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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

NECESSIDADE URGENTE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Quando a sociedade humana não tem outro objetivo de atividade senão a prosperidade material e o prazer dos sentidos, ela mergulha no materialismo egoísta, aprecia todas as ações segundo o Bem que delas retira, renuncia a todos os esforços que não levam a uma vantagem palpável, não estima senão aqueles que possuem, e não respeita senão a força que se impõe. Quando os homens não se preocupam senão com os sucessos imediatos e lucrativos, perdem o senso de honestidade, renunciam à escolha dos meios, calcam aos pés a felicidade íntima, as virtudes privadas, e cessam de se guiar segundo os princípios de justiça e de equidade. Numa sociedade lançada nessa direção imoral, o rico leva uma vida de ociosidade ignóbil, embrutecedora, e o deserdado nela arrasta uma existência dolorosa e monótona, da qual o suicídio parece ser a última consolação!”. Essa avaliação não se constitui num verdadeiro retrato falado, um diagnóstico perfeito da realidade observada na atualidade do mundo? Ocorre que ela foi publicada na abertura do número de setembro de 1863 da REVISTA ESPÍRITA. O editor, Allan Kardec a reproduz pela qualidade dos argumentos elaborados pelo autor, identificado como F. Herrenschneider, sobre a necessidade da aliança entre a Filosofia e o Espiritismo. Diante do quadro desenhado pelas palavras iniciais, acrescenta que “contra semelhante disposição moral, pública e privada, a filosofia é impotente. Não que os argumentos lhe façam falta para provar a necessidade social de princípios puros e generosos, não que ela não possa demonstrar a iminência da responsabilidade final, e estabelecer a perpetuidade de nossa existência, mas os homens não têm, geralmente, nem o tempo, nem o gosto, nem o espírito bastante refletido, para prestar atenção à voz de suas consciências e às observações da razão. As vicissitudes da vida, aliás, frequentemente, são muito imperiosas para que se decida ao exercício da virtude pelo simples amor ao Bem. Quando mesmo que a filosofia tivesse sido, verdadeiramente, o que deveria ser: uma doutrina completa e certa, jamais teria podido provocar, só pelo seu ensino, a regeneração social de maneira eficaz, uma vez que até este dia não pôde dar, à autoridade de sua doutrina, de outra sanção senão do amor abstrato do ideal e da perfeição. É que aos homens é preciso, para convencê-los da necessidade de se consagrarem ao bem, fatos que falem aos sentidos. Preciso lhes é o quadro impressionante de suas dores futuras, para que consintam em subir novamente a rampa funesta onde seus vícios os arrastam; é-lhes preciso tocar com o dedo as infelicidades eternas que se preparam por seu desleixo moral, para que compreendam que a vida atual não é o objetivo de sua existência, mas o meio que o Criador lhes deu de trabalhar pessoalmente no cumprimento de seus destinos finais. Também é por esse motivo que todas as religiões apoiaram seus mandamentos sobre o terror do inferno e sobre as seduções das alegrias celestes. Mas, desde que, sob o império da incredulidade e da indiferença religiosa, as populações se tranquilizaram sobre as consequências últimas de seus pecados, uma filosofia fácil e inconsequente ajudando o culto dos sentidos, dos interesses temporais e das doutrinas egoístas, acabou por prevalecer. Hoje os homens esclarecidos, inteligentes e fortes se afastam da Igreja e seguem suas próprias inspirações; a autoridade necessária lhe faz falta para recobrar sua influência vinte vezes secular. Pode-se, pois, dizer que a Igreja é tão impotente quanto a filosofia, e que nenhuma nem outra exercerão influência salutar sujeitando-se, cada uma em seu gênero, a uma reforma radical. (...). É, pois, o Espiritismo que nos revela nossos destinos futuros, e, quanto mais for conhecido, mais a regeneração moral e religiosa ganhará em impulso e em extensão. A união do Espiritismo com as ciências filosóficas nos parece, com efeito, de uma alta necessidade para a felicidade da Humanidade e para o progresso moral, intelectual e religioso da sociedade moderna; porque não estamos mais no tempo em que se podia afastar a ciência humana e preferir-lhe a fé cega. A ciência moderna é muito sábia, muito segura de si mesma, e muito avançada no conhecimento das leis que Deus impôs à inteligência e à Natureza, para que a transformação religiosa possa ter lugar sem seu concurso. Conhece-se muito exatamente a exiguidade relativa de nosso Globo para conceder à Humanidade um lugar privilegiado nos desígnios providenciais. Aos olhos de todos, não somos mais do que um grão de pó na imensidade dos mundos, e sabe-se que as leis que regem essa multidão indefinida de existências são simples, imutáveis e universais”.



Várias igrejas vivem prometendo cura para o povo. Existem relatos de cura, pessoas que prestam depoimentos, dizendo que foram curadas. Quem realmente cura nessas igrejas? Jesus? Os anjos? Os santos? Os Espíritos de Luz? (Terezinha Yamashiro)


Prezada Terezinha, há, pelo menos, duas maneiras de abordar esta questão. A primeira se refere à cura espiritual em si. Será que ela realmente existe? Na verdade, vamos encontrar relatos de cura, chamadas milagrosas, em todas as religiões, em todas as épocas e lugares, dentro e fora do ambiente religioso. Sem entrar no mérito dessa questão, podemos afirmar seguramente que a fé cura ou, pelo menos, ela contribui muito para isso. Não é novidade. Jesus já proclamou o valor da fé. O evangelho faz referência à dificuldade que Jesus teve de promover alguma cura na sua terra, onde o povo conhecia sua família e não acreditava nele.


Você pode encontrar um bom material sobre o que se costuma chamar “poder da fé”, n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – capítulo intitulado “A fé remove montanhas”- frase dita por Jesus. Ali, Kardec faz uma exposição sobre o poder da fé, como condição necessária e imprescindível para a vida. Entretanto, Kardec não se refere a um pretenso poder mágico ou miraculoso da fé, mas a uma capacidade que está nas leis da natureza. Em todas as épocas, quando ocorriam fenômenos de cura, as pessoas achavam que se tratava de um poder mágico. Mas a Doutrina Espírita veio explicar que a fé em si já é um poder. A condição de quem crê, de verdade, pode realmente surpreender, embora, em termos de cura, isso não aconteça tão frequentemente quanto se proclama.


E o que é a fé? É uma condição da alma, um estado de absoluta certeza ou de convicção de que se vai alcançar um determinado resultado. Quando isso acontece, de verdade, a pessoa emite ondas mentais favoráveis às suas pretensões ( a prece, por exemplo), e isso possibilita não só uma resposta positiva de seu organismo, como também facilita a ação da Espiritualidade, ou seja, dos Espíritos interessados em favorecê-la. A espiritualidade sempre dispõe de recursos terapêuticos de uma ordem de que não ainda não podemos dispor: muitas vezes, nem mesmo a medicina.


A – Podemos acreditar no médico, no enfermeiro, no protetor, na mãe, no amigo – mas a fé em Deus tem uma conotação muito especial. Tanto assim que, hoje, até nas faculdades médicas, já estão introduzindo no currículo uma matéria sobre medicina e espiritualidade. O estado mental do paciente, qualquer for a sua religião, é um fator de cura. Deus, para aqueles que crêem, representa o supremo poder, e – algumas vezes – isso basta para que a pessoa, num estado de extrema necessidade, recorra às forças mais profundas da alma para buscar esse socorro especial de Deus dentro de si mesma.


André Luiz, no livro “Mecanismos da Mediunidade”, mostra como que uma súplica, que parte do fundo da alma, pode desencadear um fenômeno mental capaz de arregimentar forças regenerativas da natureza. Muita gente recorre a igrejas, médiuns e curandeiros para obter cura. Logo, Terezinha, a cura nas igrejas é possível, principalmente pelo fato de o ambiente religioso estimular a fé. Mas não deve ser tão freqüente quanto se propala por aí. Há muita propaganda enganosa – todos sabemos disso. Na maioria das vezes, as promessas de cura representam apenas um meio para atrair adeptos e engrossar as fileiras religiosas.


Além do mais, todos ficamos doentes, de modo que buscar adeptos utilizando desse expediente é muito promissor, pois sempre haverá quem esteja desesperado para resolver seu problema. Quanto ao autor da cura, isso é o menos importante, mas, sem dúvida, o principal é o próprio paciente. É ele quem estimula a própria cura e é ele quem a consegue quando realmente merece. No evangelho, por sinal, vamos encontrar a história da mulher, que sofria de hemorragia há vários anos, e que se curou ao tocar as vestes de Jesus. Jesus lhe disse simplesmente: “a tua fé te curou”.


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