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terça-feira, 19 de novembro de 2024

ALLAN KARDEC E OS SERVIÇOS DE CURA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Observa-se na atualidade, especialmente, na área da abrangência da cidade de São Paulo (SP), a eclosão de inúmeros trabalhos focados na cura de doentes de toda espécie. Embora a finalidade precípua do Espiritismo seja despertar a consciência da individualidade que, na verdade, é a verdadeira responsável pela manifestação das enfermidades, as quais funcionam como filtros ou freios para as tendências viciosas do Espírito ainda ignorante quanto à sua razão de existir, o fato é que tais mecanismos de auxílio podem levar a criatura a se aperceber que a vida não se resume ao tempo de permanência nesta Dimensão. Houve algo antes e haverá um depois. Desse modo os esforços nessa área cumprem um papel igualmente importante. Na REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1866, Allan Kardec desenvolve interessante matéria sobre a questão, da qual destacamos alguns pontos para a reflexão de dirigentes, trabalhadores ou mesmo assistidos, para que os processos obsessivos não se constituam na verdade por traz dos “fenômenos” observados: 1- Há uma diferença radical entre os médiuns curadores e os que obtêm prescrições médicas da parte dos Espíritos. Estes em nada diferem dos médiuns escreventes ordinários, a não ser pela especialidade das comunicações. Os primeiros curam só pela ação fluídica, em mais ou menos tempo, às vezes, instantaneamente, sem o emprego de qualquer remédio. O poder curativo está todo, inteiro no fluido depurado a que servem de condutores. 2- A Teoria deste fenômeno foi suficientemente explicada para provar que entra na ordem das Leis Naturais e que nada há de miraculoso. É o produto de uma aptidão especial, tão independente da vontade quanto todas as outras faculdades mediúnicas; não é um talento que se possa adquirir; não se faz um médium curador como se faz um médico. 3- A aptidão para curar é inerente ao médium, mas o exercício da faculdade só tem lugar com o concurso dos Espíritos. De onde se segue que se os Espíritos não querem, ou não querem mais servir-se dele, é como um instrumento sem músico, e nada obtém. Pode, pois, perder instantaneamente a sua faculdade, o que exclui a possibilidade de transformá-la em profissão. 4- Um outro ponto a considerar é que sendo esta faculdade fundada em leis naturais, tem limites traçados pelas mesmas. Compreende-se que a ação fluídica possa dar a sensibilidade a um órgão existente, fazer dissolver e desaparecer um obstáculo ao movimento e à percepção, cicatrizar uma ferida, porque então o fluido se torna um verdadeiro agente terapêutico; mas é evidente que não pode remediar a ausência ou a destruição de um órgão, o que seria um verdadeiro milagre. Há, pois, doenças fundamentalmente incuráveis, e seria ilusão crer que a mediunidade curadora vá livrar a Humanidade de todas as suas enfermidades. 5- Há que levar em conta a variedade de nuanças apresentadas por esta faculdade, que está longe de ser uniforme em todos os que a possuem. Ela se apresenta sob aspectos muito diversos. Em razão do grau de desenvolvimento do poder, a ação é mais ou menos rápida, extensa e ou circunscrita. Tal médium triunfa sobre certas moléstias em certas pessoas e, em dadas circunstâncias e falha completamente em casos aparentemente idênticos. 6- Opera-se neste fenômeno uma verdadeira reação química, análoga à produzida por certos medicamentos. Atuando o fluido como agente terapêutico, sua ação varia conforme as propriedades que recebe das qualidades do fluido pessoal do médium. Ora devido ao temperamento e à constituição deste último, o fluido está impregnado de elementos diversos, que lhe dão propriedades especiais. Daí resulta uma ação diferente, conforme a natureza da desordem orgânica; esta ação pode ser, pois, enérgica, muito poderosa em certos casos e nula em outros. 7- Só a experiência pode dar conhecer a especialidade e a extensão da aptidão; mas, em princípio, pode dizer-se que não há médiuns curadores universais. 8- A mediunidade curadora não vem suplantar a Medicina e os médicos; vem simplesmente provar a estes últimos que há coisas que eles não sabem e os convidar a estuda-las; que a natureza tem leis e recursos que eles ignoram; que o elemento espiritual, que eles desconhecem, não é uma quimera, e que quando o levarem em conta, abrirão novos horizontes à ciência e terão mais êxitos que agora. 9- Há, pois, para o médium curador a necessidade absoluta de se conciliar o concurso dos Espíritos Superiores, se quiser conservar e desenvolver sua faculdade, senão, em vez de crescer ela declina e desaparece pelo afastamento dos bons Espíritos. A primeira condição para isto é trabalhar em sua própria depuração, a fim de não alterar os fluidos salutares que está encarregado de transmitir”.


Um ouvinte, que se reserva no direito de não se identificar - pergunta por que Deus fazia tantos milagres na Bíblia e hoje não faz mais tantos milagres assim. Será porque a humanidade está piorando ou porque as pessoas de hoje não têm a mesma fé das pessoas de antigamente. Se Deus continuasse a fazer grandes milagres, não seria melhor para que as pessoas se convencessem de seu poder e se convertessem?

No primórdios da espécie humana, quando a inteligência despertou no homem, ele quase nada conhecia das leis da natureza, de modo que muitos fatos naturais eram tidos por milagres ou prodígios divinos. Por exemplo, um vulcão que se repente eclodia, um raio que caia do céu, um cometa que despontava no horizonte, um eclipse que transforma o dia em noite. Na própria Bíblia, Noé, quando a chuva passou e a arca desceu, ficou deslumbrado com o arco-íris e o tomou por milagre de Deus.

Assim, tudo o que o homem não conseguia explicar pelos seus parcos conhecimentos era milagre. Neste caso, milagre significava derrogação da lei da natureza, prodígio que só Deus podia fazer. Isso acontecia muito porque, como já dissemos, pouco se conhecia. Mas, à medida que o homem foi desvendando as leis naturais, ele próprio foi percebendo que nenhum fenômeno, por mais estranho que pareça, escapa às leis da natureza.

É por isso que, para o Espiritismo, não existe nada que possa contrariar as leis da natureza; o que existe são fenômenos raros, inabituais que, algumas vezes, a ciência não consegue explicar. Mas não é o fato de não poder explicá-los que eles são sobrenaturais. Assim, podemos chamar de “milagre” todo fato extraordinário, que foge ao habitual, não porque ele foge às leis da natureza, mas porque é ele é extraordinário.

Comentando o assunto, o Emmanuel, numa página que enviou pelo médium Chico Xavier, chama a atenção para o fato de que não percebemos que milagre acontece todos os dias em nossa vida, principalmente dentro de nosso próprio corpo. Acabamos de saber, por exemplo, que três cientistas – um americano e dois norueguês – obtiveram o Prêmio Nobel de Medicina 2014, por uma descoberta notável. Eles descobriram qual o mecanismo que o cérebro usa para detectar um ambiente confuso, uma espécie de GPS ou radar natural.



Para nós, que já acostumamos com o corpo, não existe nada de milagroso no seu funcionamento; no entanto, a ciência, até hoje, não desvendou uma grande parte dos fenômenos que nele acontece todos os dias e em todo momento. Trilhões de células estão trabalhando ininterruptamente, umas morrendo e outras nascendo sem parar, e nossos sentidos, que são os veículos de percepção do ambiente constituem tamanha complexidade fisiológica, que a grande maioria das pessoas desconhece. Isso não é milagre?

Quanto aos fenômenos espirituais, de que você fala, é evidente que deviam acontecer mais no passado do que hoje. Isso em função do tipo de vida que levavam. Como a vida era muito simples, calma e, muitas vezes, monótona, sem os estímulos e a poluição generalizada que temos hoje, tudo convidava as pessoas à contemplação da natureza, ao descanso e à concentração, favorecendo a formação de um ambiente propício aos fenômenos mediúnicos.

Isso não quer dizer que os fenômenos não aconteçam, mas que eles ocorrem de uma forma diferente, com certeza menos perceptível, adequada ao novo estilo de vida e às necessidades do homem moderno. O papel do Espiritismo é justamente o de nos mostrar que somos seres espirituais, que estamos em contato com os desencarnados, mesmo que não o percebamos, e que o fato de não termos essa percepção nos ajuda a agir mais naturalmente para fazer uso nosso livre-arbítrio. 


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