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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

O GRAVE PROBLEMA DAS INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Naturalmente, a resposta à questão 459 – os Espíritos influenciam em vossos pensamentos e atos muito mais que imaginais e, invariavelmente são eles que vos conduzem -, d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, abriu caminho para diversas reflexões e deduções de Allan Kardec, posteriormente referendadas pela Equipe Espiritual que o assessorava ou confirmadas pelos inúmeros relatos a ele enviados por leitores e correspondentes de várias partes da Europa e Norte da África. Tal revelação possibilita a compreensão de muitos fatos observados ao longo da História da Humanidade. Em 1969, o erudito espírita Wallace Leal Rodrigues assinou o prefácio de obra por ele traduzida do original organizado pela União Espírita da Bélgica intitulada A OBSESSÃO, segundo consta na folha de rosto, empresa em francês com a aprovação do próprio Espírito de Allan Kardec em comunicação datada de seis de setembro de 1950. O livro consiste numa compilação de artigos publicados ao longo de vários anos nos números da REVISTA ESPÍRITA, abordando vários aspectos do fenômeno a que todos estamos expostos. Compulsando-lhe as páginas, recolhemos alguns dados interessantes que reproduziremos a seguir para ampliação do nosso entendimento do problema: 1- O homem que vive em meio ao Mundo Invisível está incessantemente submetido a essas influências, do mesmo modo que às da atmosfera que respira. 2- Essa influências se traduzem por efeitos morais e fisiológicos, dos quais não se dá conta e que, frequentemente, atribui a causas inteiramente contrárias. 3- Essas influências diferem, naturalmente, segundo as boas ou más qualidades do Espírito. Se ele for bom e benevolente, a influência será agradável e salutar; como as carícias de uma terna mãe, que toma o filho nos braços. Se for mau e perverso, será dura, penosa, de ânsia e por vezes perversa: não abraça – constringe. 4- Vivemos num oceano fluídico, incessantemente a braços com correntes contrárias, que atraímos ou repelimos, e às quais nos abandonamos, conforme nossas qualidades pessoais, mas em cujo meio o homem sempre conserva o seu livre arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o caminho. 5- Isto é inteiramente independente da faculdade mediúnica, tal qual esta é vulgarmente compreendida. 6- Estando a ação do Mundo Invisível, na ordem das coisas naturais, ele se exerce sobre o homem, abstração feita de qualquer conhecimento espírita. Estamos a ela submetidos como o estamos à ação da eletricidade atmosférica, mesmo sem saber física, como ficamos doentes, sem conhecer medicina. 7- Assim como a física nos ensina a causa de certos fenômenos e a medicina a de certas doenças, o estudo da ciência espírita nos ensina a dos fenômenos devidos às influências ocultas do Mundo Invisível e nos explica o que, sem isto, perecerá inexplicável. 8- A ação dos maus Espíritos, sobre as criaturas que influenciam, apresenta nuanças de intensidade e duração extremamente vaiadas, conforme o grau de malignidade e de perversidade do Espírito e, também, de acordo com o estado moral da pessoa, que lhe dá acesso mais ou menos fácil. Por vezes, tal ação é temporária e acidental, mais maliciosa e desagradável que perigosa. 9- A mediunidade é o meio direto de observação. O médium – permitam-nos a comparação – é o instrumento de laboratório pelo qual a ação do mundo invisível se traduz de maneira patente. E, pela facilidade oferecida de repetição das experiências, permite-nos estudar o modo e as nuanças desta ação. Destes estudos e observações nasceu a ciência espírita. 10- Todo individuo que, desta ou daquela maneira, sofre a influência dos Espíritos, é, por isto mesmo, médium. Por isso pode dizer-se que todo mundo é médium. Mas, é pela mediunidade efetiva, consciente e facultativa, que se chegou a constatar a existência do Mundo Invisível e, pela diversidade das manifestações obtidas ou provocadas, que foi possível esclarecer a qualidade dos seres que o compõem e o papel que representam na natureza. O médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo Mundo dos infinitamente pequenos”.


Na questão 646 de O Livro dos Espíritos, encontramos o seguinte: "O mérito do bem que se faz está subordinado a certas condições, ou seja, há diferentes graus no mérito do bem? Resposta: “O mérito do bem que se faz está na dificuldade; não há nenhum em fazê-lo sem penas e quando nada custa. Deus leva mais em conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão que o rico que só dá do seu supérfluo. Jesus já o disse, a propósito do óbolo da viúva.” Sobre esta questão, percebo que, em várias pessoas, ainda subsiste uma cultura do sofrimento, talvez resquícios da época em que havia o entendimento da troca de favores com Deus. É como se Deus dissesse: "Dê seu sofrimento que Eu dou o que você quer...". Pagar promessas, a meu ver, se enquadra nesse tipo de raciocínio. Mas já vi isso também dentro do meio espírita. (Giuliana)

Você tem razão quando atribui essa crença de troca favores com Deus a um processo cultural. Quando falamos em “cultura”, estamos nos referindo às crenças que se consolidaram ao longo de séculos e milênios de história, quando nossos conhecimentos sobre as leis da vida eram ainda muito acanhados. Tudo leva a crer que a idéia de Deus e, consequentemente, a própria religião (não estamos falando desta ou daquela religião, mas das religiões em geral) nasceram do sofrimento, das dificuldades e do medo de o homem enfrentar as agruras da natureza e as adversidades da vida.

Assim, não é difícil imaginar que, na infância da humanidade - quando o ser humano lutava para sobreviver em meio às intempéries da natureza – enfrentando tempestades, enchentes, secas e epidemias avassaladoras, ou qualquer outro fator que o ameaçasse - ele interpretava esses fatos como sobrenaturais, como uma forma de que Deus se valia para castigá-lo pela sua desobediência. É por isso que as religiões mais antigas ofereciam tantos sacrifícios às suas divindades. Esses sacrifícios podiam ser oferecimento de vidas, de plantas, de animais e até mesmo de pessoas.

O sacrifício era uma forma de expressar submissão e, portanto, ele se confundia com o sofrimento. Quanto mais o homem sofresse, mais Deus ficava satisfeito e se regozijava com isso. Acreditava-se que os ritos, os cerimoniais de adoração, revestidos de sacrifícios, eram o bastante para aplacar a ira de Deus e demonstrar que Ele continuava a ser venerado por todos. Se o ouvinte quiser se certificar disso, basta ler o 5º livro da Bíblia, o Levítico, e ali vai encontrar inúmeras formas de sacrifício que Jeová exige de seu povo, a forma de obter o perdão divino pelos erros cometidos. Quanto maior o pecado, mais valor material devia ter o objeto do sacrifício.

Foi dessa maneira de conceber Deus que se originaram as atuais penitências e também as promessas, ainda utilizadas no meio religioso. Trata-se, portanto, de uma relação de troca: “dou para que Deus me dê; se eu der isso, Deus me dará aquilo”. Trata-se de uma simples transação de troca de favores, bem própria da idade infantil, quando procuramos mostrar à criança que nada se obtém de graça, que tudo tem seu valor e seu custo. Portanto, não é difícil entender que essa acanhada visão de Deus teve sua razão de ser no passado, na infância da humanidade, quando a mentalidade do homem era bem mais estreita e fantasiosa.

Voltamos, agora, à questão 646 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Quando Kardec pergunta sobre qual é o verdadeiro mérito de se praticar o bem, ele está se referindo ao bem, conforme os ensinamentos de Jesus – ou seja, ao bem real, ao bem que parte do coração, e não ao bem que é só aparência, que é só conveniência ou oportunismo, ou ao que bem esconde segundas intenções. Fazer o bem com segundas intenções – isto é, praticar uma boa ação, visando a um bem próprio maior – pode ser um grande bem para quem o recebe, mas seu valor é menor para quem o pratica.

Em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo 8, sobre o tema “Pecado por Pensamento”, Kardec deixa claro que, no processo evolutivo do Espírito, há um caminho a percorrer em direção ao bem, que cada um faz segundo seu amadurecimento ou seu entendimento sobre a vida. Aquele que faz o mal e se compraz no mal que faz (sem nenhum arrependimento) ainda não aprendeu nada sobre o bem. Aquele que já se esforça para não fazer o mal e é já capaz de praticar algum ato de bondade, embora pensando apenas em si mesmo, já deu um passo significativo em relação ao anterior. Mas aquele que já não é capaz de fazer o mal e consegue fazer o bem, pensando na felicidade de seu irmão, este já atingiu o ápice da escala.

Não é difícil concluir, portanto, que a expressão, utilizada pelos Espíritos, “o mérito do bem está na dificuldade” constitui um dos princípios fundamentais de toda a educação. Quanto mais difícil o salto, maior o mérito do saltador. Esta afirmação pode ser entendida assim: o bem praticado por alguém, que está iniciando seus primeiros passos nesse caminho, é mais significativo para ele do que o daquele que já vem prestando serviços voluntários há muito tempo e que já o faz com muito prazer e sem esforço aparente. O segundo já conquistou o que o primeiro, agora, e com mais sacrifício, está conquistando.

Este é o princípio da evolução. O Espírito, ao longo de sua evolução, passa por diversas fases. Nas primeiras fases, tudo mais difícil, e por isso ele caminha devagar. Mas, à medida que vai se desenvolvendo, conhece também etapas de maior progresso, aumentando seus passos e caminhando cada vez mais depressa. Por outro lado, o sofrimento em si é inerente à compreensão de cada um: dois Espíritos podem percorrer o mesmo caminho e alcançar o mesmo nível de progresso, sendo que um sofreu mais do que outro, por ter complicado sua caminhada. O sofrimento sempre será proporcional à resistência com que cada um se opõe ao bem que pode fazer.


terça-feira, 19 de novembro de 2024

ALLAN KARDEC E OS SERVIÇOS DE CURA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Observa-se na atualidade, especialmente, na área da abrangência da cidade de São Paulo (SP), a eclosão de inúmeros trabalhos focados na cura de doentes de toda espécie. Embora a finalidade precípua do Espiritismo seja despertar a consciência da individualidade que, na verdade, é a verdadeira responsável pela manifestação das enfermidades, as quais funcionam como filtros ou freios para as tendências viciosas do Espírito ainda ignorante quanto à sua razão de existir, o fato é que tais mecanismos de auxílio podem levar a criatura a se aperceber que a vida não se resume ao tempo de permanência nesta Dimensão. Houve algo antes e haverá um depois. Desse modo os esforços nessa área cumprem um papel igualmente importante. Na REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1866, Allan Kardec desenvolve interessante matéria sobre a questão, da qual destacamos alguns pontos para a reflexão de dirigentes, trabalhadores ou mesmo assistidos, para que os processos obsessivos não se constituam na verdade por traz dos “fenômenos” observados: 1- Há uma diferença radical entre os médiuns curadores e os que obtêm prescrições médicas da parte dos Espíritos. Estes em nada diferem dos médiuns escreventes ordinários, a não ser pela especialidade das comunicações. Os primeiros curam só pela ação fluídica, em mais ou menos tempo, às vezes, instantaneamente, sem o emprego de qualquer remédio. O poder curativo está todo, inteiro no fluido depurado a que servem de condutores. 2- A Teoria deste fenômeno foi suficientemente explicada para provar que entra na ordem das Leis Naturais e que nada há de miraculoso. É o produto de uma aptidão especial, tão independente da vontade quanto todas as outras faculdades mediúnicas; não é um talento que se possa adquirir; não se faz um médium curador como se faz um médico. 3- A aptidão para curar é inerente ao médium, mas o exercício da faculdade só tem lugar com o concurso dos Espíritos. De onde se segue que se os Espíritos não querem, ou não querem mais servir-se dele, é como um instrumento sem músico, e nada obtém. Pode, pois, perder instantaneamente a sua faculdade, o que exclui a possibilidade de transformá-la em profissão. 4- Um outro ponto a considerar é que sendo esta faculdade fundada em leis naturais, tem limites traçados pelas mesmas. Compreende-se que a ação fluídica possa dar a sensibilidade a um órgão existente, fazer dissolver e desaparecer um obstáculo ao movimento e à percepção, cicatrizar uma ferida, porque então o fluido se torna um verdadeiro agente terapêutico; mas é evidente que não pode remediar a ausência ou a destruição de um órgão, o que seria um verdadeiro milagre. Há, pois, doenças fundamentalmente incuráveis, e seria ilusão crer que a mediunidade curadora vá livrar a Humanidade de todas as suas enfermidades. 5- Há que levar em conta a variedade de nuanças apresentadas por esta faculdade, que está longe de ser uniforme em todos os que a possuem. Ela se apresenta sob aspectos muito diversos. Em razão do grau de desenvolvimento do poder, a ação é mais ou menos rápida, extensa e ou circunscrita. Tal médium triunfa sobre certas moléstias em certas pessoas e, em dadas circunstâncias e falha completamente em casos aparentemente idênticos. 6- Opera-se neste fenômeno uma verdadeira reação química, análoga à produzida por certos medicamentos. Atuando o fluido como agente terapêutico, sua ação varia conforme as propriedades que recebe das qualidades do fluido pessoal do médium. Ora devido ao temperamento e à constituição deste último, o fluido está impregnado de elementos diversos, que lhe dão propriedades especiais. Daí resulta uma ação diferente, conforme a natureza da desordem orgânica; esta ação pode ser, pois, enérgica, muito poderosa em certos casos e nula em outros. 7- Só a experiência pode dar conhecer a especialidade e a extensão da aptidão; mas, em princípio, pode dizer-se que não há médiuns curadores universais. 8- A mediunidade curadora não vem suplantar a Medicina e os médicos; vem simplesmente provar a estes últimos que há coisas que eles não sabem e os convidar a estuda-las; que a natureza tem leis e recursos que eles ignoram; que o elemento espiritual, que eles desconhecem, não é uma quimera, e que quando o levarem em conta, abrirão novos horizontes à ciência e terão mais êxitos que agora. 9- Há, pois, para o médium curador a necessidade absoluta de se conciliar o concurso dos Espíritos Superiores, se quiser conservar e desenvolver sua faculdade, senão, em vez de crescer ela declina e desaparece pelo afastamento dos bons Espíritos. A primeira condição para isto é trabalhar em sua própria depuração, a fim de não alterar os fluidos salutares que está encarregado de transmitir”.


Um ouvinte, que se reserva no direito de não se identificar - pergunta por que Deus fazia tantos milagres na Bíblia e hoje não faz mais tantos milagres assim. Será porque a humanidade está piorando ou porque as pessoas de hoje não têm a mesma fé das pessoas de antigamente. Se Deus continuasse a fazer grandes milagres, não seria melhor para que as pessoas se convencessem de seu poder e se convertessem?

No primórdios da espécie humana, quando a inteligência despertou no homem, ele quase nada conhecia das leis da natureza, de modo que muitos fatos naturais eram tidos por milagres ou prodígios divinos. Por exemplo, um vulcão que se repente eclodia, um raio que caia do céu, um cometa que despontava no horizonte, um eclipse que transforma o dia em noite. Na própria Bíblia, Noé, quando a chuva passou e a arca desceu, ficou deslumbrado com o arco-íris e o tomou por milagre de Deus.

Assim, tudo o que o homem não conseguia explicar pelos seus parcos conhecimentos era milagre. Neste caso, milagre significava derrogação da lei da natureza, prodígio que só Deus podia fazer. Isso acontecia muito porque, como já dissemos, pouco se conhecia. Mas, à medida que o homem foi desvendando as leis naturais, ele próprio foi percebendo que nenhum fenômeno, por mais estranho que pareça, escapa às leis da natureza.

É por isso que, para o Espiritismo, não existe nada que possa contrariar as leis da natureza; o que existe são fenômenos raros, inabituais que, algumas vezes, a ciência não consegue explicar. Mas não é o fato de não poder explicá-los que eles são sobrenaturais. Assim, podemos chamar de “milagre” todo fato extraordinário, que foge ao habitual, não porque ele foge às leis da natureza, mas porque é ele é extraordinário.

Comentando o assunto, o Emmanuel, numa página que enviou pelo médium Chico Xavier, chama a atenção para o fato de que não percebemos que milagre acontece todos os dias em nossa vida, principalmente dentro de nosso próprio corpo. Acabamos de saber, por exemplo, que três cientistas – um americano e dois norueguês – obtiveram o Prêmio Nobel de Medicina 2014, por uma descoberta notável. Eles descobriram qual o mecanismo que o cérebro usa para detectar um ambiente confuso, uma espécie de GPS ou radar natural.



Para nós, que já acostumamos com o corpo, não existe nada de milagroso no seu funcionamento; no entanto, a ciência, até hoje, não desvendou uma grande parte dos fenômenos que nele acontece todos os dias e em todo momento. Trilhões de células estão trabalhando ininterruptamente, umas morrendo e outras nascendo sem parar, e nossos sentidos, que são os veículos de percepção do ambiente constituem tamanha complexidade fisiológica, que a grande maioria das pessoas desconhece. Isso não é milagre?

Quanto aos fenômenos espirituais, de que você fala, é evidente que deviam acontecer mais no passado do que hoje. Isso em função do tipo de vida que levavam. Como a vida era muito simples, calma e, muitas vezes, monótona, sem os estímulos e a poluição generalizada que temos hoje, tudo convidava as pessoas à contemplação da natureza, ao descanso e à concentração, favorecendo a formação de um ambiente propício aos fenômenos mediúnicos.

Isso não quer dizer que os fenômenos não aconteçam, mas que eles ocorrem de uma forma diferente, com certeza menos perceptível, adequada ao novo estilo de vida e às necessidades do homem moderno. O papel do Espiritismo é justamente o de nos mostrar que somos seres espirituais, que estamos em contato com os desencarnados, mesmo que não o percebamos, e que o fato de não termos essa percepção nos ajuda a agir mais naturalmente para fazer uso nosso livre-arbítrio. 


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

MAIS DE UMA ENCARNAÇÃO ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 O estudo de casos baseados em revelações obtidas através da mediunidade demonstra como é lento o processo de retificação de erros cometidos em vidas passadas, seja em prejuízo próprio ou de Espíritos ligados ao causador do problema pelos laços da consanguinidade ou amizade. Por vezes, mais de uma encarnação, visto que o livre arbítrio é um atributo que se amplia à medida que o Ser vai evoluindo. Pesquisando o assunto, destacamos dois exemplos a seguir: 1- EFEITO - Médico, diretor clínico de hospital especializado em recuperação de viciados, casado, pai de três filhos, dois homens e uma mulher. No primeiro ano de vida conjugal, experimentou um relacionamento marcado por brigas, discussões, crises, insatisfação, em face do ciúme doentio e desconfiança da esposa, o que foi atenuado pelo nascimento do primeiro filho. Logo, nasce o segundo. Mais tarde, numa fase em que esboçava a dissolução do lar, mantendo-o desanimado e abatido psiquicamente, impedindo-o de desempenhar com eficiência seu trabalho, nasce a filha, que passaria a representar o escudo que amorteceria os choques resultantes da perseguição da esposa, as brigas e desentendimentos entre os irmãos, além do comportamento do mais velho que, mimado pela mãe, começava, às escondidas uma vida de desregramentos e orgias. CAUSA - Desventuras atuais começaram duas existências antes, quando levando uma vida nômade, conhece numa vila de pescadores na Noruega, uma órfã com a qual passa a conviver por dois anos, até abandoná-la no Porto de Marselha, já em estado de gestação. Na encarnação seguinte, nos Estados Unidos, em meio a muitas dificuldades, forma-se médico, casando-se com a mesma que lhe fora esposa na vida anterior, tendo iniciadas as torturas após o consórcio, com a cisma exacerbada da mulher abandonada no passado até que ela foge com outro, levando a filha resultante de sua união com ele. Combalido, sentindo-se o maior dos sofredores, envolveu-se no tráfico de entorpecentes, integrando-se de corpo e alma no comércio de tóxicos. Rebelando-se um dia por questões comerciais, foi apunhalado por um dos comparsas, morrendo em consequência dos ferimentos. A esposa de hoje é a mesma de ontem; o primeiro filho, aquele com que a esposa o abandonara na vida pregressa, o segundo, o que o prostrara a punhaladas e a filha, aquela que não conhecera quando abandonou a mãe em Marselha e que havia, na vida seguinte, trabalhado como enfermeira auxiliar no hospital em que clinicara nos Estados Unidos e que o assistiu no momento da morte. 2- EFEITO - Mulher, casada há 5 anos, uma filha de 3 anos e grávida do segundo filho, família acrescida de uma tia muito ligada ao casal. Em meio a gestação, passou a revelar irritabilidade com seu estado, desassossego, alimentando-se pouco e padecendo insônia. Sintomas foram se acentuando a ponto dos médicos cogitarem do aborto. Melhoras no final da gravidez, com as crises recrudescendo após o nascimento da criança, repudiada pela mãe que, ante a presença ou choro do bebê, entrava em acessos de fúria, prantos, risos, alucinações, frases incoerentes, sem sentido. Internada, demonstrava alegria quando o leite era posto fora e, mais à frente, maior contentamento ante a afirmativa de que em poucos dias, o leite desapareceria de todo. Tendo alta, impôs, para sua volta, a condição de só retornar ao lar, se a criança fosse morar com a tia. CAUSA - Reflexo de quatro existências antes, na Inglaterra, onde a mãe de hoje, esposa má, orgulhosa e intimamente insatisfeita por ser casada com homem já de idade, que a impossibilitava de usufruir de vida mais livre alegre. O marido atual, era o mesmo de então, poderoso senhor de ricas terras. A filha com 4 anos presumíveis (a mesma de hoje) entregue aos cuidados de velha aia, viúva, que por sua vez, possuía um filho de 8 anos, menino de cavalariça. Numa bela manhã, um acidente mudaria suas histórias, pois, a criança, escapando da vigilância da aia, caiu num precipício, vindo a falecer. Vendo a filha irreconhecível, a mãe mandou chicotear até a morte a pajem e, o filho, correndo em auxílio da mãe, além de chicoteado, foi expulso das terras, passando a sofrer imensamente, vagando sem rumo, até desencarnar pouco tempo depois. Na encarnação seguinte, na Áustria, a castelã, casou-se com rico proprietário de casas de diversão gozando de todo luxo e conforto. Começou, no entanto, no Palácio em que vivia a dar sinais de desequilíbrio nervoso. Cercada de cuidados médicos e serviçais, sofreu durante muito tempo as então chamadas “crises demoníacas” resultantes da visão do menino das antigas cavalariças, e, mais tarde da sua mãe, a ex-ama. Na terceira encarnação, ressurgem todos na França, para que fossem ressarcidas faltas passadas. Ela, viúva, e a filha. O ex-marido, viúvo, pai do antigo menino das cavalariças.




 Na questão 646 de O Livro dos Espíritos, encontramos o seguinte: "O mérito do bem que se faz está subordinado a certas condições, ou seja, há diferentes graus no mérito do bem? Resposta: “O mérito do bem que se faz está na dificuldade; não há nenhum em fazê-lo sem penas e quando nada custa. Deus leva mais em conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão que o rico que só dá do seu supérfluo. Jesus já o disse, a propósito do óbolo da viúva.” Sobre esta questão, percebo que, em várias pessoas, ainda subsiste uma cultura do sofrimento, talvez resquícios da época em que havia o entendimento da troca de favores com Deus. É como se Deus dissesse: "Dê seu sofrimento que Eu dou o que você quer...". Pagar promessas, a meu ver, se enquadra nesse tipo de raciocínio. Mas já vi isso também dentro do meio espírita. (Giuliana)

Você tem razão quando atribui essa crença de troca favores com Deus a um processo cultural. Quando falamos em “cultura”, estamos nos referindo às crenças que se consolidaram ao longo de séculos e milênios de história, quando nossos conhecimentos sobre as leis da vida eram ainda muito acanhados. Tudo leva a crer que a idéia de Deus e, consequentemente, a própria religião (não estamos falando desta ou daquela religião, mas das religiões em geral) nasceram do sofrimento, das dificuldades e do medo de o homem enfrentar as agruras da natureza e as adversidades da vida.

Assim, não é difícil imaginar que, na infância da humanidade - quando o ser humano lutava para sobreviver em meio às intempéries da natureza – enfrentando tempestades, enchentes, secas e epidemias avassaladoras, ou qualquer outro fator que o ameaçasse - ele interpretava esses fatos como sobrenaturais, como uma forma de que Deus se valia para castigá-lo pela sua desobediência. É por isso que as religiões mais antigas ofereciam tantos sacrifícios às suas divindades. Esses sacrifícios podiam ser oferecimento de vidas, de plantas, de animais e até mesmo de pessoas.

O sacrifício era uma forma de expressar submissão e, portanto, ele se confundia com o sofrimento. Quanto mais o homem sofresse, mais Deus ficava satisfeito e se regozijava com isso. Acreditava-se que os ritos, os cerimoniais de adoração, revestidos de sacrifícios, eram o bastante para aplacar a ira de Deus e demonstrar que Ele continuava a ser venerado por todos. Se o ouvinte quiser se certificar disso, basta ler o 5º livro da Bíblia, o Levítico, e ali vai encontrar inúmeras formas de sacrifício que Jeová exige de seu povo, a forma de obter o perdão divino pelos erros cometidos. Quanto maior o pecado, mais valor material devia ter o objeto do sacrifício.

Foi dessa maneira de conceber Deus que se originaram as atuais penitências e também as promessas, ainda utilizadas no meio religioso. Trata-se, portanto, de uma relação de troca: “dou para que Deus me dê; se eu der isso, Deus me dará aquilo”. Trata-se de uma simples transação de troca de favores, bem própria da idade infantil, quando procuramos mostrar à criança que nada se obtém de graça, que tudo tem seu valor e seu custo. Portanto, não é difícil entender que essa acanhada visão de Deus teve sua razão de ser no passado, na infância da humanidade, quando a mentalidade do homem era bem mais estreita e fantasiosa.

Voltamos, agora, à questão 646 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Quando Kardec pergunta sobre qual é o verdadeiro mérito de se praticar o bem, ele está se referindo ao bem, conforme os ensinamentos de Jesus – ou seja, ao bem real, ao bem que parte do coração, e não ao bem que é só aparência, que é só conveniência ou oportunismo, ou ao que bem esconde segundas intenções. Fazer o bem com segundas intenções – isto é, praticar uma boa ação, visando a um bem próprio maior – pode ser um grande bem para quem o recebe, mas seu valor é menor para quem o pratica.

Em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo 8, sobre o tema “Pecado por Pensamento”, Kardec deixa claro que, no processo evolutivo do Espírito, há um caminho a percorrer em direção ao bem, que cada um faz segundo seu amadurecimento ou seu entendimento sobre a vida. Aquele que faz o mal e se compraz no mal que faz (sem nenhum arrependimento) ainda não aprendeu nada sobre o bem. Aquele que já se esforça para não fazer o mal e é já capaz de praticar algum ato de bondade, embora pensando apenas em si mesmo, já deu um passo significativo em relação ao anterior. Mas aquele que já não é capaz de fazer o mal e consegue fazer o bem, pensando na felicidade de seu irmão, este já atingiu o ápice da escala.

Não é difícil concluir, portanto, que a expressão, utilizada pelos Espíritos, “o mérito do bem está na dificuldade” constitui um dos princípios fundamentais de toda a educação. Quanto mais difícil o salto, maior o mérito do saltador. Esta afirmação pode ser entendida assim: o bem praticado por alguém, que está iniciando seus primeiros passos nesse caminho, é mais significativo para ele do que o daquele que já vem prestando serviços voluntários há muito tempo e que já o faz com muito prazer e sem esforço aparente. O segundo já conquistou o que o primeiro, agora, e com mais sacrifício, está conquistando.

Este é o princípio da evolução. O Espírito, ao longo de sua evolução, passa por diversas fases. Nas primeiras fases, tudo mais difícil, e por isso ele caminha devagar. Mas, à medida que vai se desenvolvendo, conhece também etapas de maior progresso, aumentando seus passos e caminhando cada vez mais depressa. Por outro lado, o sofrimento em si é inerente à compreensão de cada um: dois Espíritos podem percorrer o mesmo caminho e alcançar o mesmo nível de progresso, sendo que um sofreu mais do que outro, por ter complicado sua caminhada. O sofrimento sempre será proporcional à resistência com que cada um se opõe ao bem que pode fazer.



domingo, 17 de novembro de 2024

ENTENDENDO A TURBULENTA CONVULSÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Se tentarmos conversar com uma criança de cinco anos sobre a Teoria da Relatividade será que obteremos sucesso? Se nos dirigirmos a um dos habitantes das diversas comunidades rurais da Papua-Nova Guiné para ouvi-lo sobre planejamento estratégico haveria reciprocidade? Se falássemos para um intolerante radical religioso que há inúmeras evidências confirmando a realidade da reencarnação, teríamos chance de prolongar o entendimento? Uma breve reflexão sobre tais questões resultariam numa óbvia resposta: não! As imagens se associadas a outra criada pelo Espírito Emmanuel através do médium Chico Xavier na mensagem O GRANDE EDUCANDÁRIO no livro ROTEIRO (feb,1952) sobre a Terra ser uma das muitas escolas dedicadas à evolução espiritual abrigando “mais de vinte bilhões de almas conscientes desencarnadas”, permitem-nos entender o que acontece neste momento do Planeta em que vivemos. Na segunda mensagem selecionada por Allan Kardec para compor as Instruções dos Espíritos do Capítulo 3 – Há Muitas Moradas Na Casa de Meu Pai, d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Santo Agostinho traça um perfil dos Mundos de Expiação e de Provas entre os quais se insere ainda a Terra. Diz, entre outras coisas, que “a superioridade da inteligência, num grande número de seus habitantes, indica que ela não é um mundo primitivo, destinado à encarnação de Espíritos ainda mal saídos das mãos do Criador. Suas qualidades inatas são a prova de que já viveram e realizarem certo progresso, mas também os numerosos vícios a que se inclinam são o indício de uma grande imperfeição moral”, estando neste mundo como estrangeiros para expiarem suas faltas através de um trabalho penoso e das misérias da vida, até que se façam merecedores de passar para um mundo feliz”, tendo “vivido em outros mundos, dos quais foram excluídos por sua obstinação no mal, que os tornava causa de perturbação para os bons”. Salienta, porém, que “não são todos os Espíritos encarnados na Terra que se encontram em expiação. As raças que chamais selvagens, constituem-se de Espíritos apenas saídos da infância, e que estão, por assim dizer, educando-se e desenvolvendo-se ao contato de Espíritos mais avançados”. Acrescenta que “vem a seguir as raças semicivilizadas, formadas por esses mesmos Espíritos em progresso, sendo de algum modo, as raças indígenas da Terra, que se desenvolveram pouco a pouco, através de longos períodos seculares, conseguindo algumas atingir a perfeição intelectual dos povos mais esclarecidos”. São Luiz na resposta à última pergunta d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, revela que o momento da “transformação predita para a Humanidade terrena” havia chegado, resultando não só “na remoção dos Espíritos maus mas também dos que tendem a deter a marcha das coisas”. Isto sugere a atuação de um comando a operar essas ações. Nos versículos 3 e 10 do Capítulo 1 do EVANGELHO de João, apresentado Jesus diz “todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” e “estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu”, sugerindo não ser ele apenas mais que o Mestre reconhecido por todos os que estudam sua história. Obras mediúnicas recebidas por Chico Xavier como A CAMINHO DA LUZ de Emmanuel e, BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO assinada por Irmão X, revelam aspectos de planejamentos tecidos na Espiritualidade para encaminhar a evolução dos habitantes da Terra. Especialmente o segundo, prende-se à nova fase ou Ciclo – estimado recentemente pela ciência como de 2160 anos - em que iria começar entrar o planeta nos séculos seguintes. Para se ter uma ideia de como funcionam as coisas nos bastidores da evolução, em interessante questionamento sobre o fenômeno Joana D’Arc, a aldeã de Orleans, na França, que transformou-se em líder militar na vitória francesa sobre a ambição inglesa no século XIV, Chico Xavier explicou que “naquela época, os Espíritos encarregados da evolução do Planeta estavam selecionando os gens que viriam a servir na formação do corpo da plêiade de entidades nobres que reencarnariam para ampliar o desenvolvimento geral da Terra, através do chamado Iluminismo francês. Era preciso cuidado para que os corpos pudessem suportar a dinâmica das inteligências que surgiriam. Se a França fosse invadida, perder-se-ia o trabalho de muitos séculos. Então Joana D’Arc foi convocada para que impedisse a invasão, a fim de que se preservassem as sementes genitais, para a formação de instrumentalidade destinada aos gênios da cultura e do progresso que renasceriam na França, especialmente em se tratando da França do século XIX que preparou, no mundo, a organização da era tecnológica que estamos vivendo no século XX”.

Uma menina americana matou seu instrutor de tiro. Caso chocante de uma garota de apenas 9 anos, que certamente não fez aquilo de propósito e que vai levar esse trauma para o resto da vida. Está claro que os pais dessa menina são culpados, porque não podiam agir dessa maneira, pondo a filha numa escola de tiros. No caso dos pais, entendo que eles erraram e colheram o resultado. Mas, como fica o caso do instrutor e da menina? Será que eles trazem alguma culpa do passado? (Silvia)

Não é possível fazer um julgamento das pessoas, mas podemos falar alguma coisa sobre esse tipo de tragédia que, de vez em quando, aparece nos noticiários. No capítulo 5 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Kardec tece comentários sobre as causas das aflições humanas, e divide essas causas em dois grandes grupos: as causas atuais ( que se referem à presente encarnação, e que são as mais comuns) e as causas anteriores ( que se referem a encarnações pretéritas).

E afirma Kardec que, quando um problema nos acontece, devemos começar examinando as causas atuais, pois é possível que, por esta mesma vida que estamos vivendo agora, encontremos explicação para o nosso sofrimento. Ele até se refere aos problemas de educação, gerados pela inoperância dos pais. Esgotada a busca na vida atual, se o problema não está nesta vida, com certeza, vem de outras encarnações. Contudo, Sílvia, nós podemos acrescentar outro tipo de causa: aquela que resulta tanto do passado quanto do presente.

Por que? – você perguntaria. Porque, quase sempre, não existe uma única causa que explique um único fato, existem um conjunto de causas ou um conjunto de circunstâncias que contribuíram para que o problema aparecesse. No caso em questão – o da menina que acidentalmente matou seu instrutor de tiro – é possível que um conjunto de causas levaram a essa tragédia. Se não, vejamos.

Segundo informações seguras, o Estado do Arizona, onde a tragédia ocorreu, é formado por uma comunidade que sempre foi muito chegada ao uso de armas, haja vista as histórias de bang-bang que os antigos filmes americanos retratavam, onde as pessoas viviam armadas e, por isso mesmo, matavam e morriam com muita facilidade. Logo, aí está um fator que muito influenciou os pais dessa menina a colocá-la numa escola de tiro logo cedo e também a própria escola a aceitá-la como aluna para os treinamentos regulares com uma arma tão perigosa.

Espíritos não reencarnam numa comunidade por acaso. Logo, os Espíritos, em geral, que reencarnam ou residem no Arizona, já têm certa inclinação para o uso de arma de fogo como instrumento de defesa pessoal. Acreditamos que foi nesse sentido que os pais dessa garota a matricularam na referida escola. Se essa proposta de colocá-la tão cedo numa escola de tiros fosse aqui, no Brasil, com certeza, causaria um grande mal-estar, pelo menos para a maioria da população que, felizmente, não acredita na eficácia do uso de armas.

Esta colocação, no entanto, Silvia, não pode isentar os pais de culpa no ocorrido, ainda que no seio de uma comunidade armada, pois, mais do que nós, eles sabem o que representa uma arma nas mãos de uma pessoa inexperiente, ainda mais uma criança. Logo, a culpa desses pais poderia ser atenuada ou diminuída, em termos de consciência moral, mas não afastada definitivamente. Não estamos falando da culpa, do ponto de vista jurídico, mas do ponto de vista moral, pois aprendemos no Espiritismo que o julgamento verdadeiro é o que será feito pela nossa própria consciência.

O acidente em si até poderia ter acontecido com outro aluno de tiro ou com outro instrutor. Acreditamos que fatos semelhantes acontecem de vez em quando. Mas aconteceu justamente com aquela garota e justamente com aquele instrutor. Considerando que esse instrutor é um profissional cauteloso e a menina uma criança de bom comportamento, é possível deduzir que a tragédia estava no caminho deles, mas foi desencadeada pelas circunstâncias do momento.

Logo, não é difícil deduzir que a garota e o instrutor podem ter tido algo em comum, de outras vidas, que se juntaram nesta existência para que o funesto acontecimento ocorresse em prejuízo dos dois: o instrutor que perdeu a vida e a menina que pode carregar esse trauma pela vida afora.


sábado, 16 de novembro de 2024

PORQUE NÃO ? EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Porque todas as mães que choram os filhos mortos e ficariam felizes se se comunicassem com eles, muitas vezes não o podem? Porque a visualização deles lhes é recusada, mesmo em sonhos, a despeito de seu desejo e preces ardentes? Naturalmente são duas perguntas que muitos se fazem diante do entusiasmo daqueles que se surpreendem com o conteúdo de informações e detalhes pessoais constantes das cartas mediúnicas, sobretudo as psicografadas por Chico Xavier. Por sinal, o canal de comunicação objetivamente disponibilizado a partir da identificação e definição da mediunidade pelo Espiritismo, revelou-se um instrumento útil para esse fim, utilizado especialmente por aqueles que, vencidos pela dor da separação, superam as barreiras do preconceito e conceitos nascidos nas escolas religiosas tradicionais ou nas sombras da ignorância. Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA, edição de agosto de 1866, teceu interessantes esclarecimentos sobre os “porquês” das perguntas com que iniciamos essas considerações. Pondera ele: “ -Além da falta de aptidão especial que, como se sabe, não é dada a todos, há, por vezes, outros motivos, cuja utilidade a sabedoria da Providência aprecia melhor que nós. Essas comunicações poderiam ter inconvenientes para as naturezas muito impressionáveis; certas pessoas poderiam delas abusar e a elas se entregar com um excesso prejudicial à saúde. Em semelhante caso, sem dúvida a dor é natural e legítima; mas, algumas vezes, é levada a um ponto desarrazoado. Nas pessoas de caráter fraco muitas vezes essas comunicações reavivam a dor, em vez de a acalmar. Daí porque nem sempre lhes é permitido receber, mesmo por outros médiuns, até que se tenham tornado mais calmas e bastante senhoras de si para dominar a emoção. A falta de resignação, em casos tais, é quase sempre uma causa do retardamento. Depois, é preciso dizer que a impossibilidade de se comunicar com os Espíritos que mais se ama, quando se o pode com outros, é, muitas vezes, uma prova para a fé e a perseverança e, em certos casos, uma punição. Aquele a quem esse favor é recusado deve, pois, dizer-se que sem dúvida a mereceu. Cabe-lhe procurar a causa em si mesmo, e não atribui-la à indiferença ou ao esquecimento do Ser lamentado. Enfim, há temperamentos que, não obstante a força moral, poderiam experimentar o exercício da mediunidade com certos Espíritas, mesmo simpáticos, conforme as circunstâncias. Admiremos em tudo a solicitude da Providência, que vela pelos menores detalhes e saibamos submeter-nos à sua vontade sem murmúrio, porque ela sabe melhor que nós o que nos é útil e providencial. Ela é para nós como um bom pai, que não dá sempre a seu filho o que ele deseja. As mesmas razões ocorrem no que concerne aos sonhos. Os sonhos são as lembranças do que o Espírito viu em estado de desprendimento, durante o sono. Ora, essa lembrança pode ser bloqueada. Mas aquilo de que a gente não se lembra não está, por isto, perdido para a alma. As sensações experimentadas durante as excursões que ela faz no mundo invisível, deixam, ao despertar, impressões vagas e a gente não cita pensamentos e ideias cuja origem, muitas vezes, não se suspeita. Pode, pois, ter-se visto, durante o sono, os seres aos quais se tem afeição, entreter-se com eles e não guardar a lembrança. Então se diz que não se sonhou. Mas se o Ser lamentado não se pode manifestar de uma maneira extensiva qualquer, nem por isso estará menos junto dos que o atraem por seu pensamento. Ele os vê, ouve suas palavras e, muitas vezes, adivinha-se sua presença por uma espécie de intuição, um sentimento íntimo, e, até mesmo por certas impressões físicas. A certeza de que não está no nada; de que não está perdido nas profundezas do espaço, nem nos abismos do inferno; de que é mais feliz, agora isento dos sofrimentos corporais e das tribulações da vida; de que o verão, após uma separação momentânea, mais belo, mais resplendente, sob um envoltório etéreo imperecível, e não sob a pesada carapaça carnal; eis a imensa consolação que recusam os que creem que tudo acaba com a vida; eis o que oferece o Espiritismo”.

A nossa habitual ouvinte do Bairro Mariana, a Luzinete de Lourdes Martins, telefonou domingo passado para dizer que, lendo o livro “AS DORES DA ALMA”, surgiu-lhe a seguinte dúvida: “O que realmente podemos considerar egoísmo e orgulho? Existe um limite de sentimento, a partir do qual podemos dizer por exemplo “isto que estou sentindo é orgulho”, “isto é egoísmo”?, etc.?

Interessante a sua pergunta, Luzinete. Revela que você tem um espírito observador e bastante perspicaz. Deve ser isso o que pretendeu o autor do livro “As DORES DA ALMA”, que é o Espírito Hammed, com psicografia do médium Francisco do Espírito Santo Neto – aliás, uma excelente indicação para quem quiser de se conhecer melhor e analisar a si mesmo à luz do pensamento espírita.

O campo dos sentimentos é, sem dúvida, o mais difícil de se conhecer. Sentimento a gente sente (como o próprio nome já diz), mas saber exatamente o que é ou até que ponto vai, não é fácil. Há uma base indispensável em todos nós, para ter condições de reconhecer e analisar os próprios sentimentos: a honestidade. Primeiramente, precisamos ser absolutamente honestos conosco mesmos. A pessoa, que costuma analisar os próprios sentimentos, procura se conhecer pelos seus impulsos quando diz, por exemplo: “acho que fui muito egoísta exigindo aquilo de fulano”.

Quando ela diz isso é porque já é capaz de se colocar no lugar do outro; ou melhor, numa relação com a outra pessoa, em pensamento ela consegue trocar de lugar com essa pessoa, pensando assim: “ se eu estivesse no lugar de fulano e se ele estivesse no meu lugar, o que eu sentiria?” Neste caso, ela já deu um importante passo para seu amadurecimento e está se esforçando por melhorar-se. Desse modo, podemos deduzir que o egoísmo, tanto quanto o orgulho, começa no ponto que nos machucaria, se estivéssemos no lugar do outro.

Aliás, não há novidade nisso, pois o próprio Jesus deixou claro que o que é amar: amar é fazer ao outro aquilo que gostaria que ele nos fizesse, e não fazer aquilo que não gostaria que nos fizesse. Essa qualidade de saber se colocar no lugar do outro, é conhecida como “empatia”. Logo, quanto mais empatia tem uma pessoa, menos egoísta ela é, quanto menos empatia mais egoísta. Só podemos avaliar nossos sentimentos pelas consequências de nossas ações.

Egoísmo – como o próprio nome está dizendo – é cultivar o próprio “eu” (em latim, a palavra “ego” quer dizer “eu”), e quem cultiva demasiado o próprio eu está constantemente invadindo o direito dos outros, ofendendo, ferindo, prejudicando; pois o egoísta, acima de tudo, pensa apenas em si mesmo, não importando com as necessidades e o sofrimento do próximo. Existem outros termos que têm sentido semelhante, como egocentrismo ( que quer dizer “colocar-se no centro de tudo e de todos”) e egolatria ( adorar-se a si mesmo, idolatrar-se).

O orgulho, no seu sentido negativo, é o sentimento que nos coloca sempre acima das outras pessoas. É quando nos achamos o melhor, o mais importante ou o único. O orgulhoso, no sentido estrito da palavra, quer mostrar só qualidades, não admite defeitos. Pelo contrário, ele vive escondendo os defeitos o tempo todo ( dos outros e de si mesmo) para parecer o que não é; é o fingir-se a si mesmo, vivendo num mundo ilusório, sem querer admitir a própria pequenez ou os próprios fracassos.

Dos sentimentos, o orgulho é um dos que mais nos faz sofrer, pois nos obriga a representar o tempo todo, como se estivéssemos desempenhando um papel num palco. Leva a pessoa a fugir de si mesma, pois, no fundo, ela não se aceita e não quer ser o que realmente é. É um sentimento que acaba atingindo o próximo – e, às vezes, de forma violenta e cruel - pois o orgulhoso tende a querer impor sua grandeza, desprezando, ferindo e prejudicando as pessoas. Do orgulho vêm a prepotência e a arrogância.




sexta-feira, 15 de novembro de 2024

CRISTO - VISÃO AMPLIADA ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Lacordaire, cujo nome completo é Jean Baptiste-Henri Dominique Lacordaire, é autor de mensagens de conteúdo significativo, incluídas por Allan Kardec em várias edições da REVISTA ESPÍRITA e três n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Considerado como um precursor do catolicismo moderno, foi Padre, jornalista, educador, deputado e acadêmico. Advogado aos 22 anos, ordenado Sacerdote aos 26, aos 28 passa a colaborar no jornal diário católico L’AVENIR, periódico que defende a liberdade religiosa e de ensino, defendendo também a separação da Igreja do Estado. Atraído pela Ordem Dominicana suprimida pela Revolução Francesa, Lacordaire assume, em 1830, o projeto de restabelecê-la na França, especialmente pela missão da mesma que era o de pregar e ensinar, bem como pelas regras de funcionamento, visto que todas as autoridades internas dos dominicanos se baseiam em estruturas democraticamente eleitas e com mandatos previamente limitados temporalmente. No mesmo ano, foi eleito, aos 29 de idade, para o parlamento francês, destacando-se pelos discursos inflamados em defesa da liberdade de expressão e de associação, provocando fortes reações entre os adversários. Escolhido para a Academia Francesa, apenas proferiu seu discurso de aceitação, desencarnando pouco depois, em 1861, aos 59 anos. Já no ano de 1862, ressurge em Paris, através da mediunidade, ofertando sua contribuição sobre temas importantes nas obras básicas do nascente Espiritismo. Uma delas curiosamente seria inserida na edição de fevereiro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, numa coletânea com que Kardec compôs a seção Instruções dos Espíritos. Com um conteúdo revelador, Lacordaire diz o seguinte: -“Eis uma pergunta que se repete por toda a parte: O Messias anunciado é a pessoa mesma do Cristo? Perto de Deus estão numerosos Espíritos chegados ao topo da escada dos Espíritos puros, entre eles seus enviados superiores, encarregados de missões especiais. Podeis chama-los Cristos: é a mesma escola; são as mesmas ideias modificadas conforme os tempos. Não fiqueis, pois, admirados de todas as comunicações que vos anunciam a vida de um Espirito poderoso sob o nome do Cristo; é o pensamento de Deus revelado numa certa época, e que é transmitido pelo grupo dos Espíritos Superiores que se aproximam de Deus e recebe as suas emanações para presidir ao futuro dos Mundos que gravitam no Espaço. O que morreu na cruz tinha uma missão a cumprir, e essa missão se renova hoje por outros Espíritos desse grupo divino, que vem, eu vo-lo repito, presidir aos destinos do vosso mundo. Se o Messias de que falam essas comunicações não é a personalidade de Jesus, é o mesmo pensamento. É aquele que Jesus anunciou, quando disse: -‘Eu vos enviarei o Espírito de Verdade, que deve restabelecer todas as coisas’, isto é, reconduzir os homens à sã interpretação de seus ensinamentos, porque previa que os homens se desviariam do caminho que lhes havia traçado. Aliás, era necessário completar o que então não lhes havia dito, porque não teria sido compreendido. Eis porque uma multidão de Espíritos de todas as ordens, sob a direção do Espírito de Verdade, vieram a todas as partes do mundo e a todos os povos, revelar as leis do Mundo Espiritual, cujo ensino Jesus havia adiado e lançar, pelo Espiritismo, os fundamentos da nova ordem social. Quando todas as suas bases estiverem postas, então virá o Messias que deve coroar o edifício e presidir à reorganização com o auxílio dos elementos que tiverem sido preparados. Mas não creiais que esse Messias esteja só; haverá muitos que abraçarão, pela posição que cada um ocupará no Mundo, as grandes partes da ordem social: a politica, a religião, a legislação, a fim de as fazer concordar com o mesmo objetivo. Além dos Messias principais, surgirão Espíritos de escol em todas as partes do detalhe e que, com lugares-tenentes animados da mesma fé e do mesmo desejo, agirão de comum acordo, sob o impulso do pensamento superior. Assim é que, pouco a pouco, estabelecer-se-á a harmonia do conjunto; mas é necessário, previamente, que se realizem certos acontecimentos”.




Maristela Balbino, pede que falemos sobre os efeitos da cólera e da violência.

Tratar desta questão, hoje, Maristela, não traz muita novidade, uma vez que a humanidade, de uma maneira geral, vem cada vez mais se convencendo de que a solução dos problemas humanos não pode permanecer mais no campo dos instintos, mas do respeito humano e do diálogo. No passado da humanidade, quando o homem não tinha inteligência suficiente para entender a lei de causa e efeito, e lutava desesperadamente para garantir a própria sobrevivência, a violência era seu principal instrumento de vida. Hoje, salvo as exceções, a visão é outra. Os próprios países estão a procura de soluções diplomáticas.

Isso não quer dizer que não exista violência no mundo. O quadro mundial ainda é muito preocupante neste sentido. Para o nível de desenvolvimento humano, a violência deveria ser exceção e não regra. Mas isso não acontece sempre. Por que? Por causa do egoísmo que ainda alimentamos. N’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Kardec já afirmava que a violência não é virtude, ao contrário, é sinal de fraqueza ou de quem tem medo de perder a razão. Hoje, o que mais se destaca no ser humano é sua inteligência e sua capacidade de conviver bem com o semelhante, cultivando o respeito e a solidariedade.

Um estudo recentemente publicado em revista científica internacional, relacionou como o comportamento do ser humano, hoje, pode influir na saúde ou na duração da vida das pessoas. Realizado por pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, o trabalho estabelece que homens que estão frequentemente irritados - e que costumam participar de discussões com frequência - são mais propensos a morrer durante a meia idade. Vejam, portanto, que a violência é um fator de doença para quem a pratica, tanto quanto para os que dela são vítimas.

O estudo aponta que os indivíduos que sofrem regularmente de estresse em suas relações com os seus parceiros, filhos, família, amigos ou vizinhos, estão de duas a três vezes mais aptos a morrer mais cedo. Ainda segundo a pesquisa, os homens sofrem grandes riscos pois são afetados de forma mais significativa, já que tendem a não dividir seus problemas com outras pessoas e contam com “redes de apoio” mais fracas do que as mulheres. Então, perguntamos: será este um fator que faz com que, em geral, existem mais viúvas que viúvos? 


quinta-feira, 14 de novembro de 2024

MEDO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Medo de crescer, medo do castigo dos pais, medo do resultado da prova para qual não se estudou, medo do vestibular, medo de viver, medo de morrer, medo da solidão, medo da separação, medo da perda de alguém querido, medo do desemprego, medo, medo, medo... Embora nem sempre verbalizado, sensações como as elencadas, ocorrem na vida da maioria das pessoas. Fatores os mais variados podem ser apontados como determinantes de tais vivencias. Trata-se, naturalmente, de repercussões exteriores dos conflitos interiores que refletem a condição momentânea dos Espíritos em evolução. O problema ultrapassa as barreiras vibratórias que delimitam o chamado Plano Material. Tanto que na obra NOSSO LAR, o médico identificado como André Luiz espanta-se quando a Benfeitora Narcisa fala no capítulo 42, sobre organizar programas com exercícios adequados contra o medo a serem utilizados nas novas escolas de assistência no Auxílio e núcleos de adestramento na Regeneração. O objetivo era o adestramento coletivo de trinta mil trabalhadores adestrados no serviço defensivo da Colônia que contava à época (1939) cerca de um milhão de abrigados. Em comentário específico, Narcisa explicou ser “elevada a porcentagem de existências humanas estranguladas simplesmente pelas vibrações destrutivas do terror, tão contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. Classificamos o medo como dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma, atacando as forças mais profundas”. A preparação urgente de tão grande número de colaboradores para proteger a Colônia devia-se às ameaças decorrentes dos efeitos da grande Guerra que se iniciava em nossa Dimensão, gerando vibrações mento-emocionais de insegurança e intranquilidade dos encarnados e desencarnados atingidos direta ou indiretamente pelas mesmas. O problema do medo também se manifesta entre os que se preparam para voltar para o Plano em que nos encontramos, como revelado na abordagem do caso incluído no livro MISSIONÁRIOS DA LUZ (feb,1945). Vencidas dificuldades operacionais para possibilitar a reencarnação de um personagem apresentado como Segismundo, o mesmo mergulha num clima de medo diante do programa que preparado para que ele se liberasse de comprometimentos assumidos passionalmente num relacionamento afetivo com mulher comprometida um século antes, exigindo a assistência terapêutica do Instrutor Alexandre a fim de não frustrar os planos em andamento. Em outras abordagens André Luiz expõe situações de medo resultante de desequilíbrios causados por processos de influenciação espiritual conhecidos entre os estudiosos da mediunidade como obsessão, causada pela presença e influência de desencarnados ligados a encarnados com eles comprometidos em outras encarnações, o que facilita até certo ponto a ação dissimulada pelo sem fio do pensamento invariavelmente vulnerável pela falta de postura mental mais equilibrada por parte da “vítima”. O Espírito Emmanuel através de Chico Xavier faz apreciações curiosas sobre a origem do medo em nós. Tecendo algumas reflexões sobre a o versículo dez do capítulo dois do APOCALIPSE do Apóstolo João“Nada temas das coisas que hás de padecer” -, diz que o sofrimento de muitos homens, na essência, é muito semelhante ao do menino que perdeu seus brinquedos. Numerosas criaturas sentem-se eminentemente sofredoras, por não lhes ser possível a prática do mal; revoltam-se outras porque Deus não lhes atendeu aos caprichos perniciosos”, concluindo: -“Não temamos, pois, o que possamos vir a sofrer. Deus é o Pai magnânimo e justo. Um pai não distribui padecimentos. Dá corrigendas e toda corrigenda aperfeiçoa”.

A questão, que vamos comentar agora, veio da ouvinte, Ester Rosa Damasceno, e diz o seguinte: “A gente vem notando que os casos de câncer estão crescendo dia a dia. Anos atrás, quase não se falava nessa doença, porque os casos eram mais ou menos raros. Diziam que era genética. Hoje os números assustam e dificilmente alguma família não tem pelo menos um caso. Minha pergunta é a seguinte: será que essa doença não está vindo para despertar as pessoas para Deus e mostram que temos que buscar outro caminho para a humanidade?”

Não temos dúvida, Ester , que tudo que causa desconforto à humanidade, no fundo, é a forma pela qual as Leis de Deus se manifestam para nos orientar no melhor caminho. Segundo a visão espírita, as leis da natureza são perfeitas, de modo que nada – absolutamente nada - acontece por acaso. Tudo tem um sentido. As doenças são produto de um conjunto de causas, tanto causas de ordem pessoal ( ou seja, referente à conduta pessoal - causas do passado e causas atuais), quanto de causas de ordem coletiva. Existem doenças raras – que têm um índice muito pequeno de incidências, e existem doenças que se generalizam, levando preocupações, como é o caso do ebola.

Ao contrário do que se pode pensar, o câncer não é uma doença que surgiu há alguns anos atrás. Não. Ela esteve presente nos primórdios da vida sobre a Terra. As pesquisas demonstram que essa maneira desordenada de reprodução celular ( que chamamos câncer) veio de espécies vivas inferiores há mais um milhão de anos e foi se adaptando a novas formas de vida. Quando ela encontrou campo propício atingiu o ser humano que, de todos os seres vivos é o mais evoluído da Terra e, portanto, o mais complexo - mas também, indiscutivelmente, o mais complicado.

O problema é que nós, seres humanos, por sermos conscientes e donos de nossa vontade – ainda muito arrogantes e egoístas - não dependemos apenas de fatores de fora para adoecer. Na maioria das vezes, os problemas surgem dentro de nós, e podem ter raízes em nossos pensamentos, em nossos sentimentos e, por fim, em nossos atos do dia a dia . Quando pautamos por um tipo de comportamento inadequado, prejudicial, nocivo, acionamos mecanismos mentais que repercutem desfavoravelmente na harmonia orgânica, permitindo o desenvolvimento de determinados processos doentios, inclusive o câncer.

Portanto, sem penetrar mais fundo na questão ( que exigiria um exame mais apurado de especialistas), podemos afirmar que, de um modo geral, o câncer faz parte de um processo evolutivo do corpo ao longo dos milênios; em segundo lugar, ele também depende de nossos pensamentos e hábitos, de problemas não resolvidos desta ou de outras encarnações, principalmente ódio, mágoas e culpas; e, por fim, do estilo de vida que a sociedade moderna vai adotando, incluindo alimentação, sedentarismo, drogas, tipos de atividade, exposições ao perigo.

Evidentemente, Ester, não temos uma resposta pronta e acabada para tudo, mas sentimos ( pelo que a Doutrina Espírita nos ensina) que a problemática da saúde humana é muito ampla e muito complexa, embora suas bases estejam na falta de uma educação adequada às nossas reais necessidades de evolução. Quando estivermos mais conscientes de nosso valor como espíritos imortais e de nosso papel na Terra, sabendo conviver bem com aqueles que nos cercam, certamente saberemos utilizar nosso corpo sem agredi-lo, ajustando-o às suas reais necessidades, cuidando para que nossos atos do dia a dia estejam em consonância com a nossa consciência e com as leis de Deus.


quarta-feira, 13 de novembro de 2024

SEXTO SENTIDO - O SENTIDO ESPIRITUAL ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Três anos após suas interessantes reflexões sobre o sexto sentido presente nas criaturas humanas ser o sentido espiritual, Allan Kardec voltaria ao assunto na edição de julho de 1867 da REVISTA ESPÍRITA. Atendia a questionamento de um médico chamado Charles Grégory, fervoroso adepto do Espiritismo que também oferecia sua opinião sobre artigo do editor da publicação incluído na edição de março passado intitulado A Homeopatia Nas Moléstias Morais. Grégory questionava Allan Kardec sobre intrigante informação do Espírito Erasto em comunicação mediúnica, afirmando ter o homem mais dois sentidos além dos cinco conhecidos (audição, visão, paladar, olfato e tato), chamando-os de sentido sonambúlico e o sentido mediúnico. O médico observa que “estes dois últimos não existem senão por exceção, bastante desenvolvidos nalgumas naturezas privilegiadas, caso existam em todo homem em estado rudimentar, acrescentando que, por convicção adquirida por várias observações e por uma experiência bastante longa dos poderes homeopáticos, as duas admiráveis faculdades poderiam se desenvolver através do uso de alguns medicamentos bem escolhidos, tomados por longo tempo”. Opina Kardec: -“Seria erro considerar o sonambulismo e a mediunidade como o produto de dois sentidos diferentes, por isso que não passam de dois efeitos resultantes de uma mesma causa. Essa dupla faculdade é um dos atributos da alma e tem por órgão o períspirito, cuja radiação transporta a percepção além dos limites da ação e dos sentidos materiais. A bem dizer é o sexto sentido, que é designado sob o nome de sentido espiritual. O sonambulismo e a mediunidade são duas variedades da atividade desse sentido que, como se sabe, apresentam inúmeras nuanças e constituem aptidões especiais. Fora destas duas faculdades, mais admiráveis porque mais aparentes, seria erro crer que o sentido espiritual não exista senão em estado rudimentar. Como os outros sentidos, é mais ou menos desenvolvido, mais ou menos sutil, conforme os indivíduos, mas todo o mundo o possui, e não é o que presta menos serviços, pela natureza todas especial das percepções das quais é a fonte. Longe de ser a regra, sua atrofia é a exceção, e pode ser considerada como uma enfermidade, assim como a ausência da vista e da audição. É por este sentido que recebemos os eflúvios fluídicos dos Espíritos, que nos inspiramos – independente da nossa vontade, em seus pressentimentos e a intuição das coisas futuras ou ausentes, que se exercem a fascinação, a ação magnética inconsciente e involuntária, a penetração dos pensamentos, etc. Essas percepções são dadas ao homem pela Providencia, assim como a visão, o olfato, a audição, o paladar e o tato, para a sua conservação. São fenômenos muito comuns, que ele apenas nota pelo hábito que tem de os experimentar, e dos quais se deu conta até hoje, devido à sua ignorância das leis do princípio espiritual, da própria negação, nalguns, da existência deste princípio. Mas, que quer que leve sua atenção para os efeitos que acabamos de citar, e sobre muitos outros da mesma natureza, reconhecerá quanto eles são frequentes e como são completamente independentes das sensações percebidas pelos órgãos do corpo. A vista espiritual (vidência), vulgarmente chamada dupla vista ou segunda vista, é um fenômeno menos raro que se pensa; muitas pessoas tem esta faculdade sem o suspeitar; apenas é mais ou menos acentuada, e é fácil certificar-se que ela é estranha aos órgãos da visão, pois que se exerce sem o concurso destes órgãos e mesmo os cegos a possuem. Existe em certas pessoas no mais perfeito estado normal, sem o menor traço aparente de sono nem de estado extático. Conhecemos em Paris uma senhora na qual ela é permanente, e, tão natural quanto a visão comum; ela vê sem esforço e sem concentração o caráter, os hábitos, os antecedentes de quem quer que aproxime; descreve as doenças e prescreve tratamentos eficazes com mais facilidade que muitos sonâmbulos comuns; basta pensar em uma pessoa ausente para que a veja e a designe. Um dia, estávamos na casa dela, e vimos passar na rua alguém com quem temos relações, e que ela jamais tinha visto. Sem ser provocada por qualquer pergunta, fez-lhe o mais exato retrato moral e nos deu a seu respeito conselhos muito prudentes. Entretanto essa senhora não é sonâmbula: fala do que vê, como falaria de qualquer outra coisa, sem se perturbar nas suas ocupações. É médium? Ela mesma nada sabe a respeito, porque até a pouco nem mesmo conhecia de nome o Espiritismo. Assim, nela essa faculdade é tão natural e tão espontânea quanto possível. Como percebe ela senão pelo sentido espiritual?”.



A Bíblia conta que os homens estavam construindo uma torre para chegar ao céu e, quando estavam quase chegando, Deus fez com que cada homem falasse uma língua diferente. Desse modo eles não puderam mais se entender e a torre ficou sem terminar. Isso tem algum fundamento para explicar porque existem tantas línguas no mundo? (Alzira Evaristo Ferreira , Vera Cruz).

Os povos primitivos ( isto é, os que viveram antes da civilização ou antes da escrita), tanto quanto os povos da antiguidade (já chamados civilizados, dos quais os hebreus faziam parte), precisavam buscar explicação para a vida, para o mundo, para todas as coisas e fatos. Não havia ciência na época e tudo quanto se podia aprender vinha da crendice ou do imaginário do povo, depois incorporado às religiões. O importante é que devia haver explicação que satisfizesse a todos.

Histórias como esta que você nos traz, Alzira - a chamada Torre de Babel - que encontramos no primeiro livro da Bíblia, passavam de boca em boca, de geração para geração, ultrapassavam as fronteiras e ganhavam o mundo. Eram formas bastante simples que, com imaginação e fantasia, explicavam as desigualdades dos grupos humanos, embora, hoje, nos pareçam ingênuas ou infantis. Eram os mitos ou lendas que, embora, não fossem realidade, acabavam transmitindo às gerações profundos ensinamentos morais.

O que vemos no texto do Gênese, quando relata o conhecido episódio da Torre de Babel, é um esforço da época para explicar por que existem tantos idiomas e tantos povos diferentes no mundo, já que o fato de existirem diferentes línguas se constituída num grande problema de comunicação entre os povos. Logo, entendia-se que isso decorria de uma maldição com que Deus decidiu impedir que o homem chegasse ao céu, ou seja, se igualasse a ele. Naquela época, acreditava-se que a Terra era plana e que essa abóbada azul durante o dia e negra durante a noite, que a encobre, era o céu ou morada de Deus.

E mais ainda, concebia-se que o ser humano devia manter-se na ignorância (quanto mais ignorante melhor) para que Deus conseguisse manter seu poder e seu domínio sobre ele, dirigindo todas as coisas. Uma pessoa que se dedicasse ao estudo da natureza, portanto, era considerada um profanador, que pretendia desvendar os segredos divinos, o que não era admissível para a religião. Logo, o embargo da construção da Torre de Babel simplesmente queria mostrar a providência, que Deus tomou, para deter o homem na sua caminhada ao conhecimento. Infelizmente, ainda hoje, há quem condene a ciência.

É claro que essa história de Babel atendia à infância da humanidade. A ciência, porém, através da Etnologia e da Linguística, vem mostrar que as línguas ou idiomas, tanto quanto as culturas de cada povo, vieram se formando gradualmente, ao longo de milhões dos anos, por um processo de busca natural da melhor forma de comunicação. Hoje, devemos ter mais de 7 mil línguas no mundo, cada uma delas resultado de um processo lento e trabalhoso, devido a fatores culturais, e que teve origem nas primeiras e mais rudimentares manifestações de linguagem, quando os seres humanos começaram a criar as primeiras palavras.