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sábado, 21 de dezembro de 2024

NECESSIDADE URGENTE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Quando a sociedade humana não tem outro objetivo de atividade senão a prosperidade material e o prazer dos sentidos, ela mergulha no materialismo egoísta, aprecia todas as ações segundo o Bem que delas retira, renuncia a todos os esforços que não levam a uma vantagem palpável, não estima senão aqueles que possuem, e não respeita senão a força que se impõe. Quando os homens não se preocupam senão com os sucessos imediatos e lucrativos, perdem o senso de honestidade, renunciam à escolha dos meios, calcam aos pés a felicidade íntima, as virtudes privadas, e cessam de se guiar segundo os princípios de justiça e de equidade. Numa sociedade lançada nessa direção imoral, o rico leva uma vida de ociosidade ignóbil, embrutecedora, e o deserdado nela arrasta uma existência dolorosa e monótona, da qual o suicídio parece ser a última consolação!”. Essa avaliação não se constitui num verdadeiro retrato falado, um diagnóstico perfeito da realidade observada na atualidade do mundo? Ocorre que ela foi publicada na abertura do número de setembro de 1863 da REVISTA ESPÍRITA. O editor, Allan Kardec a reproduz pela qualidade dos argumentos elaborados pelo autor, identificado como F. Herrenschneider, sobre a necessidade da aliança entre a Filosofia e o Espiritismo. Diante do quadro desenhado pelas palavras iniciais, acrescenta que “contra semelhante disposição moral, pública e privada, a filosofia é impotente. Não que os argumentos lhe façam falta para provar a necessidade social de princípios puros e generosos, não que ela não possa demonstrar a iminência da responsabilidade final, e estabelecer a perpetuidade de nossa existência, mas os homens não têm, geralmente, nem o tempo, nem o gosto, nem o espírito bastante refletido, para prestar atenção à voz de suas consciências e às observações da razão. As vicissitudes da vida, aliás, frequentemente, são muito imperiosas para que se decida ao exercício da virtude pelo simples amor ao Bem. Quando mesmo que a filosofia tivesse sido, verdadeiramente, o que deveria ser: uma doutrina completa e certa, jamais teria podido provocar, só pelo seu ensino, a regeneração social de maneira eficaz, uma vez que até este dia não pôde dar, à autoridade de sua doutrina, de outra sanção senão do amor abstrato do ideal e da perfeição. É que aos homens é preciso, para convencê-los da necessidade de se consagrarem ao bem, fatos que falem aos sentidos. Preciso lhes é o quadro impressionante de suas dores futuras, para que consintam em subir novamente a rampa funesta onde seus vícios os arrastam; é-lhes preciso tocar com o dedo as infelicidades eternas que se preparam por seu desleixo moral, para que compreendam que a vida atual não é o objetivo de sua existência, mas o meio que o Criador lhes deu de trabalhar pessoalmente no cumprimento de seus destinos finais. Também é por esse motivo que todas as religiões apoiaram seus mandamentos sobre o terror do inferno e sobre as seduções das alegrias celestes. Mas, desde que, sob o império da incredulidade e da indiferença religiosa, as populações se tranquilizaram sobre as consequências últimas de seus pecados, uma filosofia fácil e inconsequente ajudando o culto dos sentidos, dos interesses temporais e das doutrinas egoístas, acabou por prevalecer. Hoje os homens esclarecidos, inteligentes e fortes se afastam da Igreja e seguem suas próprias inspirações; a autoridade necessária lhe faz falta para recobrar sua influência vinte vezes secular. Pode-se, pois, dizer que a Igreja é tão impotente quanto a filosofia, e que nenhuma nem outra exercerão influência salutar sujeitando-se, cada uma em seu gênero, a uma reforma radical. (...). É, pois, o Espiritismo que nos revela nossos destinos futuros, e, quanto mais for conhecido, mais a regeneração moral e religiosa ganhará em impulso e em extensão. A união do Espiritismo com as ciências filosóficas nos parece, com efeito, de uma alta necessidade para a felicidade da Humanidade e para o progresso moral, intelectual e religioso da sociedade moderna; porque não estamos mais no tempo em que se podia afastar a ciência humana e preferir-lhe a fé cega. A ciência moderna é muito sábia, muito segura de si mesma, e muito avançada no conhecimento das leis que Deus impôs à inteligência e à Natureza, para que a transformação religiosa possa ter lugar sem seu concurso. Conhece-se muito exatamente a exiguidade relativa de nosso Globo para conceder à Humanidade um lugar privilegiado nos desígnios providenciais. Aos olhos de todos, não somos mais do que um grão de pó na imensidade dos mundos, e sabe-se que as leis que regem essa multidão indefinida de existências são simples, imutáveis e universais”.



Eu gostaria de saber – diz Valdelice, por e-mail - por que é tão difícil a gente fazer o bem e tão fácil fazer o mal. Por exemplo: desde criança a gente aprende o que deve e o que não deve fazer. Nossos pais e professores, a própria religião, sempre martelaram isso na nossa cabeça e, assim mesmo, sabendo de tudo isso, ainda sentimos dificuldade de ser bons. Será que existe uma força do mal que nos arrasta para esse lado? Será por isso que o “Pai Nosso” diz, “não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos do mal? Queria que vocês falassem alguma coisa.


A doutrina Espírita parte do princípio de que todos somos seres em evolução. Tanto assim que o homem já foi pior do que é hoje. Basta dar uma olhada no passado da humanidade e vamos ver como era a convivência na antiguidade ou na idade média, quais eram as leis que existiam, os tabus, a violência, o preconceito, e assim por diante. Já vencemos algumas etapas e, hoje, o homem do século 21, pensa melhor e, de uma maneira geral, age melhor do que o homem da antiguidade.


Se isso acontece em âmbito coletivo, também ocorre em nível pessoal. Para o Espiritismo, a evolução moral e intelectual do homem se dá através das reencarnações. De tanto reviver na Terra, o Espírito vai desenvolvendo a capacidade de conviver bem, aprendendo a respeitar e a amar o semelhante. Não há mágica da natureza. Isso tudo se dá de uma forma lenta e proporcional ao grau de aproveitamento de cada um. É a experiência, repetida inúmeras vezes, que vai tornando os indivíduos e as coletividades melhores ao longo dos séculos e dos milênios.


Veja, por exemplo, na área das habilidades manuais, o trabalho do artesão. De tanto fabricar determinada peça, o artesão acaba incorporando ao seu comportamento, ao longo do tempo, a capacidade de produzir essa peça com perfeição. Para ele, fazer uma peça com certo nível de qualidade é fácil; mas, se uma pessoa, que nunca fez isso, mesmo que seja orientada nesse sentido, começar a fazer, ela terá de esperar muito tempo para adquirir a perfeição que o artesão já consegue imprimir à sua obra. Para o artesão experiente é fácil acertar; para o iniciante, é fácil errar.


É o que acontece no plano moral. Apesar de termos vivido alguns milhares de anos na Terra, ainda somos imaturos para atingir o nível de convivência proposto por Jesus, ou seja, o nível do amor ao próximo. Na verdade, ainda não aprendemos a nos amar nem a nós mesmos. Essa meta do “amor ao próximo” continua sendo para a maioria uma elevada pretensão. No presente, por causa de nossa imperfeição – ou seja, porque ainda não conseguimos incorporar o amor à nossa conduta – o máximo, o que conseguimos fazer é um esforço nesse sentido, para que, no futuro, aprendamos a amar de verdade; isso é , a fazer somente o bem.


Não foi por outro motivo que Jesus recomendou que só fizéssemos o bem, até por que não é possível aprender a ser bom, sem fazer o bem. Quando um Espírito consegue alcançar esse nível de realização, pode-se considerar um Espírito bom. Neste caso, para ele, é fácil fazer o bem e difícil fazer o mal. Por outro lado, para a Doutrina Espírita só existe um poder no mundo, Deus – que é o Bem Supremo. Fora dele, nada mais existe. O mal é como a sombra; só existe não há luz. Quando a luz se espalha ele desaparece. Logo, ele nada mais é do que um estado passageiro de nossa imperfeição, que tende a desaparecer, na medida que nos aperfeiçoamos. “Faça a vossa luz” – recomendou Jesus. Pedir a Deus para não cair em tentação é pedir força para vencer a imperfeição que ainda existe em nós.


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