Tema sempre polêmico, obteve de Allan Kardec algumas apreciações, expostas no texto com que abre o número de dezembro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA. Destacamos um dos esclarecedores trechos para reflexões: -“A caridade é a alma do Espiritismo: ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes; é porque pode se dizer que não há verdadeiro Espírita sem caridade. Mas a caridade é ainda uma dessas palavras de sentido múltiplo, da qual é necessário bem compreender toda a importância; e se os Espíritos não cessam de pregá- la e de defini-la, é que, provavelmente, reconhecem que isto é ainda necessário. (...). Quantas coisas haveria a se dizer sobre este assunto! Quantas belas instruções nos dão, sem cessar, os Espíritos! (...) Seria fácil demonstrar que, em se colocando do ponto de vista do interesse pessoal, egoísta, querendo-se - porque todos os homens não estão ainda maduros para uma abnegação completa, para fazer o bem unicamente pelo amor ao Bem - seria, digo eu, fácil de demonstrar que têm tudo a ganhar agindo da maneira e tudo a perder agindo de outro modo, mesmo em suas relações sociais; depois, o bem atrai o bem e a proteção dos bons Espíritos; o mal atrai o mal e abre a porta à maldade dos maus. Cedo ou tarde o orgulhoso é castigado pela humilhação, o ambicioso pelas decepções, o egoísta pela ruína de suas esperanças, o hipócrita pela vergonha de ser desmascarado; aquele que abandona os bons Espíritos por eles é abandonado, e, de queda em queda, se vê, enfim, no fundo do abismo, ao passo que os bons Espíritos levantam e sustentam aquele que, em suas maiores provas, não deixa de confiar na Providência e não desvia jamais do caminho reto; aquele, enfim, cujo secretos sentimentos não escondem nenhum pensamento dissimulado de vaidade ou de interesse pessoal. Portanto, de um lado, ganho assegurado; do outro, perda certa; cada um, em virtude de seu livre arbítrio, pode escolher a chance que quer correr, mas não poderá tomar senão de si mesmo as consequências de sua escolha. Crer em um Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na preexistência da alma como única justificativa do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento intelectual e moral; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na felicidade crescente na perfeição; na equitativa remuneração do Bem e do mal, segundo o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expiação limitada à da imperfeição; no livre arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível, na solidariedade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados, considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterno; aceitar corajosamente as provações, tendo em vista o futuro mais invejável do que o presente; praticar a caridade em pensamentos, em palavras e em ações na mais ampla acepção da palavra; se esforçar cada dia para ser melhor do que na véspera, extirpando alguma imperfeição de sua alma; submeter todas as suas crenças ao controle do livre exame e- da razão, e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por irracionais que nos pareçam, e não violentar a consciência de ninguém; ver, enfim, nas diferentes descobertas da ciência a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus: eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião que pode se conciliar com todos os cultos, quer dizer, com todas as maneiras de adorar a Deus.
- Uma mãe nos telefonou domingo passado, contando um sonho que teve com o filho, que já se encontra na espiritualidade faz alguns anos. Na verdade, a morte desse jovem foi um tanto brusca, violenta, em meio a tantos problemas. No sonho, ela teve um contato com o filho que, de início se mostrou rebelde e agressivo, mas depois se rendeu à emoção e dobrou-se diante dela em pranto comovido, dizendo-se arrependido. Um detalhe interessante do sonho é que a mãe dessa ouvinte, avó materna do rapaz, também desencarnada, se fez presente, passando uma sensação de proteção e bem-estar.
Nós sabemos que o canal de comunicação entre mães e filhos, que já se encontram no plano espiritual, é o sonho. Desde O LIVRO DOS ESPÍRITOS, de Allan Kardec, aprendemos que o sono provoca o relaxamento dos elos entre o corpo e o espírito, permitindo aos encarnados essas incursões no plano espiritual em busca daqueles que amam. E embora, as lembranças dos sonhos estejam quase sempre povoadas de figuras simbólicas, que é a linguagem do inconsciente, por outro lado elas revelam experiências de profundo valor espiritual.
Afirmam os Espíritos orientadores, sobretudo André Luiz, com alguns bons exemplos, que durante o repouso noturno as mães costumam ser levadas por Espíritos amigos ou protetores ao contato com os filhos, que lá se encontram nas mais diferentes situações. Todavia, as lembranças que remanescem desses contatos, cuja duração não sabemos precisar, são quase sempre muito imprecisas, deixando apenas e tão somente a sensação íntima de que realmente houve esse encontro.
A relação das mães com os filhos são as mais fortes, por serem também as mais sinceras e as mais profundas. Além disso, dificilmente um filho, que passa para o mundo espiritual com graves problemas, vai dispensar a presença e a assistência de sua mãe em algum momento, esteja ela onde estiver, mesmo encarnada. Por isso, muitas vezes, mesmo nos casos mais delicados em que esses filhos se encontram internados em entidades de assistência do plano espiritual, esse acesso acaba sendo permitido para o alívio de ambos.
No caso que você nos coloca, como a partida desse rapaz se deu de forma inesperada e violenta – certamente, com o envolvimento de espíritos perturbados e perturbadores, tanto encarnados como desencarnados – demorou mais tempo para que ele viesse a ter um contato mais efetivo com sua mãe, que é você. A presença das mães dificilmente deixam de trazer uma sensação de carinho e proteção aos Espíritos, o que faz com que eles, diante dessas situações, voltem-se imediatamente para o passado, revivendo os momentos mais ternos da infância. A comoção, de que foi assaltado naquele momento, pode se referir a um desses momentos.
Por outro lado, a presença de sua mãe ou avó materna de seu filho foi outro ponto importante nesse trabalho de assistência, tudo levando a crer que foi ela quem promoveu esse encontro, com certeza à custa de muito esforço e dedicação. Geralmente, nos relatos de André Luiz as mães e as avós são as mais presentes em situações semelhantes, porque elas também são mães. Dessa forma, seu sonho, cara mãe, foi uma bênção de Deus para o seu reconforto e tranquilidade, uma vez que ninguém como as mães sofrem tanto pelo destino dos filhos.
Continue orando por ele e por você mesma. Muitas vezes, esquecemos de valorizar a nossa oração, simplesmente porque não percebemos seus efeitos a curto prazo. Contudo, o pensamento é trabalho e, quando impregnado de sentimentos puros, torna-se capaz de buscar solução para os mais difíceis e intricados problemas.
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