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domingo, 3 de novembro de 2024

QUEM FEZ O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A História da Humanidade constitui-se de descobertas ou revelações que requerem anos e até séculos para que possam ser incorporadas pelo inconsciente coletivo. Contando pouco mais de meio século, esbarrando na resistência da intolerância religiosa e da ignorância, nos atavismos individuais, avança em meio às confusões derivadas da falta de maior conhecimento e estudo de suas obras básicas. Allan Kardec no número de abril de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, incluiu material de sua autoria que nos ajuda a entender melhor a proposta revolucionária de que foi o grande Codificador. Escreve: - Quem fez o Espiritismo? É uma concepção humana pessoal? O Espiritismo é o resultado do ensino dos Espíritos, de tal sorte que, sem as comunicações dos Espíritos, não haveria Espiritismo. Se a Doutrina Espírita fosse uma simples teoria filosófica nascida de um cérebro humano, não teria senão o valor de uma opinião pessoal; saída da universalidade do ensino dos Espíritos, tem o valor de uma obra coletiva, e é por isto mesmo que em tão pouco tempo ela se propagou por toda a Terra, cada um recebendo por si mesmo, ou por suas relações íntimas, instruções idênticas e a prova da realidade das manifestações. Pois bem! é em presença deste resultado patente, material, que se tenta erigir em sistema a inutilidade das comunicações dos Espíritos. Convenhamos que se elas não tivessem a popularidade que adquiriram, não as atacariam, e que é a prodigiosa vulgarização dessas ideias que suscita tantos adversários ao Espiritismo. Os que hoje rejeitam as comunicações não se assemelham a essas crianças ingratas que negam e desprezam os pais? Não é a ingratidão para com os Espíritos, a quem devem o que sabem? Não é servir-se do que eles ensinaram para os combater, voltar contra eles, contra seus próprios pais, as armas que nos deram? Entre os Espíritos que se manifestam não está o Espírito de um pai, de uma mãe, dos seres que nos são mais caros, dos quais se recebem essas tocantes instruções que vão diretamente ao coração? Não é a eles que devemos ter sido arrancados da incredulidade, das torturas da dúvida sobre o futuro? E é quando se goza do benefício que se desconhece a mão do benfeitor? Que dizer dos que, tomando sua opinião pela de todo o mundo, afirmam seriamente que, agora, não querem comunicações em parte alguma? Estranha ilusão! que um olhar lançado em torno deles baste para fazer desvanecer-se. Por seu lado, que devem pensar os Espíritos que assistem às reuniões onde se discute se se devem condescender em os escutar, ou se se deve, ou não, excepcionalmente, permitir-lhes a palavra para agradar os que têm a fraqueza de se prenderem às suas instruções? Sem dúvida lá se acham Espíritos ante os quais se cairia de joelhos se, nesse momento, eles se apresentassem à vista. Já pensaram no preço que podia ser pago por tal ingratidão? Tendo os Espíritos a liberdade de comunicar-se, independentemente do seu grau de saber, resulta que há uma grande diversidade no valor das comunicações, como nos escritos, num povo onde todo mundo tem a liberdade de escrever e onde, por certo, nem todas as produções literárias são obras-primas. Segundo as qualidades individuais dos Espíritos, há, pois, comunicações boas pelo fundo e pela forma; outras que são boas pelo fundo e más pela forma; outras, enfim, que nada valem, nem pelo fundo, nem pela forma. Cabe-nos escolher. Rejeitá-las em bloco, porque algumas são más, não seria mais racional do que proscrever todas as publicações, só porque há escritores que produzem banalidades? Os melhores escritores, os maiores gênios, não têm partes fracas em suas obras? Não se fazem seleções do que produzem de melhor? Façamos o mesmo em relação às produções dos Espíritos; aproveitemos o que há de bom e rejeitemos o que é mau; mas, para arrancar o joio, não arranquemos o bom grão.



Gostaria de saber por que a ciência, que já progrediu tanto, ainda não descobriu o espírito; por que isso está demorando tanto.

Por várias razões. Mas, antes de responder diretamente sua pergunta, queremos chamar a atenção para o termo “ciência” - o que vem a ser ciência. Na verdade, entende-se por ciência o conjunto de conhecimentos que o homem adquiriu de forma sistemática e já acumulou através de observações, investigações e teorias – inicialmente apenas sobre a natureza e, depois, sobre os demais diversos campos da experiência humana.

A ciência procura descobrir leis para explicar os fenômenos. Mas quem faz ciência são os cientistas. Não existe unanimidade entre os cientistas sobre todos os pontos da ciência. Há diferentes correntes de pensamento, muitas vezes, sobre um mesmo fenômeno. Algumas teorias predominam, por gozarem de mais aceitação. Por exemplo: a Teoria do Big Bang, que procura explicar o surgimento do universo após uma grande explosão, é uma teoria que predomina dentro da astrofísica; mas não é a única.

Logo, quando falamos em ciência, falamos das teorias científicas de um modo geral, modelos explicativos que podem ser revistos, reformulados ou substituídos, como tudo na ciência. A ciência não admite uma verdade única e imutável: verdades de ontem podem não ser mais verdades hoje, e as de hoje poderão não ser verdades amanhã. A ciência precisa ser aberta a tudo, embora nem sempre vamos encontrar cientistas dispostos a encarar qualquer tipo de estudo. Desse modo, existem cientistas que estudam a realidade do Espírito e que, no cenário científico, acabam sendo descartados pela maioria, que nada admite além da matéria.

Logo, não é difícil concluir que a primeira razão pela qual a ciência não se interessa pelo Espírito é de ordem moral: existe um forte preconceito contra tudo que possa parecer religião; e, mais do que isso, existe uma prevenção contra a religião de um modo geral, pois na história da ciência, infelizmente, muitos cientistas acabaram sendo perseguidos pela intolerância religiosa, a começar de Galileu, considerado “o pai da ciência”.

A segunda razão é que os cientistas, de um modo geral, só gostam de estudar fenômenos, que eles possam controlar de alguma maneira, ao passo que os fenômenos espíritas não são passíveis desse tipo de controle. São fenômenos muito sensíveis e instáveis, e não podem ser provocados pela simples vontade ou interesse do pesquisador. O estudo dos fenômenos espíritas exige um novo tipo de postura, uma nova metodologia, já que eles se destacam pela qualidade e muito pouco pela quantidade.

Desse modo, os cientistas que estudam o Espírito não são reconhecidos pois sua metodologia nem sempre seguem exatamente aquilo que prevalece na concepção materialista. Enquanto isso, o estudos que se enquadram na metodologia científica acabam prejudicando a ocorrência do fenômeno. Isso não impediu que muitos pesquisadores de renome se entregassem ao estudo do Espírito.

Poderíamos citar alguns deles: Alfred Russell Wallace e William Crookes (na Inglaterra), Gabriel Delanne e Charles Richet (na França), Ernesto Bozzano e Cesar Lombroso (na Itália), Friedrich Zollner (na Alemanha), Guimarães Andrade (no Brasil), William James e Ian Stevenson (nos Estados Unidos), Alexander Aksakof (na Rússia). Poderíamos citar muito mais.

Um dos motivos mais fortes que impedem os cientistas de estudar a realidade do Espírito é de ordem econômica. Geralmente, as pesquisas – principalmente as grandes pesquisas - elas são patrocinadas por empresas, que visam lucros, como é o caso, por exemplo, das indústrias farmacêuticas. Essas empresas investem milhões de dólares numa pesquisa para descobrir, pore exemplo, determinado medicamento, porque sabem que terão grande lucro com a venda desse produto, antes mesmo de pensar no bem da humanidade. No entanto, em relação à realidade espiritual, não haveria, do ponto de vista econômico, por que investir numa descoberta que, pelo contrário, poderia até mesmo prejudicar o interesse das empresas.

A descoberta da realidade espiritual provocaria uma grande reviravolta nos valores humanos. A partir do momento em que fica patenteada a descoberta da vida após a morte, os grupos econômicos e os homens mais ricos sofreriam o impacto de uma revelação que os tiraria da zona de conforto, pois, tomando consciência da continuidade da vida, a realidade material não teria mais tanto valor para eles e seriam constrangidos a se render ao princípio de amor a Deus e amor ao próximo. Quem quereria isso? Então, enveredar por esse campo de estudo, só mesmo para idealistas, pois, além de não contar com nenhum amparo financeiro, muitas vezes, ainda têm de tirar dinheiro do próprio bolso.

Por último, acreditamos que a realidade do mundo espiritual, caro ouvinte, só será alcançada pela ciência quando a humanidade tiver dado um passo mais significativo no campo das conquistas morais – quer dizer, quando houver mais tolerância no mundo, quando houver mais compreensão e mais fraternidade entre os homens. É muito cedo para buscarmos conhecimentos que, na atual condição do homem, poderiam servir para objetivos egoístas e mesquinhos.

Sendo assim, por enquanto, as verdades que o Espiritismo hoje proclama – e que ainda não são todas as verdades que precisamos conhecer - devem depender apenas de poucos estudiosos mais corajosos, mais afoitos, que se lançam às suas pesquisas, abrindo caminho para novas conquistas, que só virão com o amadurecimento moral da sociedade humana.



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