Questionado sobre o numero sete e sua recorrência no ensino das tradições sagradas do Cristianismo, o Espírito Emmanuel, através de Chico Xavier disse na resposta à pergunta 142 do livro O CONSOLADOR (1940, feb), “uma opinião isolada nos conduzirá a muitas análises nos domínios da chamada numerologia, fugindo ao escopo de nossas cogitações espirituais. Os números, como as vibrações, possuem a sua mística natural, mas, em face de nossos imperativos de educação, temos de convir que todos os números, como todas as vibrações, serão sagrados para nós, quando houvermos santificado o coração para Deus, sendo justo, nesse particular, copiarmos a antiga observação do Cristo sobre o sábado, esclarecendo que os números foram feitos para os homens, porém, os homens não foram criados para os números”. A propósito, Allan Kardec já havia se pronunciado a respeito, em longo artigo incluído na REVISTA ESPÍRITA, edição de julho de 1868, intitulado A CIÊNCIA DA CONCORDÂNCIA DOS NÚMEROS E A FATALIDADE. Dizendo não ter ainda se dedicado mais demoradamente sobre o assunto, reconhecendo existirem casos sugestivos sobre concordâncias singulares e as datas de certos acontecimentos, não ver razão para tal coincidência e que, “porque não se compreende uma coisa, não é motivo para que ela não exista”, visto “o que hoje é utopia, poderá ser verdade amanhã”. Considerando a proporcionalidade da Lei das Probabilidades, em suas considerações finais, acrescenta: “-Tendo o homem o livre arbítrio, em nada entra a fatalidade em suas ações individuais; quanto aos acontecimentos da vida privada, que por vezes parecem atingi-lo fatalmente, tem duas fontes bem distintas: uns são consequência direta de sua conduta na existência presente; muitas pessoas são infelizes, doentes, enfermas por sua falta; muitos acidentes são resultado da imprevidência; ele não pode queixar-se senão de si mesmo e não da fatalidade ou, como se diz, de sua má estrela. Os outros são inteiramente independentes da vida presente e parecem, por isto mesmo, devidos a uma certa fatalidade. Mas, ainda aqui o Espiritismo nos demonstra que essa fatalidade é apenas aparente, e que certas posições penosas da vida tem sua razão de ser na pluralidade das existências. O Espírito as escolheu voluntariamente na erraticidade, antes de sua encarnação, como provações para o seu adiantamento. Elas são, pois, produto do livre arbítrio, e não da fatalidade. Se algumas vezes são impostas, como expiação, por uma vontade superior, é ainda por força das más ações voluntariamente cometidas pelo homem em existência precedente, e não como consequência de uma lei fatal, pois que ele poderia ter evitado, agindo de outro modo. A fatalidade é o freio imposto por uma vontade superior à sua, e mais sábia que ele, em tudo o que não é deixado à sua iniciativa. Mas ela jamais é um entrave no exercício de seu livre arbítrio, no que toca as suas ações pessoais. Ela não pode impor-lhe nem o mal, nem bem; desculpar uma ação má qualquer pela fatalidade ou, como se diz muitas vezes, pelo destino, seria abdicar o julgamento de Deus, que lhe deu, para pesar o pró e o contra, a oportunidade ou inoportunidade, as vantagens e os inconvenientes de cada coisa. Se um acontecimento está no destino de um homem, realizar-se-á a despeito de sua vontade, e será sempre para o seu bem; mas as circunstâncias da realização, dependem do emprego que ele faça de seu livre arbítrio, e muitas vezes ele pode voltar em seu prejuízo o que poderia ser um bem, se agir com imprevidência, e se se deixar arrastar por suas paixões. Ele se engana mais ainda se toma o seu desejo ou os desvios de sua imaginação por seu destino”.
Esta pergunta, que vamos responder agora, vem da cidade de Gália (SP), e diz o seguinte: “ O que acontece com o Espírito quando o corpo é cremado? Não seria melhor que ele fosse sepultado? Será que o Espírito, já desencarnado, pode sofrer os efeitos do fogo?”
Esta é uma dúvida muito comum. Sobre isso, há duas posições radicais: a daqueles que são totalmente contra a cremação e os que se manifestam abertamente a favor. Mas o problema não é tão simples assim. Cada caso é um caso. A cremação de cadáveres é um dos processos mais antigos praticados pelo homem. Em algumas sociedades este costume era considerado corriqueiro e fazia parte do cotidiano da população, por se tratar de uma medida prática e higiênica.
Alguns povos utilizavam a cremação para rituais fúnebres: os gregos, por exemplo, cremavam seus cadáveres por volta de 1.000 A.C. e os romanos, seguindo a mesma lista de tradição, adotaram a prática por volta do ano 750 A.C. Nessas civilizações, como a cremação era considerada um destino nobre aos mortos, o sepultamento era reservado aos criminosos, assassinos, suicidas e aos fulminados por raios (considerada até então uma "maldição" de Júpiter). As crianças falecidas mesmo antes de nascerem os dentes também eram enterradas.
No Japão, a cremação foi adotada com o advento do Budismo, em 552 D.C, importado da China. Como em outras localidades, ela foi aceita primeiramente pela aristocracia e a seguir pelo povo. Incentivados pela falta de lugares para sepultamento, pois o Japão possui pouquíssimo espaço territorial, os japoneses incrementaram significativamente a prática. Em 1867, foi promulgada uma lei que tornava obrigatório incinerar as pessoas mortas por doenças contagiosas para um controle sanitário eficaz e eficiente, bem como para racionalizar e obter melhor uso da terra. Os cidadãos passaram a considerar normal cremar todos os mortos e todas as religiões passaram a recomendá-la.
Na verdade, somos um povo que temos por tradição o sepultamento de cadáveres, diferentemente desses outros povos. O que pesa muito nessa decisão são os valores religiosos. Já, no Espiritismo – que é uma doutrina racional - pensamos primeiramente se o fato de o corpo ser incinerado não traria consequências desagradáveis para o Espírito. Isso realmente pode acontecer, quando o Espírito é dema0siado apegado ao corpo e se recusa a desencarnar.
Mas, como pode acontecer isso? Quem é muito apegado a valores materiais, no sentido de que não admite a idéia de que possa ter de deixar todos os seus bens materiais, evidentemente sofre para desencarnar. É a consequência do apego. Mas não sofre apenas porque terá o corpo cremado (e poderá se apavorar diante dessa perspectiva), mas sofre também porque terá seu corpo enterrado, decomposto ou devorado pelos vermes. Trata-se de uma reação natural a quem não consegue se desligar com facilidade daquilo que acha que lhe pertence. Aliás, o apego sempre é um obstáculo no momento de qualquer separação.
Na verdade, o períspirito – formado de uma matéria muito sútil e, portanto, invulnerável aos agentes físicos, como o fogo - não sofre diretamente seus efeitos. O que pode acontecer, em certos casos, é o Espírito, tendo consciência do que está acontecendo, guardar a impressão de que está sendo queimado, e ficar apavorado. Não se tem notícia, na literatura espírita, de que uma cremação possa ter provocado algum problema mais grave ao espírito. O que se sabe é que o apego demasiado à matéria – seja ao corpo, seja a qualquer outro bem passageiro – sempre será um obstáculo à desencarnação.
Independente disso, o uso da cremação está se generalizando no mundo e, também, no Brasil, considerado como uma medida de higiene pública. Quando a pessoa se sente bem com a idéia de que seu cadáver será cremado e aceita isso com naturalidade, ela deve comunicar à família que prefere a cremação; mas quando isso não acontecer, por cautela, ainda é preferível que se faça uso do sepultamento comum. Todavia, Emmanuel recomenda, no livro “O CONSOLADOR”, que se aguarde 72 horas do óbito para o procedimento da cremação.
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