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terça-feira, 1 de outubro de 2024

ALLAN KARDEC E OS SERVIÇOS DE CURA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Observa-se na atualidade, especialmente, na área da abrangência da cidade de São Paulo (SP), a eclosão de inúmeros trabalhos focados na cura de doentes de toda espécie. Embora a finalidade precípua do Espiritismo seja despertar a consciência da individualidade que, na verdade, é a verdadeira responsável pela manifestação das enfermidades, as quais funcionam como filtros ou freios para as tendências viciosas do Espírito ainda ignorante quanto à sua razão de existir, o fato é que tais mecanismos de auxílio podem levar a criatura a se aperceber que a vida não se resume ao tempo de permanência nesta Dimensão. Houve algo antes e haverá um depois. Desse modo os esforços nessa área cumprem um papel igualmente importante. Na REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1866, Allan Kardec desenvolve interessante matéria sobre a questão, da qual destacamos alguns pontos para a reflexão de dirigentes, trabalhadores ou mesmo assistidos, para que os processos obsessivos não se constituam na verdade por traz dos “fenômenos” observados: 1- Há uma diferença radical entre os médiuns curadores e os que obtêm prescrições médicas da parte dos Espíritos. Estes em nada diferem dos médiuns escreventes ordinários, a não ser pela especialidade das comunicações. Os primeiros curam só pela ação fluídica, em mais ou menos tempo, às vezes, instantaneamente, sem o emprego de qualquer remédio. O poder curativo está todo, inteiro no fluido depurado a que servem de condutores. 2- A Teoria deste fenômeno foi suficientemente explicada para provar que entra na ordem das Leis Naturais e que nada há de miraculoso. É o produto de uma aptidão especial, tão independente da vontade quanto todas as outras faculdades mediúnicas; não é um talento que se possa adquirir; não se faz um médium curador como se faz um médico. 3- A aptidão para curar é inerente ao médium, mas o exercício da faculdade só tem lugar com o concurso dos Espíritos. De onde se segue que se os Espíritos não querem, ou não querem mais servir-se dele, é como um instrumento sem músico, e nada obtém. Pode, pois, perder instantaneamente a sua faculdade, o que exclui a possibilidade de transformá-la em profissão. 4- Um outro ponto a considerar é que sendo esta faculdade fundada em leis naturais, tem limites traçados pelas mesmas. Compreende-se que a ação fluídica possa dar a sensibilidade a um órgão existente, fazer dissolver e desaparecer um obstáculo ao movimento e à percepção, cicatrizar uma ferida, porque então o fluido se torna um verdadeiro agente terapêutico; mas é evidente que não pode remediar a ausência ou a destruição de um órgão, o que seria um verdadeiro milagre. Há, pois, doenças fundamentalmente incuráveis, e seria ilusão crer que a mediunidade curadora vá livrar a Humanidade de todas as suas enfermidades. 5- Há que levar em conta a variedade de nuanças apresentadas por esta faculdade, que está longe de ser uniforme em todos os que a possuem. Ela se apresenta sob aspectos muito diversos. Em razão do grau de desenvolvimento do poder, a ação é mais ou menos rápida, extensa e ou circunscrita. Tal médium triunfa sobre certas moléstias em certas pessoas e, em dadas circunstâncias e falha completamente em casos aparentemente idênticos. 6- Opera-se neste fenômeno uma verdadeira reação química, análoga à produzida por certos medicamentos. Atuando o fluido como agente terapêutico, sua ação varia conforme as propriedades que recebe das qualidades do fluido pessoal do médium. Ora devido ao temperamento e à constituição deste último, o fluido está impregnado de elementos diversos, que lhe dão propriedades especiais. Daí resulta uma ação diferente, conforme a natureza da desordem orgânica; esta ação pode ser, pois, enérgica, muito poderosa em certos casos e nula em outros. 7- Só a experiência pode dar conhecer a especialidade e a extensão da aptidão; mas, em princípio, pode dizer-se que não há médiuns curadores universais. 8- A mediunidade curadora não vem suplantar a Medicina e os médicos; vem simplesmente provar a estes últimos que há coisas que eles não sabem e os convidar a estuda-las; que a natureza tem leis e recursos que eles ignoram; que o elemento espiritual, que eles desconhecem, não é uma quimera, e que quando o levarem em conta, abrirão novos horizontes à ciência e terão mais êxitos que agora. 9- Há, pois, para o médium curador a necessidade absoluta de se conciliar o concurso dos Espíritos Superiores, se quiser conservar e desenvolver sua faculdade, senão, em vez de crescer ela declina e desaparece pelo afastamento dos bons Espíritos. A primeira condição para isto é trabalhar em sua própria depuração, a fim de não alterar os fluidos salutares que está encarregado de transmitir”.



Gostaria que vocês me explicassem como o Espiritismo vê a questão genética diante da reencarnação. A gente percebe facilmente que os filhos, em geral, herdam várias características dos pais e se parecem com eles, até mesmo em idéias, gestos e atitudes; isso quando não seguem o mesmo caminho dos pais. Se o Espírito não herda características morais dos pais, como é que isso acontece? (Anônima)


De fato, a Doutrina Espírita afirma que o corpo provém do corpo e o Espírito do Espírito. Desse modo, o aspecto físico dos filhos tendem a ser semelhante ao dos pais e, na maioria das vezes, isso acontece. Mas o aspecto espiritual dos filhos não provém do dos pais. Embora se possa verificar alguns traços comuns entre eles. André Luiz., na obra ENTRE A TERRA E O CÉU, trata da reencarnação de Júlio, um menino que desencarnou aos 9 anos e que tem um passado comprometedor. Falando sobre os limites da hereditariedade no processo de reencarnação, ele afirma o seguinte:


A hereditariedade, qual é aceita nos conhecimentos científicos do mundo, tem os seus limites. Filhos e pais, indubitavelmente, ainda mesmo quando se cataloguem distantes uns dos outros, sob o ponto de vista moral, guardam sempre afinidade magnética entre si. Desse modo, os pais fornecem determinados recursos ao Espírito reencarnante, mas esses recursos estão condicionados às necessidades da alma que lhes aproveita a cooperação, porque, no fundo, somos herdeiros de nós mesmos. Assimilamos as energias de nossos pais terrestres, na medida de nossas qualidades boas ou más, para o destino enobrecido ou torturado, a que fazemos jus, pelas nossas conquistas ou débitos que voltam à Terra conosco, emergindo de nossas experiências anteriores”.


O processo reencarnatório não é tão simples. Para começar, é preciso haver certas condições psíquicas que favoreçam a aproximação do futuro filho em relação aos pais. Fisicamente, o pai e a mãe oferecem suas cargas genéticas, que vão se combinar para dar origem ao novo ser. Antes, porém que isso aconteça – ou seja, antes da fecundação – o Espírito reencarnante já está em contato com os pais, principalmente com a mãe, onde começa a haver a troca de recursos psíquicos ou magnéticos entre eles. Durante a concepção, a escolha dos genes ( que vão se combinar para dar origem ao novo ser) não ocorre aleatoriamente, como se pensa. Ela obedece à ação de um campo magnético ou mental criado pelo Espírito, que busca adequar os genes às suas necessidades evolutivas.


No campo da ciência, os mais recentes estudos da Biologia levaram pesquisadores a criar uma área de estudo chamada Epigenética, que vem demonstrando que a carga genética do filho não é pura e simplesmente a combinação das cargas genéticas dos pais. Há alguma coisa a mais. É bem possível que, durante o processo conceptivo, se verifique uma intervenção externa que acaba por alterar certas características dos genes a serem combinados. No livro BIOLOGIA DA CRENÇA , o médico e pesquisador americano, Bruce Lipton, que participou da execução do Projeto Genoma, expõe essa teoria que, na verdade, é a confirmação do que André Luiz já dizia há mais de 50 anos.


É o próprio André Luiz, Espírito que foi médico na Terra, que confirma a grande influencia da hereditariedade em nossa vida, mas ele defende a tese de que essa influência é tanto maior quanto mais inferior é o Espírito. Por exemplo: ela é total nos animais; no entanto, à medida que o Espírito evolui, a ação da genética tende a diminuir no seu processo reencarnatório, por sua própria intervenção. Além do mais, não podemos desconsiderar a influência dos pais nos filhos - o ambiente educativo do lar – onde a proximidade física e a convivência, durante vários anos de contato, criam uma profunda interação entre eles, favorecendo o aprendizado inconsciente de atitudes e comportamentos. Tal situação explica em parte porque as pessoas, que moram numa mesma casa, numa mesma comunidade ou participam de uma mesma cultura, tendem a apresentar reações semelhantes. Daí a importância da educação para o Espírito que, a cada encarnação, deveria aprender boa conduta.



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