação. Quando convidamos alguém a praticar uma boa ação ou a dar uma participação consciente em favor do próximo (ou seja, anunciar o Reino de Deus, na linguagem de Jesus), muitas vezes, ouvimos apenas uma desculpa, um pretexto para não vir, preferindo permanecer na sua zona de conforto ao invés de dar um pouco de si pelo bem da humanidade. Foi isso que Jesus quis dizer.




quarta-feira, 30 de outubro de 2024

VETO DO DESTINO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Aproximava-se do final o ano de 1982. A maratona dos candidatos às eleições legislativas e para governança estadual do Brasil era intensa, pois, as campanhas entravam na reta final. Depois de uma sexta-feira marcada por vários encontros políticos pelo interior do Paraná, o jovem parlamentar Heitor de Alencar Furtado, juntamente com um assessor que o acompanhava, após abastecerem o veículo em que viajavam num posto na cidade de Mandaguari, atendeu à sugestão do acompanhante, para que ali mesmo, estacionassem, procurando descansar, dormindo um pouco. A madrugada do dia 22 de outubro avançava e, a certa altura, uma viatura policial abordou-os, e Heitor, despertando, talvez, num movimento brusco, levou um dos soldados da patrulha a disparar um tiro que o atingiu fatalmente. A notícia teve ampla repercussão, provocando comoção em todo País, colocando em evidência e discussão, o despreparo policial. O inesperado da perda, a violência, a perplexidade e a dor, levaram, quarenta dias depois, a mãe, Miriam, advogada e professora, e o pai, José Alencar Furtado, deputado federal cassado, quando líder da oposição na Câmara, a se juntarem ao grande número de pessoas presentes numa das reuniões do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais, muitos ansiosos e esperançosos por notícias de entes queridos dos quais se separaram pelo inesperado fenômeno da morte. Seus esforços foram compensados ao ouvir, entre outras psicografadas por Chico Xavier, naquela noite/madrugada, a emocionada e reveladora carta de Heitor. Hábil com as palavras, o político desencarnado aos 30 anos, diz no início de seu texto: “- Estamos na situação que, em verdade, não prevíamos. No plano físico a inteligência não se entrega a qualquer cuidado diante das ideias da morte. E é uma pena que não se tenha por aí alguma ponta de esclarecimento sobre o assunto tão grave, quão inevitável. As religiões nos deixaram quase sozinhos. Não fomos nós que as largamos desprevenidos e é muito difícil para o homem integrado nos seus próprios ideais refletir sobre os problemas da morte. Não posso queixar-me quando a complicação é de tantos”. O comentário/desabafo reveste-se de profundas verdades. As religiões, de maneira geral, demasiadamente preocupadas com as questões temporais, distanciaram-se das espirituais. No tocante à morte e seus desdobramentos, por sinal, não tem nada a dizer a não ser palavras vazias e evasivas, presas a dogmas e fantasias milenares. Heitor, prossegue: “- Deixemos as divagações e vamos ao que nos interessa objetivamente. A sexta-feira fora de muita atividade e a estafa provisória nos apanhou em caminho. Tão fatigado me via, que nosso Fábio me aconselhou o repouso rápido. Não resisti ao apelo. Desligamos o motor e, com naturalidade como se estivéssemos em nossa própria casa, curtimos a pausa, que nos apareceu necessária e oportuna. Acredito que o amigo velava, enquanto o sono me anestesiava a mente e os nervos cansados. Sinceramente, não conseguiria imaginar que alguém nos tomasse por malfeitores potenciais. Entretanto, de lado, conterrâneos ou amigos nossos espreitavam o carro parado com dois homens que não conhecíamos de imediato. O que se seguiu sabem todos. Os homens armados chegaram com vozes altas. Acordei surpreendido e notei, mais com a intuição do que com a lógica, que os recém-chegados eram pessoas inofensivas, tão inofensivas que um deles tocou a arma sem saber manejá-la. O projétil me alcançou sem meio termo e, embora o tumulto que se estabeleceu, guardei a convicção de que o tiro não fora intencional. O olhar ansioso daquele companheiro a desejar socorrer-me, sem qualquer possibilidade para isso, não me enganava”. Esse trecho da carta influenciou a decisão final do julgamento havido em 26 de setembro de 1984, no Fórum de Mandaguari, onde tramitou o processo contra o soldado responsável pelo tiro, já que a mensagem foi incluída como prova documental pela defesa. Detalhando suas percepções do dramático momento, Heitor escreveu: “- Refletimos, pais dedicados e amigos, em nossa querida Evelyn, mas isso foi por um instante rápido. A cabeça pendeu sem força para equilibrar-se nos ombros e os raciocínios se misturaram numa estranha gama de sofrimento e esperança, até que o sono me envolveu de todo. Pai, é preciso muita força, para que a gente se veja assim sem ideias para o controle próprio. Escutava os gritos e as reclamações em derredor, mas tudo se distanciou de mim e fiquei só com a minha sonolência a me mergulhar na inconsciência total. Sonhei que me carregavam para sítio diferente da paisagem de Paranavaí, no entanto estava inabilitado a formular perguntas. “-Seria aquilo a morte?” indagava a mim mesmo. Entretanto, o tempo não me proporcionou qualquer ensejo a novas perquirições e dormi profundamente até que despertei sob as atenções de um amigo que me seguia os movimentos. Depois do assombro natural, vim a saber que estava diante do vovô Heitor, nada mais que isso(..). Recebera o veto do destino”.



Uma simpática ouvinte, que vem nos enviando várias perguntas sobre a Bíblia, pergunta desta vez como o Espiritismo explica o fato de os personagens do Antigo Testamento, Enoque e Elias.não terem morrido, mas terem sido arrebatados com corpo e alma diretamente para o céu.

Segundo a história bíblica, Enoque pertencia à sétima geração depois de Adão, e viveu nada menos que 365 anos. Teve o privilégio de andar ao lado de Deus. No livro Gênesis, lemos que ele foi arrebatado ao céu “para que não experimentasse a morte” e, com certeza, fosse poupado do dilúvio, que aconteceu logo depois. Conclusão: Enoque foi um privilegiado de Deus.

Já Elias, que viveu cerca de 9 séculos antes de Jesus, era um profeta hebreu, defensor ferrenho do culto a Iavé (ou Jeová) contra a adoração do deus Baal. Ele teve o poder de ressuscitar os mortos, de fazer cair do céu uma chuva de fogo e praticou outros muitos milagres, mais do que o próprio Jesus faria séculos depois. Porém, o fato mais milagroso de Elias é o seu próprio arrebatamento aos céus, de corpo e alma, da mesma forma que Enoque.

Evidentemente, quando lemos essas histórias espantosas, precisamos levar em consideração a pobreza cultural daquela época. Não só entre os hebreus, que foram um povo extraordinário em matéria de religião, mas também entre outros povos da antiguidade, esses fatos milagrosos são narrados em seus escritos e serviam de elementos de convicção para ensinar as novas gerações a serem fieis aos seus valores religiosos e tementes da ira divina.

É curioso observar – e muita gente ainda não se deu conta disso – que esses fatos extraordinários são citados com frequência nos textos bíblicos e foram mais extraordinários que os feitos de Jesus, que só veio muitos séculos depois. Segundo a tradição, Jesus precisou morrer para depois subir aos céus, enquanto que Enoque e Elias foram arrebatados no pleno gozo de sua saúde, sem precisarem experimentar a morte.

Na verdade, o Espiritismo não tem por objetivo ferir aqueles que acreditam piamente que os fatos se deram precisamente como estão escritos na Bíblia, mas tem o direito de mostrar que, quase sempre, os escritos antigos retratam mais as crenças da época do que propriamente a realidade dos fatos. Cada um deve tirar as suas próprias conclusões, manter ou não as suas convicções antigas, pois todos somos livres para pensar. Foi para isso que Deus nos deu inteligência e discernimento.

Pois, bem! Tanto o judaísmo como as religiões cristãs tradicionais estão assentadas sobre a história bíblica, a partir da descrição da criação do mundo e do homem. No tempo de Moisés, cerca de 1.300 anos A.C., não há referência à vida depois da morte; a vida, que se conhecia, era esta que estamos vivendo na Terra. A morte era vista como um castigo divino e inspirava horror, enquanto que a recompensa maior era ter uma vida bem longa. Por isso existia, no seio daquele povo, a pena de morte.

Pelo fato de a vida se constituir na grande recompensa é que encontramos referências a personalidades que, como Enoque, alcançavam centenas de anos. Até nos dez mandamentos, recebidos por Moisés no Monte Sinai, Deus prometia vida longa para quem honrasse pai e mãe, mostrando que essa era a maior recompensa que o ser humano poderia ter neste mundo. O fato de Enoque ter sido arrebatado diretamente aos céus significava que Deus o havia premiado para que não tivesse que sofrer os horrores da morte, o mesmo acontecendo com Elias, séculos depois.

No entanto, séculos depois, quando Elias apareceu com Moisés ao lado de Jesus, como se surgisse do nada, sob o espanto de Pedro e Tiago, sua condição era outra. Seguramente, era apenas Elias-Espírito, que ali se materializara diante do mestre. E isso ficou muito claro, pois Jesus se referiu a João Batista como o mesmo Elias que voltara, conforme as profecias anunciaram. João, primo de Jesus, não podia envergar o mesmo corpo de Elias. Ele não podia ser o Elias arrebatado, mas , sim, o Elias reencarnado, pois fora conhecido desde criança.


terça-feira, 29 de outubro de 2024

RELATIVIDADE DA IDEIA DE DEUS ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 - “O Espírito no início de sua fase humana, estupido e bruto, sente a centelha divina em si, pois, adora um Deus, que materializa conforme sua materialidade”, escreveu Allan Kardec em uma de suas ponderadas análises contidas na edição de fevereiro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA. Noutra oportunidade, comentou que “a vida humana é uma escola de aperfeiçoamento espiritual e uma série de provas. Por isso é que o Espírito deve conhecer todas as condições sociais e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina”. Nesse contexto, vão surgindo as religiões, organizações humanas que, apesar de resultarem quase sempre de revelações espirituais, institucionalizam tais pensamentos que geralmente se desvirtuam e desfiguram pela ambição dos receptores e administradores da nossa Dimensão. Num planeta como a Terra, classificado como de Expiação e Provas em mensagem mediúnica assinada pelo Espírito que nas convenções da escola religiosa que serviu é identificado como Santo Agostinho, considerando a condição evolutiva predominante, a reencarnação determina sempre, procriação e alimentação, isto é, necessidades da matéria a satisfazer e, assim, entraves para o Espírito”, submetendo as individualidades a provas comoo poder e a riqueza, como a pobreza e a humildade”, que durante várias vidas sucessivas resultam em expiações conhecidas como dores, idiotismo, demência, etc, pelo mal cometido em vida anterior”. O sentimento e pensamento religioso, vai, portanto, refletindo sempre nossa condição evolutiva. Daí a sua persistência após a chegada ao Mundo Espiritual após a morte. No interessante trabalho intitulado CARTAS DE UMA MORTA (lake,1935),segundo livro com produções psicográficas de Chico Xavier, a entidade Maria João de Deus que, entre outras atividades desenvolvidas em nosso Plano foi mãe do médium em meio aos nove filhos a que deu a luz, revela que “são inúmeras as congregações de Espíritos mais apegados às ilusões da Terra que através de muitas organizações se dedicam à salvaguarda de seus ideais religiosos na primeira esfera existente no orbe terráqueo. A Igreja romana, por exemplo, tem aí conventos, irmandades, que defendem seus pontos de vista, e, assim de facção em facção, pode-se compreender a imensidade da luta dos trabalhadores da Verdade. Nas colônias de antigos remanescentes da África,” - conta ela – “vim conhecer costumes esquisitos, como bailados estranhos, ao som de músicas bizarras que me deram a impressão de fandangos, tão da preferência dos escravos no Brasil”. Décadas depois, em meio ao acervo constituído das milhares de cartas/mensagens psicografadas publicamente em reuniões na cidade de Uberaba (MG), perante público procedente de várias partes do País, ostentando diferentes níveis intelectuais, evidencia-se isso. Na assinada pelo jovem Roberto Muskat, filho de família ligada às tradições do Judaísmo, desencarnado aos 19 anos, pouco tempo após seu retorno ao Plano Espiritual, recordando suas primeiras impressões, relata ter participado no educandário-hospital em que convalescia de cerimonias cultivadas pelos seguidores de sua religião. Outro detalhe importante é que o abrigo se encontra em “Erets Israel, ou Terra do Renascimento, cuja beleza é indescritível”. Já Helio Ossamu Daikura, carinhosamente apelidado Tiaminho, integrante de família de Budistas, desencarnado em acidente de transito aos 5 anos, segundo o Espírito Bezerra de Menezes em bilhete psicografado aos pais, esteve “abrigado em Templo dirigido pelo Reverendo Sinnet, grande missionário do Bem, na revelação Budista”. Já a artista Clara Nunes, desencarnada trinta dias após se submeter a cirurgia considerada simples que lhe impôs o coma e a desencarnação por reação alérgica a anestésico a ela ministrado, relatou em carta psicografada à irmã ter acordado “num barco engalanado de flores, seguido de outras embarcações, nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos. Hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras. Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória. Muito pouco a pouco, me conscientizei e passei da euforia ao pranto da saudade, porque a memória despertava para a vida na retaguarda(...). Os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam. Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim, com paternal bondade, e me convidou a pisar na terra firme”. Como se vê, a natureza realmente não dá saltos. Diante disso, consegue-se entender a ponderação de Allan Kardec segundo a qual, “a facilidade com que certas pessoas aceitam as ideias espíritas; das quais, parece, tem intuição, indica que pertencem ao segundo período”, ou seja, aquele em que o Ser começa a se desprender das preocupações eminentemente sensórias e perseguir as conquistas intelectuais.



Quero pedir uma orientação para o caso de uma amiga. Desde que ela passou a ler livros espíritas e de vez em quando ir ao um centro, está se sentindo melhor da depressão. No começo, seu marido não se importava, mas, agora, ele quer que ela deixe o centro e só frequente sua igreja. Ele passou a frequentar essa igreja faz pouco tempo. Mas ela já foi a essa igreja e não gostou. Ela se queixa de que o marido está insistindo muito nisso e já tiveram várias discussões. Ela tem uma filha quase adolescente, que de vez em quando a acompanha ao Centro.”

Nada acontece por acaso no curso de nossa vida No entanto, devemos pensar que Deus não dá para nós uma carga maior do que a que podemos carregar. Cada Espírito está no cenário que preparou para desempenho de sua tarefa. Por isso, diante de qualquer situação, por mais difícil pareça, precisamos da ajuda dos nossos amigos, tanto quanto da Espiritualidade - sobretudo de nossos protetores – para que nos passem forças morais, evitando-nos quedas de consequências desagradáveis. A situação, que essa senhora nos passou, não é nada fácil. Mas, seguramente, é a sua prova neste momento.

Em Doutrina Espírita aprendemos a usar o bom-senso. Bom-senso é não tomar decisões extremas, levadas apenas pelo calor das emoções. Bom senso é usar a razão dentro dos limites da prudência e da sensatez. Não existe uma resposta simples e categoria para todos os problemas da vida. Muitas vezes nos vemos diante de um dilema como esse, que quer de nós mais do que conhecimento, exige sobretudo amadurecimento, sabedoria. Por outro lado, o Espiritismo não exige fidelidade de ninguém: cada um só deve ser fiel a si mesmo, à sua própria consciência. Se a pessoa está bem com sua consciência, com certeza, está bem com Deus, não importa em que religião ela esteja.

Por isso, em casos assim, em primeiro lugar, nunca devemos tomar uma decisão precipitada, sob pena de nos arrependermos depois. O tempo funciona, muitas vezes, como nosso grande aliado. Já vimos casos tão ou mais complicados, que se resolveram espontaneamente, quando menos se esperava. Mas não devemos fiar apenas e tão somente no tempo. Vamos pensar, raciocinar, pedir inspiração divina, conversar, nos esforçar o bastante, para chegarmos à solução mais adequada e menos prejudicial para todos.

A família é um patrimônio inestimável, sem dúvida. Devemos preservá-la e, para tanto, dar o melhor de nós. Se uma decisão servir para desestruturar a família, é melhor que não a tomemos. Muitas vezes, o sacrifício de hoje representa um grande ganho amanhã. O Espiritismo não pede o sacrifício da família; jamais. Mas também não estimula a acomodação. Devemos lutar sempre pelo que acreditamos seja o melhor, confiando em Deus, sabendo, sobretudo, que a verdadeira salvação não está no rótulo religioso, mas no bem que podemos fazer ao próximo. Lendo e refletindo sobre mensagens espíritas, cara ouvinte, sua amiga com certeza descobrirá o melhor caminho...

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

POSSÍVEL EXPLICAÇÃO PARA O INCOMPREENSÍVEL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Embora o turbilhão de notícias sobre a violência tenha ocultado os fatos, a verdade é que a memória recente de quem se sentiu estarrecido diante dos acontecimentos ainda não apagou a suposta eliminação da própria família por um menino de 13 anos num dos bairros da capital paulista em 2013, ou a daquele outro de 10 anos que em São Caetano do Sul (SP), em 2011, após retornar do banheiro da escola, atirou na professora perante 25 colegas, saiu da sala e, numa escada próxima, suicidou. Como entender que duas criaturas nem bem saídas da infância sejam capazes de ações tão violentas contra pessoas que deveriam no mínimo respeitar? Teria sido a personalidade de sua existência atual tão mal formada a ponto de não revelarem sentimentos ou se perturbarem irracionalmente diante de situações que consideravam injustas e insuportáveis? Perguntas de resposta difícil até pela falta de dados realmente confiáveis do histórico recente dos personagens envolvidos. Admitida a reencarnação como um fato, teria o passado remoto algo a ver com desdobramentos tão surreais? Perpassando um dos volumes da coleção da REVISTA ESPÍRITA publicada por iniciativa e com recursos do próprio Allan Kardec no período 1858/1869, especificamente no numero de dezembro de 1859, encontra-se o Boletim da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas referente à sessão geral de 30 de setembro daquele ano, uma sexta feira. Entre os assuntos que ocuparam a pauta cumprida pelos presentes, informações a respeito de uma notícia veiculada por vários jornais de Paris, sobre o assassínio cometido por um menino de sete anos e meio, com premeditação e todas as circunstâncias agravantes. Segundo comentário de Allan Kardec, o fato provava que nesse menino o instinto assassino inato não pode ser desenvolvido nem pela educação, nem pelo meio em que se encontrava. Considera ele que isto não pode explicar-se senão por um estado anterior à existência atual. Buscou então ouvir o Espírito São Luiz, responsável pelas reuniões levadas a efeito naquele grupo que explicou o seguinte: -“O Espírito do menino está quase no início do período humano; não tem mais que duas encarnações na Terra; antes de sua existência atual pertencia às tribos mais atrasadas de ilhas espalhadas pelo Planeta. Quis nascer num mundo mais adiantado, na esperança de progresso”. A observação suscita uma reflexão interessante: vivia-se o décimo nono século da chamada Era Cristã e, pelo que revela a questão 1019 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS e o 18 da obra A GÊNESE, a Terra passava desde um século e meio antes por um ciclo de ajuste no tocante à população a ela ligada tendo em vista a elevação do orbe terreno na classificação explicada nas análises incluídas no capítulo 3 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Nelas, o Codificador dedica-se a interpretar o HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI, afirmação atribuída a Jesus por João no capítulo XIV, versículo 1, do seu Evangelho, arriscando uma classificação dos Mundos, situando a Terra na categoria dos de Expiações e Provas, aqueles em que o mal predomina pela condição evolutiva dos seres que nela habitam. E no caso do autor do crime, ele não tinha mais que duas encarnações no planeta terreno. Mais à frente, mensagem psicografada por Santo Agostinho afirma que “não são todos os Espíritos encarnados na Terra que se encontram em expiação, constituindo-se as raças que chamamos selvagens de Espíritos apenas saídos da infância, que estão, por assim dizer, educando-se e desenvolvendo-se ao contato de Espíritos mais avançados”. Quanto a esse enfoque num de seus esclarecedores textos, Kardec estabelece interessante comparação lembrando que aquele que renasce em nossa Dimensão em apenas dois dias de existência não tem noção clara da realidade que o cerca, percepção que somente alcançará após mais de uma década de desenvolvimento no corpo a que se ligou na nova reencarnação com que trabalha pelo seu progresso espiritual. Os Espíritos recém elevados à condição humana consomem em tese o mesmo tempo ou número de encarnações para começar a ter consciência de suas responsabilidades perante a Criação. Finalizando a consulta, Allan Kardec perguntou à São Luiz se a educação poderia modificar essa natureza, obtendo a seguinte resposta: -“É difícil, mas possível. Seria preciso tomar grandes precauções, cerca-lo de boas influências, desenvolver a sua razão, mas é de temer que se fizesse exatamente o contrário”.


Esta é uma questão com que sempre deparamos e que todos nós, mais cedo ou mais tarde, teremos que enfrentar. Muitos nos têm perguntado o seguinte: “O que uma pessoa, que já foi desenganada pela medicina e vê a morte se aproximar, pode fazer? O que nós, que somos seus familiares ou seus amigos, podemos fazer por ela? “

Com certeza, o bom senso e o espírito de solidariedade nos convidam a envolvê-la com todo o nosso carinho. Não como uma espécie de compensação pelo fato de ela estar partindo e não ter mais perspectiva para esta vida. Coloquemo-nos no seu lugar. O carinho, de que falamos, é o sentimento tranquilo, sereno, de quem verdadeiramente ama, a fim de que se convença de que sempre foi amada, e se veja amparada pela presença de entes queridos.

O segundo ponto é alimentar sua espiritualidade. Seja ela de que religião for, o importante é que, acreditando em Deus e na continuidade da vida, firme-se na convicção de que a vida na Terra valeu a pena, mas não é sua única oportunidade de viver. Que se cientifique, nesses momentos, que todos vão passar pela mesma situação que ela. Lembrar Jesus, que nos seus últimos momentos, não se entregou ao desânimo ou ao desespero, mas mostrou-se mais confiante para demonstrar, depois, que a vida continua e que o Pai nos ama.

Muitas vezes, o paciente quer dizer alguma coisa, quer revelar algo que o incomoda lá no fundo da consciência, e que nunca confessou a ninguém. Nestas circunstâncias, é de suma importância que ele deposite a confiança em alguém para contar o que vem guardando há tanto tempo e que lhe tem sido causa de angústia. Ódio, mágoa, culpa são sentimentos nocivos, verdadeiros venenos para a alma, que precisam ser trabalhados e, muitas vezes, o são nos últimos momentos da vida, deixando que o Espírito parta mais leve e mais tranquilo.

Os Espíritos Orientadores – como Emmanuel e André Luiz – sempre chamaram a atenção para esse ponto. Muitas vezes, o desconforto dos últimos momentos de vida ou a doença prolongada significam a grande oportunidade de a pessoa se reconciliar consigo mesma e encontrar paz. Falamos do perdão e do auto perdão, ou dessa capacidade de podermos compreender os limites dos outros, tanto quanto nossos próprios limites e necessidades.

Se a morte não significa o rompimento definitivo com aqueles com quem não nos demos bem nesta vida, ela pode ser, por outro lado, a porta pela qual vamos recompor nossos sentimentos para com eles, e pedir a Deus nos dê outra oportunidade para estarmos novamente juntos. Esta condição propiciará a quem parte mais serenidade e paz. Daí a importância dos últimos momentos, que tão bem foram ressaltados pelos estudos e dos trabalhos da Dra. Elizabeth Kübler Ross, que tem várias obra publicadas sobre esse tema, especialmente no livro “MORTE, ETAPA FINAL DA EVOLUÇÃO”.


domingo, 27 de outubro de 2024

ESQUECIMENTO DO PASSADO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A dúvida é bastante comum: - Como pode o homem aproveitar da experiência adquirida em suas anteriores existências, quando não se lembra delas, pois que, desde que lhe falta essa reminiscência, cada existência é para ele qual se fora a primeira; deste modo, está sempre a recomeçar. Suponhamos que cada dia, ao despertar, perdemos a memória de tudo quanto fizemos no dia anterior; quando chegássemos aos 70 anos, não estaríamos mais adiantados do que aos 10; ao passo que recordando as nossas faltas, inaptidões e punições que disso nos provieram, esforçar-nos-emos por evitá-las. Allan Kardec questionado por argumentos semelhantes, com sua costumeira sensatez, explicou: -“Tudo se encadeia no Espiritismo, e, quando se toma o conjunto, vê-se que seus princípios emanam uns dos outros, servindo-se mutuamente de apoio; e, então, o que parecia uma anomalia contrária à justiça e à sabedoria de Deus, se torna natural e vem confirmar essa justiça e essa sabedoria. Tal é o problema do esquecimento do passado, que se prende a outras questões de não menor importância e, por isso, não farei aqui senão tocar levemente o assunto. Se em cada uma de suas existências um véu esconde o passado do Espírito, com isso nada perde ele das suas aquisições, apenas esquece o modo por que as conquistou. Servindo-me ainda da comparação com o aluno, direi que pouco importa saber onde, como, com que professores ele estudou as matérias de uma classe, uma vez que as saiba, quando passa para a classe seguinte. Se os castigos o tornaram laborioso e dócil, que lhe importa saber quando foi castigado por preguiçoso e insubordinado? É assim que, reencarnando, o homem traz por intuição e como ideias inatas, o que adquiriu em ciência e moralidade. Digo em moralidade porque se, no curso de uma existência, ele se melhorou, se soube tirar proveito das lições da experiência, se tornará melhor quando voltar; seu Espírito, amadurecido na escola do sofrimento e do trabalho, terá mais firmeza; longe de ter de recomeçar tudo, ele possui um fundo que vai sempre crescendo e sobre o qual se apoia para fazer maiores conquistas. A objeção relativa ao aniquilamento do pensamento, não tem base mais segura, porque esse olvido só se dá durante a vida corporal; uma vez terminada ela, o Espírito recobra a lembrança do seu passado; então poderá julgar do caminho que seguiu e do que lhe resta ainda fazer; de modo que não há essa solução de continuidade em sua vida espiritual, que é a vida normal do Espírito. Esse esquecimento temporário é um benefício da Providência; a experiência só se adquire, muitas vezes, por provas rudes e terríveis expiações, cuja recordação seria muito penosa e viria aumentar as angústias e tribulações da vida presente. Se os sofrimentos da vida parecem longos, que seria se a eles se juntasse a lembrança do passado? (...) Livre da reminiscência de um passado importuno, viveis com mais liberdade; é para vós um novo ponto de partida; vossas dívidas anteriores estão pagas, cumprindo-vos ter cuidado de não contrair outras. Quantos homens desejariam assim poder, durante a vida, lançar um véu sobre os seus primeiros anos! Quantos, ao chegar ao termo de sua carreira, não têm dito: “Se eu tivesse de recomeçar, não faria mais o que fiz!” Pois bem, o que eles não podem fazer nesta mesma vida, fá-lo-ão em outra; em uma nova existência, seu Espírito trará, em estado de intuição, as boas resoluções que tiver tomado. É assim que se efetua gradualmente o progresso da Humanidade.



Sandro Edevaldo Bueno dos Santos faz o seguinte questionamento: se Deus existe, existe também uma vontade que decide tudo que vai acontecer. Se Deus é perfeito, isso significa que ele já sabe tudo e tudo já está determinado. Logo, estamos diante de um determinismo. Tudo, que acontece conosco, já está determinado? Onde está o nosso livre-arbítrio, então?

O que está determinado, Sandro, são as Leis de Deus – também conhecidas por Leis Naturais. Essas leis não mudam, mas todos nós mudamos, à medida que nossos atos vão se aproximando cada vez mais dessas leis, meta final de nossa perfeição Isso o fazemos através das reencarnações. Também está determinado onde podemos chegar, mas não está determinado o caminho que vamos percorrer até lá, porque isso fica por conta de cada um.

A vida é como uma escola: quando o aluno se matricula numa escola, ele já sabe onde quer chegar. No entanto, ele desconhece como vai ser a sua trajetória, desde a entrada até obter o certificado ao fim do curso. As universidades, hoje, têm esse modelo. Embora cada curso tenha uma duração certa, há alunos, com certeza a maioria, que começam o curso e o concluem dentro do prazo previsto, percorrendo uma linha reta.

Outros, contudo, demoram mais tempo, porque deixaram algumas matérias para trás. Outros, ainda, trancam a matrícula, quando não se julgam em condições de acompanhar o curso, para retornar tempos depois à escola. Todavia, todos têm o mesmo objetivo: o que alguns fazem em pouco tempo, outros demoram bem mais. Cada um tem seu ritmo, sua vontade e suas decisões próprias.

Desse modo, os alunos se sentem atraídos pelo curso e precisam da formação que o curso lhes oferece (e, naturalmente, do diploma), se quiserem ter uma vida melhor. Mas, quanto ao seu desempenho na escola - isso vai depender de seu esforço, de sua dedicação e de sua disposição. Eles são livres para estudar ou não, para prosseguir ou não, para concluir o curso no previsto ou precisar de mais tempo para conclui-lo.

Assim também a vida, Sandro. Deus nos oferece a felicidade, meta principal de nossa existência. A felicidade, que consiste na perfeição de cada um, é uma meta realmente ousada, um verdadeiro desafio, uma luta fascinante e aguerrida - que nos estimula ao esforço e até ao sacrifício, se necessário. Durante o trajeto de muitas encarnações para alcançar esse precioso troféu, somos livres para escolher, para decidir o que e como fazer. Nisso consiste nosso livre-arbítrio.

sábado, 26 de outubro de 2024

PORQUE NÃO PRECISA SER MÉDIUM OSTENTIVO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A maioria dos seres humanos ignora, mas, como explicado e provado pelas pesquisas desenvolvidas por Allan Kardec, “muitas das situações observadas nos comportamentos da criatura humana tem sua fonte na reação incessante que existe entre o Mundo Visível e o Invisível, que nos cerca, e em cujo meio vivemos, isto é, entre os homens e os Espíritos, que não passam de almas dos que viveram e entre os quis há bons e maus. Esta reação é uma das forças, uma das leis da natureza, e produz uma porção de fenômenos psicológicos e morais incompreendidos, porque a causa era desconhecida. O Espiritismo nos deu a conhecer esta lei, e, desde que os efeitos são submetidos a uma lei da natureza, nada tem de sobrenatural. Vivendo no meio desse mundo, que não é tão imaterial quanto o imaginam, uma vez que esses seres, embora invisíveis, tem corpos fluídicos semelhantes aos nossos, nós sentimos sua influência. A dos bons Espíritos é salutar e benéfica; a dos maus é perniciosa como o contato das criaturas perversas na sociedade”. Em artigo com que abre a edição de janeiro de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec esclarece como é possível aos Espíritos desencarnados exercer influência sobre o indivíduo, sem que este tenha consciência disso ou seja médium desenvolvido. Explica ele: - Pela natureza fluídica e expansiva do períspirito (corpo espiritual), Espírito atinge o indivíduo sobre o qual quer agir, rodeia-o, envolve-o, penetra-o e o magnetiza. O homem que vive em meio ao Mundo Invisível está incessantemente submetido a essas influências, do mesmo modo que às da atmosfera que respira. Elas se traduzem por efeitos morais e fisiológicos, dos quais não se dá conta e que, frequentemente, atribui a causas inteiramente contrárias. Essa influência difere, naturalmente, segundo as boas ou más qualidades do Espírito. Se ele for bom e benevolente, a influência será agradável e salutar; é como as carícias de uma terna mãe, que toma o filho nos braços. Se for mau e perverso, será dura, penosa, de ânsia e por vezes perversa: não abraça, constringe. Vivemos num oceano fluídico, incessantemente a braços com correntes contrárias, que atraímos, ou repelimos, e às quais nos abandonamos, conforme nossas qualidades pessoais, mas em cujo meio o homem sempre conserva seu livre arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o caminho. Como se vê, isto é inteiramente independente da faculdade mediúnica, tal qual esta é vulgarmente compreendida. Estando a ação do Mundo Invisível na ordem das coisas naturais, ela se exerce sobre o homem, independentemente de qualquer conhecimento espírita. Estamos a elas submetidos como o estamos à ação da eletricidade atmosférica, mesmo sem saber física, como ficamos doentes, sem conhecer Medicina. Ora, assim como a física nos ensina a causa de certos fenômenos e a Medicina a de certas doenças, o estudo da ciência espírita nos ensina a dos fenômenos devidos às influências ocultas do Mundo Invisível e nos explica o que, sem isto, parecerá inexplicável. A mediunidade é o meio direto de observação. O médium – permitam-nos a comparação – é o instrumento de laboratório pelo qual a ação do Mundo Invisível se traduz de maneira patente. E, pela facilidade oferecida de repetição de experiências, permite-nos estudar o modo e as nuanças desta ação. Destes estudos e observações nasceu a ciência espírita. Todo indivíduo que, desta ou daquela maneira, sofre a influência dos Espíritos, é, por isto mesmo, médium. Por isso mesmo pode dizer-se que todo o mundo é médium. Mas é pela mediunidade efetiva, consciente e facultativa, que se chegou a constatar a existência do Mundo Invisível e, pela diversidade das manifestações obtidas ou provocadas, que foi possível esclarecer a qualidade dos seres que o compõem e o papel que representam na natureza. O médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos. É, pois, uma força nova, uma nova energia, uma nova lei, numa palavra, que nos foi revelada. É realmente inconcebível que a incredulidade repila mesmo a ideia, por isso que esta ideia supõe em nós uma alma, um princípio inteligente que sobrevivem ao corpo. Se se tratasse da descoberta de uma substância material e não inteligente, seria aceita sem dificuldade. Mas uma ação inteligente fora do homem é para eles superstição. Se, da observação dos fatos produzidos pela mediunidade, remontarmos aos fatos gerais, poderemos, pela similitude dos efeitos, concluir pela similitude das causa”.


Nos livros espíritas a gente lê sobre vários desencarnes, mas todos de pessoas adultas. Como seria o desencarne de uma criança, nos seus primeiros anos de vida? (Alzira Evaristo Ferreira, Vera Cruz)

A título de informação para quem ainda não conhece o Espiritismo, devemos dizer que a criança – que enverga esse ar de inocência e pureza, que tanto nos sensibiliza e comove – na verdade, é um Espírito reencarnado, cujo passado não conhecemos. Não sabemos de onde veio e muito menos o que fez ou deixou de fazer na encarnação anterior. Sabemos apenas que não nasceu nesse determinado lar por acaso e que também não é por acaso que está partindo tão cedo. Sabemos, porém, que ela veio para desenvolver e se tornar um Espírito feliz.

O fenômeno mais importante na reencarnação é o esquecimento – ou seja, o fato de, ordinariamente, não termos acesso a qualquer informação a nosso respeito antes desta vida. No entanto, mesmo bebê, mesmo criança e adolescente, o Espírito passa a demonstrar algumas tendências que se manifestam na vida atual. Ainda assim, o Espírito, na condição de criança, rompeu com o passado: é como iniciasse novamente a vida.

Se vier a desencarnar ainda criança, a tendência é seguir o curso da natureza, sem maiores transtornos – quer dizer, desencarnar da forma mais simples possível, protegida pelos instrutores espirituais. Se a criança não traz um bom currículo de encarnação anterior, pelo menos nesta não teve tempo de se comprometer mais, e o que está sofrendo certamente se deve a problemas passados. É claro que, em se tratando de criança, a proteção espiritual é sempre maior, favorecendo seu desprendimento após a cessação da vida orgânica.

No processo da desencarnação, uma criança é tratada como um bebê espiritual, embora, como dissemos, pode se tratar de um Espírito velho. Desse modo é aconselhável, acima de tudo, silêncio e prece, para favorecer o desprendimento. Ela tem algumas vantagens sobre o adulto no momento da desencarnação. Em primeiro lugar, ainda não está tão ligada e tão dependente do corpo. Em segundo lugar está tranquila com sua consciência, sem arrastar consigo pesados sentimentos de culpa, como acontece ao adulto.

Em terceiro lugar, devemos considerar que a criança não se sente apegada ao bens materiais, facilitando assim seu desprendimento. E, por último, devemos levar em conta a proteção especial de que as crianças desfrutam, permitindo a ação dos protetores que vêm ao seu encontro (muitas vezes familiares ou amigos desta ou de outras vidas), principalmente se o fato de desencarnar ainda criança já está nos seus planos evolutivos.

Renata Lucena Nóbrega, uma menina que desencarnou muito cedo, vítima de afogamento numa piscina, enviou um recado a seus pais, por intermédio de Chico Xavier, dizendo entre outras coisas: “Uma senhora se aproximou de mim e falou-me em descanso. Carregou-me com os cuidados semelhantes ao da vovó e conduziu-me à uma casa diferente da nossa. Ali, ela tirou minhas roupas, deu-me um remédio para aliviar o cansaço que eu sentia e, então, sem poder falar como eu desejava, dormi um longo sono... Estou escrevendo quase depressa porque a mão direita da vovó Carolina está sobre a minha mão, auxiliando-me a enviar esta notícia.”

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

O QUE AS ESTATISTICAS NÃO MOSTRAM; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Estudo conduzido pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz através dos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira, no mês de julho de 1965, em Nova Iorque, reproduzido no livro ENTRE IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS (feb) – organizado com mensagens psicografadas por ambos em meio ao roteiro cumprido por eles no Exterior, naquele ano -, revelava que a média de desencarnações por suicídio em dez países, era tão grave e significativamente alta, quanto a do câncer e da arteriosclerose. Quase meio século depois, a Organização Mundial de Saúde (OMS), demonstra que as mortes por suicídio superam atualmente as causadas por guerras e homicídios, são mais elevadas em países do leste da Europa, perfazendo no mundo, um milhão de pessoas por ano. Estima que a cada quarenta segundos uma pessoa morra por suicídio, ocorrendo anualmente, 20 milhões de tentativas, enquadrando o problema como de saúde publica, que se agravando continuamente. Diferentemente da maioria das escolas religiosas e filosóficas, O Espiritismo tem algo importante a dizer sobre o problema. Indagados sobre o desgosto pela vida que se apodera de alguns indivíduos sem motivos plausíveis, responderam: “–Efeito da ociosidade, da falta de fé e geralmente da saciedade. Para aqueles que exercem suas faculdades com um fim útil e segundo suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente”. Acrescentam que “o louco que se mata não sabe o que faz”. A sociedade materialista do final do século 20, em sua maioria alheia e desinteressada, acomodada e indiferente às questões espirituais – não necessariamente religiosas -, expõe-se a outro fator por ela ignorado: a influência perturbadora dos desencarnados oriundos de experiências fracassadas do passado ou invejosos, despeitados e frustrados, para os quais a felicidade do próximo é insuportável. Nesse caso, aqueles que são arrastados para tal prática, imaginando ou não terminar com tudo, experimentam o abandono dos que a influenciaram. Foi o que disse a jovem Renata Zaccaro Queiroz, que, aos 18 anos, atirou-se do oitavo andar do prédio em que residia com os pais, na região dos Jardins, em São Paulo, no dia 5 de setembro de 1979, reaparecendo viva em carta psicografada pelo médium Chico Xavier, seis meses depois em reunião pública em Uberaba (MG). Explica à mãe presente naquela noite/madrugada: “- Ainda não sei que força me tomou naquela quarta-feira. Tive a ideia de que uma ventania me abraçava e me atirava fora pela janela. Certamente de via mobilizar minha vontade e impedir que o absurdo daquele momento me enlouquecesse. Obedecia maquinalmente aquela voz que me ordenava projetar-me no vácuo. Quis recuar, mudar o sentido da situação, não consegui. Nunca imaginaria que tanto sofrimento se seguiria ao meu gesto. Não desejo fugir às responsabilidades e inventar desculpas que não tinham razão de ser. O que sei é que agi na condição de uma rã que uma serpente atraísse”. Noutros pontos de sua carta, Renata tranquiliza a mãe, dizendo: “- Não senti qualquer dor quando meu corpo registrou o impacto do encontro com o piso do prédio. Não me achava em condições de ver ou ouvir. Tudo em mim era um redemoinho qual se tivesse arrancada de casa, assim como a tempestade desloca para longe uma árvore forte com suas próprias raízes” e “estou melhorando, se bem que me veja na posição de alguém com necessidade de socorro ortopédico”. Essa duas observações da mensagem, confirmam revelação da Espiritualidade de que: 1- o suicídio por indução de processos obsessivos, contam com o pronto socorro daqueles que nos acompanham e assistem nos bastidores, interessados no nosso êxito na experiência reencarnatória, o que, é claro, não isenta o praticante das lesões e traumas consequentes da forma a que sucumbiu; 2- O corpo espiritual ou períspirito é tratável na outra Dimensão através de procedimentos – cirúrgicos, ortopédicos até hemodiálises -, muito parecidos com aqueles a que submetemos o corpo físico que utilizamos aqui. De qualquer forma, a pior das constatações daquele que imagina acabar com os sofrimentos, é que, além de não deixar de existir, experimenta de forma contínua as impressões ou sensações derivadas do gesto radical. Finalizando, Kardec pondera no capítulo cinco d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO: “- A calma e a resignação hauridas na maneira de encarar a vida terrestre, e na fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra o suicídio”.



A Antonia Rodrigues, da Rua José Rosário, pediu que comentássemos a passagem, relata por Lucas, quando Jesus afirmou: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos”.

Esta citação evangélica é uma das que Kardec comenta no capítulo de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, que ele denominou “Estranha Moral”. Neste capítulo, Kardec reuniu algumas frases de impacto (por isso, estranhas) atribuídas a Jesus, e que – à primeira vista – deixam a impressão de que ele estaria se contradizendo – ou seja, ele estaria desdizendo aquilo que, até então, havia ensinado.

Vamos fazer, aqui, a citação do texto de Lucas. Enquanto caminhavam, alguém disse a Jesus: “Eu te seguirei aonde fores”. Disse Jesus: “As raposas têm tocas e as aves do céu tem ninhos; mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”. Disse a outro: Segue-me! Ele, porém, disse: Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai. Disse Jesus: Deixa que os mortos enterrem seus próprios mortos. Tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus”. (Evangelho de Lucas, 9: 57,60.

A Doutrina Espírita lê os evangelhos sob a ótica do amor e da razão, que constitui a base dos ensinamentos de Jesus. A partir daí é que vai interpretar toda fala a ele atribuída, e não o contrário. Diante de tudo quanto Jesus ensinou (e todos sabemos que a base de seus ensinos é o amor ao próximo e o amor a Deus), não podemos ficar presos a interpretações de citações isoladas, que nem sabemos se elas realmente expressam o que Jesus disse ou quis dizer.

Por que? Primeiramente, porque esses textos foram escritos muitos anos depois dos fatos que procuram relatar; Lucas, por exemplo, não conheceu Jesus. Em segundo lugar, porque os evangelistas não eram versados em escrever – não eram escritores, muito menos historiadores e, portanto, não se preocupavam o bastante com a precisão das palavras. Em terceiro lugar, porque Jesus falava uma língua e os textos foram elaborados em outra.

Em quarto lugar, porque não existem originais desses textos; na época, eram gravados em pergaminhos (couro de animais); quem se interessasse devia contratar copistas que, muitas vezes, desfiguravam o texto original ( alterando, acrescentando ou intercalando anotações). E, por último, a inúmeras traduções por que já passaram até chegar a nós.

Não é possível que Jesus, com a grandeza de seu amor, estivesse desprezando ou minimizando o sentimento de uma pessoa por seu pai. Evidentemente, enterrar o cadáver de um pai é também um ato de respeito, que sensibiliza qualquer pessoa, quanto mais Jesus!... E por que, então, lhe foi atribuída essa fala. Talvez porque o evangelista quisesse enfatizar ou reforçar o valor do compromisso que o seguidor de Jesus deveria ter para com a propagação de sua doutrina. Do mesmo modo que não pode se atribuir a Jesus a frase que manda odiar o pai e a mãe, também não seria cabível aceitar esta que manda desprezar o cadáver de um familiar querido.

Deixa que os mortos enterrem seus mortos” é uma frase de impacto, uma linguagem figurada que, no fundo, quer dizer que não devemos valorizar mais as coisas materiais que as coisas espirituais. A figura do cadáver, neste caso, serviu para estabelecer o contraste entre o material e o espiritual, entre o morto e o vivo. Se o corpo não tem mais o espírito, qual seria seu valor? No entanto, ela só é adequada se interpretarmos seu sentido essencialmente moral.

As pessoas, que se propunham a seguir Jesus, precisavam ter consciência de que, a partir de então, deveriam assumir uma vida de renúncia, até porque “pregar o evangelho”, ensinar o amor aos inimigos, passava a ser uma missão muito arriscada e até perigosa, uma vez que a doutrina de Jesus se confrontava com idéias e valores que vinham sendo cultivados durante séculos. Logo, Jesus deixava muito claro que segui-lo não era para qualquer um, mas somente para aqueles que estivessem dispostos a deixar de lado os interesses materiais, arriscando, se necessário, a própria vida.

Contudo, isso não quer dizer que Jesus teria se manifestado exatamente como está no texto, com as palavras que lhe foram atribuídas. Aliás, nenhum admirador Jesus chegaria a tanto, Mas o que está no texto foi, sem dúvida, - salvo as possibilidades de ter havido alguma adulteração ao longo do tempo - a melhor forma que os evangelistas encontraram para expressar o sentido que Jesus dava à elevada missão daqueles que pretendiam ser seus verdadeiros apóstolos e que, evidentemente, eram poucos.


quinta-feira, 24 de outubro de 2024

MAIS UMA PROVA ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Existem duas coisas no Espiritismo: a parte experimental das manifestações, e a doutrina filosófica, a primeira se utilizando do médium que fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos e, a segunda, consequente das revelações sobre o primeiro”, podemos concluir de escritos de Allan Kardec em textos por ele elaborados. No tempo em que lhe foi possível, o iniciador das pesquisas sobre essa realidade extraordinária que precede e sucede a nossa, procurou avançar em todas as frentes. Uma das com que pretendia confirmar a existência do Espírito a comandar o corpo físico, foi a comunicação entre os chamados vivos, através da mediunidade cujas descrições e relatos muito interessantes podem ser obtidos na publicação periódica mantida entre os anos 1858/1869 demonstrando, por exemplo, a lucidez do portador de deficiências mentais, bloqueado em sua possibilidade de expressão por restrições meramente fisiológicas. Algumas analisadas a partir de correspondência por ele recebida de outros pesquisadores também empenhados no aprofundamento dos temas espirituais. Na REVISTA ESPÍRITA, edição de janeiro de 1865, encontramos um caso. Trata-se da contribuição de um membro da Sociedade Espírita de Paris, o Sr. Rul reportando experiência levada a efeito em 1862 com um jovem surdo-mudo de doze a treze anos. Segundo ele, desejoso de fazer uma observação, perguntou aos guias protetores se seria possível evocá-lo e, tendo resposta afirmativa, fez o rapaz vir ao seu quarto e instalou-o numa poltrona, com um prato de uvas, que ele se pôs a devorar. Por sua vez, postou-se diante de uma mesa, orou, e, como de hábito fez a evocação. Ao cabo de alguns instantes sua mão estremeceu, escrevendo: -“Eis-me aqui”. Olhou o menino. Estava imóvel, os olhos fechados, calmo, adormecido, com o prato sobre os joelhos. Tinha cessado de comer. Perguntando-lhe onde estava, ouviu que “em vosso quarto, em vossa poltrona”. Indagado sobre a razão de ser surdo mudo de nascença, respondeu ser uma expiação de crimes passados, na condição de parricida. Questionado sobre se sua mãe, a quem amava tão ternamente, não teria sido ou mesmo seu pai, na existência de que falava, o objeto do crime cometido, silenciou, a mão ficou imóvel, vendo, ao olhar para o menino que acabava de despertar, voltando a comer as uvas com apetite. Pedindo aos Guias Espirituais que explicassem o que acabava de acontecer, explicaram: -“Ele deu os ensinamentos que desejavas e Deus não permitiu que te desse outros”. Comentando o material recebido, Allan Kardec pondera: -“Faremos outra observação a respeito. A prova da de identidade resulta do sono provocado pela evocação, e da cessação da escrita no momento de despertar. Quanto ao silêncio guardado na última pergunta, prova a utilidade do véu lançado sobre o passado. Suponhamos que a mãe atual desse menino tenha sido sua vítima em outra existência, e que este tenha querido reparar seus erros pela afeição que lhe testemunha: a mãe não seria dolorosamente afetada se soubesse que seu filho foi seu assassino? Sua afeição por ele não ficaria alterada? Foi-lhe permitido revelar a causa da enfermidade, como assunto de instrução, a fim de nos dar uma prova a mais que as aflições daqui tem uma causa anterior, quando não esteja na vida presente, e que assim tudo é segundo a justiça. Mas o resto era inútil e teria podido chegar aos ouvidos da mãe. Por isto os Espíritos o despertaram, talvez no momento em que ia responder. (...). Deve concluir-se que todos os surdos-mudos tenham sido parricidas? Seria uma consequência absurda, porque a Justiça de Deus não está circunscrita em limites absolutos, como a Justiça humana. Outros exemplos provam que esta enfermidade por vezes resulta do mau uso que o indivíduo tenha feito da faculdade da palavra. Mas perguntarão: a mesma expiação para duas faltas tão diferentes na sua gravidade, é de justiça? Os que assim raciocinam ignoram que a mesma falta oferece infinitos graus de culpabilidade, e que Deus mede a responsabilidade pelas circunstâncias? Aliás, que sabe se esse menino, supondo seu crime sem escusas, não sofreu duro castigo no Mundo dos Espíritos, e se seu arrependimento e seu desejo de reparar não reduziram a expiação terrena a uma simples enfermidade? Admitindo, a título de hipótese, pois o ignoramos, que sua mãe atual tenha sido sua vítima, se não mantivesse com ela a resolução de reparar sua falta pela ternura, é certo que um castigo mais terrível o esperaria, quer no Mundo dos Espíritos quer numa nova existência. A Justiça de Deus jamais falha e, por ser às vezes tardia, nada perde por esperar. Mas Deus, em sua Infinita Bondade, jamais condena de maneira irremissível, e sempre deixa aberta a porta do arrependimento. Se o culpado demora a aproveitá-lo, sofrerá por mais tempo. Assim, dele depende abreviar seus sofrimentos. A duração do castigo é proporcional à duração do endurecimento. É assim que a Justiça de Deus se concilia com sua bondade e seu amor às criaturas”.



Esta foi mais uma questão proposta durante a realização do último Pinga-Fogo, na cidade de Gália no início deste ano. “Como os espíritos desencarnados de culturas diferentes, por exemplo os orientais, se ajustam no Plano Espiritual, segundo o evangelho de Jesus Cristo?”

Relatos trazidos por André Luiz, pela mediunidade de Chico Xavier, mostram que a convivência ou as relações entre os Espíritos no plano espiritual são semelhantes às relações dos homens na Terra. Assim como aqui entre diferentes povos e países, há culturas diferentes, que se revelam através de seus usos, costumes e tradições, elas também se manifestam no mundo dos Espíritos. Kardec deixou bem claro, desde a época da codificação, que os Espíritos desencarnados nada mais são do que os homens e mulheres que viveram na Terra. A morte não muda substancialmente as pessoas, nem no seu caráter e nem tampouco seus valores culturais.

André Luiz deixa claro que os desencarnados, como aqui, costumam se reunir em comunidades que trazem algo em comum, como o idioma, a religião, a arte, as indumentárias e os diversos implementos que fazem parte da cultura de cada povo. Desse modo devem existir comunidades orientais, ocidentais, aborígenes, etc. No entanto, assim como na Terra as culturas, apesar das tradições, continuam evoluindo, principalmente em razão do contato entre os diferentes povos, o mesmo está acontecendo no plano espiritual: os Espíritos de diferentes culturas podem se encontrar e até conviver.

No Brasil, há um século atrás, havia uma separação acentuada entre diferentes comunidades, dependendo de sua origem: afrodescendentes, indígenas, europeus, asiáticos. Temos ainda, em nosso pais, alguns núcleos com traços culturais bastante acentuados, verdadeiros bolsões culturais, como acontece no sul com povos que vieram de várias procedências da Europa. Os contatos que eles acabam tendo com a sociedade, no entanto, vão fazendo com que essas diferenças vão diminuindo e intensificando o processo de miscigenação – ou seja, de cruzamento de tipos humanos e valores culturais.

Com o tempo, a mestiçagem vai ocorrer, cada vez mais intensidade e, todo o mundo, e a tendência da cultura – embora guardando certos traços típicos de cada povo – é se universalizar, fenômeno que estamos constatando hoje em dia. O mesmo se dá no plano espiritual, pois as idéias e os sentimentos vão se universalizando, tendendo à uma espécie de unificação, por mais que certos grupos ainda procurem resistir. Mensageiros da paz e do amor - como Jesus, Buda, Gandhi, Maomé, Lao Tsé – continuam liderando o movimento que deve impulsionar a evolução da humanidade, tanto encarnada quanto desencarnada.

Logo, não é difícil concluir, caro ouvinte, que os princípios morais, que norteiam o evangelho de Jesus, são da mesma ordem daqueles que, nos diferentes povos e ao longo de toda a história, vieram instruindo os homens de todos os lugares e origens, malgrado as diferenças culturais. Entre esses grandes líderes que acabamos de citar, por exemplo, o amor é a base e o objetivo de todo ensinamento, pois todos eles, desde épocas remotas, estão trabalhando pela paz no mundo e pela confraternização universal.

terça-feira, 22 de outubro de 2024

INVERSÕES SEXUAIS - ELEMENTOS PARA REFLEXÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Quando Allan Kardec trata da questão do sexo nos Espíritos nas questões 200 a 202 d’O LIVRO DOS ESPIRITOS, ouve que as inversões na morfologia do corpo humano - ou seja, renascer como homem, outras vezes como mulher - é ocorrência natural e necessária no processo evolutivo. Uma visão nova era oferecida para a análise da situação que intrigou vários estudiosos ao longo do tempo. Quando o Espírito conhecido como André Luiz escreveu a série de livros conhecida como NOSSO LAR, através do médium Chico Xavier, outros ângulos puderam ser apreciados. Vasculhando essas obras, destacamos alguns desses pontos para reflexão: 1- O Espírito reencarna em regime de inversão sexual, como pode renascer em condições transitórias de mutilação ou cegueira. Isso não quer dizer que homossexuais ou intersexos estejam em posição, endereçados ao escândalo ou à viciação, como aleijados e cegos não se encontram na inibição ou na sombra para serem delinquentes. O conceito de normalidade ou anormalidade são relativos. Se a cegueira fosse a condição da maioria dos Espíritos reencarnados na Terra, o homem que pudesse enxergar seria positivamente minoria e exceção. 2- Masculinidade ou feminilidade totais são inexistentes na personalidade humana, do ponto de vista psicológico, visto que homens e mulheres, em Espírito, apresentam certa percentagem de característicos viris ou feminis em cada indivíduo, o que não assegura possibilidades de comportamento íntimo normal para todos, segundo a conceituação de normalidade que a maioria dos homens estabeleceu para o meio social. Ações praticadas contra pessoas do sexo oposto na busca de prazer a qualquer preço impõem além da morte a desorganização mental do causador manifestada através da alienação mental exigindo para seu reequilíbrio muitas vezes pela intervenção os Agentes da Lei Divina, reencarnações compulsórias renascendo em corpo inversos às suas características momentâneas de masculinidades ou feminilidade, para que no corpo inverso, no extremo desconforto íntimo, aprenda a respeitar o semelhante lesado. A inversão também ocorre por iniciativa daqueles que, valendo-se da renúncia construtiva para acelerar o passo no entendimento da vida e do progresso espiritual no intuito de operarem com mais segurança e valor o acrisolamento moral de si mesmos ou na execução de tarefas especializadas, através de estágio perigosos de solidão, em favor do campo social da Terra 3 - Homens e mulheres podem nascer homossexuais ou intersexos, seja como expiação ou em obediência a tarefas específicas –, como são suscetíveis de tomar o veículo físico na condição de mutilados ou inibidos em certos campos de manifestação para melhorar-se e nunca sob a destinação do mal. A Terra, pouco a pouco, renovará princípios e conceitos, diretriz e legislação, em matéria de sexo, sob a inspiração da ciência, que situará o problema das relações sexuais no lugar que lhe é próprio .(sd) 4- É vulgar a fixação do sexo no equipamento genital do homem e da mulher (...) Freud definiu o objetivo do impulso sexual como procura de prazer (...). É indispensável dilatar a definição para arredá-la do campo erótico em que foi circunscrita. Pela energia criadora do amor, a alma, em se aperfeiçoando, busca sempre os prazeres mais nobres. Temos assim, o prazer de ajudar, de descobrir, de purificar, de redimir, de iluminar, de estudar, de aprender, de elevar, de construir e toda uma infinidade de prazeres, condizentes com os mais santificantes estágios do Espírito. Encontramos, desse modo, almas que se amam profundamente, produzindo inestimáveis valores para o engrandecimento do mundo, sem jamais se tocarem umas nas outras, do ponto de vista fisiológico, embora permutem constantemente os raios quintessenciados do amor para a edificação das obras a que se afeiçoam (AR)



Uma ouvinte nos passou a seguinte questão, sem querer identificar-se. “Gostaria que vocês falassem um pouco de “culpa”. Por que a gente tem tanta dificuldade de se livrar de uma culpa? Confesso que já passei por psicoterapias e nada resolveu e, embora eu saiba que já paguei o que devia, porque ainda me sinto culpada?”

Queremos esclarecer que não temos a pretensão de estar com a verdade plena. Por isso, o que dizemos é aqui provém de nosso conhecimento espírita, das próprias experiências de vida e de algumas luzes que ciência psicológica vem nos oferecendo há algum tempo. Logo, as nossas respostas não têm o condão da verdade absoluta, razão pela qual convidamos a ouvinte a refletir conosco e anos questionar, se necessário.

Primeiramente, não sabemos de que você se sente culpada, prezada ouvinte. Mas não é difícil presumir que se trata de algum vínculo em seus círculos de relações, notadamente na família. Logo, a nossa apreciação será de forma generalizada, para você perceber se se trata do problema que você vem enfrentando e, neste caso, se esta reflexão pode ajudá-la a se reconciliar consigo mesma, alcançando, por fim, o que conhecemos como auto perdão.

Partimos do seguinte pressuposto. Numa relação conflituosa entre duas pessoas podem existir o ofensor ou autor do prejuízo de um lado e o ofendido, prejudicado ou vítima, de outro. O ofendido herda a mágoa, que se instala quase que instantaneamente na sua mente. Seja qual for a espécie de dano causado, se o ofendido fica indignado ou revoltado, ele passa a carregar na alma essa carga negativa de aflição, enquanto não perdoar.

Do outro lado, o autor do prejuízo moral não precisa necessariamente se sentir culpado logo após o cometimento da ofensa. Geralmente, o sentimento de culpa vem depois – depois que ele refletiu, analisou e teve condições de se colocar no lugar de sua vítima. Esse processo de culpa, quase sempre, demora – pode ocorrer nos seus últimos momentos de vida e até na vida espiritual. Felizes dos que se sentem culpados desde agora!... Mas quando a culpa se instala na alma a carga de aflição ainda é maior do que a mágoa que acomete a vítima.

No cômputo geral é melhor ser ofendido que ofender, nesse sentido; no sentido de que a culpa tem uma ação mais devastadora que a mágoa. Só existe um remédio para curar a mágoa: o perdão. No entanto, o perdão do magoado pode aliviar, mas não elimina a culpa do ofensor que, muitas vezes, até se sente mal com o perdão, passando a se sentir mais culpado ainda.

Em Doutrina Espírita – conforme está em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, de Allan Kardec – aprendemos que o processo para eliminar a culpa tende a ser mais longo do que o processo que procura eliminar a mágoa. O culpado precisa, em primeiro lugar, arrepender-se. Mas só se arrepender não basta: ele tem necessidade de reparar o mal que causou. De que forma? Cada caso é um caso, mas enquanto ele não sentir que pagou tudo o que devia, não se livrará da acusação implacável de sua própria consciência.

Podemos errar de suas grandes maneiras: fazendo o mal ou deixando de fazer o bem que está ao nosso alcance. Qualquer uma destas situações, mais cedo ou mais tarde, nos levará ao banco dos réus no tribunal de nossa consciência moral. É a ela que devemos prestar contas. Mas não é a Deus? – você perguntaria. Os Espíritos respondem: as Leis de Deus estão em nossa consciência.

Sofrer a condenação da consciência é pior do que sofrer a condenação do ofendido. Às vezes, preferimos que ele nos acuse e nos condene – sem nos perdoar – do que deixar para a nossa consciência moral resolver esse problema. E como nos livrar dele?

Buscando Deus no próprio coração, aprendendo as leis de Deus. E não só isso: redirecionando o próprio caminho, tendo em mãos esses princípios morais que nos ajudam a praticar o bem. Se possível, diretamente àquele a quem prejudicamos. Se não for possível, fazê-lo indiretamente, a outros que precisem de nós. Aqui lembramos da afirmação do apóstolo Paulo: “O amor cobre a multidão de pecados.”

Amar não é apenas e tão somente desejar o bem, amar é sobretudo praticar o bem, mas fazer isso, não por obrigação, mas empregando toda carga de amor possível, para que o amor que trazemos no coração seja dado àqueles que dele precisam. Assim, o exercício do bem ao próximo é o remédio mais eficaz para alcançarmos o auto perdão – isto é, a libertação da culpa que nos corrói por dentro.