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segunda-feira, 11 de novembro de 2024

A NATUREZA NÃO DÁ SALTOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

A pessoa indiferente às questões espirituais ou mesmo a que se diz descrente de tudo dentro do ateísmo em que vive, em nossa Dimensão, ao adentrar o Mundo Espiritual reconhece o engano a que se prendeu? As informações resultantes das manifestações dos Espíritos desencarnados demonstra que não. No número de maio de 1863, a REVISTA ESPÍRITA na seção Questões e Problemas, Allan Kardec esclarece duvidas sobre manifestações havidas na Sociedade Espírita de Paris, na reunião de 27 de março de 1863, justamente propondo à Espiritualidade as seguintes perguntas: Como podem os Espíritos ser incrédulos? O meio em que se acham não é, para eles, a negação da incredulidade? Explica o dirigente da reunião: - Pedimos aos Espíritos que quiserem comunicar-se, que tratem dessa questão, caso julguem conveniente. Através do médium Sr. d’Ambel, obtiveram a seguinte resposta: -. A explicação que me pedis não está escrita minuciosamente em vossas obras? Perguntais por que os Espíritos incrédulos ficaram comovidos. Mas vós mesmos não tendes dito que os Espíritos que se acham na erraticidade aí haviam entrado com suas aptidões, conhecimentos e maneira de ver passados? Meu Deus! Sou ainda muito incipiente para resolver a contento as questões espinhosas da doutrina. Não obstante posso, por experiência, a bem dizer recentemente adquirida, responder às questões de fatos. No mundo em que habitais, acreditava-se geralmente que a morte vem de repente modificar a opinião dos que se foram e que a venda da incredulidade é violentamente arrancada aos que na Terra negavam Deus. Aí está o erro, porque, para estes, a punição começa justamente em permanecerem na mesma incerteza relativamente ao Senhor de todas as coisas e a conservarem a mesma dúvida da Terra. Não, crede-me; a vista obscurecida da inteligência humana não percebe instantaneamente a luz. Procede-se na erraticidade ao menos com tanta prudência quanto na Terra; assim, não se deve projetar os raios de luz elétrica sobre os olhos dos doentes que se queira curar. A passagem da vida terrestre à espiritual oferece, é certo, um período de confusão, de perturbação para a maioria dos que desencarnam. Alguns há, no entanto, que, desprendidos dos bens terrenos ainda em vida, realizam essa transição tão facilmente quanto uma pomba que se eleva no ar. É fácil perceberdes essa diferença examinando os hábitos dos viajantes que embarcam para atravessar os oceanos. Para alguns a viagem é um prazer; para a maioria um sofrimento, uma aflição que durará até o desembarque. Pois bem! Ocorre o mesmo com quem viaja da Terra ao mundo dos Espíritos. Alguns se desprendem rapidamente, sem sofrimento e sem perturbação, ao passo que outros são submetidos ao mal da travessia etérea. Mas acontece isto: assim como os viajantes que tocam a terra, ao sair do navio, recuperam o equilíbrio e a saúde, também o Espírito que transpõe os obstáculos da morte acaba por se achar, como no ponto de partida, com a consciência limpa e clara de sua individualidade. É, pois, certo, meu caro Sr. Kardec, que os incrédulos e os materialistas absolutos conservam sua opinião além do túmulo, até a hora em que a razão ou a graça tiver despertado em seu coração o pensamento verdadeiro, ali escondido. Por isso essa difusão de ideias nas manifestações e essa divergência nas comunicações dos Espíritos de além-túmulo; por isso alguns ditados impregnados de ateísmo ou de panteísmo.



Esta pergunta, que vamos responder agora, foi formulada por um companheiro da cidade de Gália. Ele disse o seguinte “ Eu tive um gato que morreu envenenado. As pessoas que praticam essa maldade vão responder diante de Deus?”

Não temos dúvida que elas colherão absolutamente tudo que semearam – de bom e de mau - caro ouvinte. Quando ficamos sabendo de um ato de crueldade, inclusive contra os animais, logo nos vem à mente a idéia de castigo para o infrator, que gostaríamos que pagasse em sofrimento pelo sofrimento que causaram. As pessoas mais simples perguntariam: será que Deus não vai castigar essa pessoa pela maldade que fez? Na verdade, não. Essa idéia de castigo divino foi o homem que criou, até porque ele sempre usou o castigo como forma de devolver aos desobedientes os erros que cometeram, razão pela qual ele projetou um deus que tivesse os mesmos sentimentos e as mesmas reações que ele tem.

Contudo, há uma lei natural que funciona sempre: é a chamada lei de causa e efeito – também conhecida por lei de ação e reação ou lei da causalidade. . Deus criou as leis para que pudéssemos nos espelhar nelas e, através delas, buscar a felicidade. São as regras da vida. Quando procuramos segui-las, colhemos resultados agradáveis, mas, quando as infringimos, sofremos. Desse modo, uma boa ação sempre nos beneficiará – mais cedo ou mais tarde. Às vezes o resultado não aparece imediatamente. Uma ação praticada com maldade, com certeza, nos prejudicará, cedo ou tarde. Assim, não há um ato, por mais insignificante nos pareça que não provoque algum efeito em nossa vida.

No livro , OBRAS POSTUMAS, de Allan Kardec – aliás uma obra muito pouco lida – há um capítulo intitulado “Código Penal da Vida Futura”, onde ficamos sabendo, item por item, todas as implicações de nossos atos em nosso destino, nesta e nas vidas seguintes. Aqui na Terra, temos as leis humanas, que procuram regular nosso comportamento. Elas são necessárias, porque muitas vezes não sabemos agir de forma correta, não nos entendemos uns com os outros, não chegamos a um acordo para solução de nossas diferenças; é quando a lei humana entra em ação. Mas, para isso, na maioria das vezes, precisamos acioná-la, através das autoridades responsáveis pelo cumprimento da lei, como os juízes de direito, por exemplo.

Na Lei Divina não há necessidade de intermediários para o seu cumprimento. Não é preciso juiz, promotor ou advogado. Ninguém precisa acionar Deus, Jesus, os santos ou os Espíritos, ou mesmo algum tribunal divino para chamar o infrator às barras da justiça. Essa lei se cumpre de maneira automática, pois, na verdade, ela é acionada pela consciência moral do próprio infrator. Na lei humana existe a figura da prescrição; ou seja, um crime pode perder a conotação de crime depois de algum tempo. Na lei divina não há prescrição. Pelo contrário, quanto mais tempo passar para que ocorra seus efeitos, mais dura ela vai ser.

É que todos nós, caro ouvinte, trazemos o que chamamos de “consciência moral”, ou tribunal da consciência. Essa consciência moral não é algo estático; ela vai se aperfeiçoando com as nossas experiências e com o passar do tempo. Assim, em regra, uma pessoa mais idosa deve ter uma consciência moral mais desenvolvida do que uma criança ou um jovem. Consciência moral é saber distinguir o certo do errado, o bom do mal, o conveniente do inconveniente.

Assim, é possível que a pessoa que matou o seu gato não se dê conta da gravidade do erro cometido, agora. Contudo, mais tarde, com o passar do tempo, talvez nesta mesma encarnação, esse ato – que ficou gravado no fundo de sua consciência – virá à tona, aparecerá e lhe cobrará reparação. Não temos dúvida quanto a isso. A Lei de Deus não falha e, certamente, cobrirá todas as lacunas e falhas da lei humana.

Contudo, há um ponto fundamental na Lei Divina. Ao mesmo tempo em que ela promove a justiça na sua mais elevada expressão, ela é também misericordiosa, porque concorre para abrir as portas do entendimento e da regeneração do infrator. Mais cedo ou mais tarde, ele vai responder até com muito sofrimento pelo mal que fez. Todavia, o mais importante nessa lei é que, antes que isso aconteça, o infrator poderá tomar consciência do erro praticado, poderá arrepender-se e, em seguida, repará-lo. Eis a finalidade última da lei, a regeneração que busca a perfeição, justificando aquela fala de Jesus, ao dizer: “Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito”.

Por falar nisso, é bom lembrarmos sempre que, embora não percebamos, o juiz mais implacável é a nossa própria consciência. Toda ação que fere as leis naturais da vida, agora ou depois, mais cedo ou mais tarde, nesta ou em outra vida, acaba gerando uma espécie de mancha na alma. A essa mancha, extremamente desconfortável, damos o nome de CULPA. A culpa é a maior tortura da mente, mas é um dos instrumentos mais eficazes para o cumprimento da verdadeira justiça. Pensemos nisso.

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