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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

O ESPIRITISMO E SEUS PRINCIPIOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Longe de ser mera forma de explicar manifestações físicas que fogem ao habitual, o Espiritismo oferece explicações da mais alta significação para que entendamos a nós e ao Mundo que pertencemos. No número de abril de 1867 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec apresenta argumentos que demonstram a significação do que estamos dizendo. Escreve ele:-“O Espiritismo baseia-se na existência do princípio espiritual, como elemento constitutivo do Universo; repousa sobre a universalidade e a perpetuidade dos seres inteligentes, sobre seu progresso indefinido, através dos mundos e das gerações; sobre a pluralidade das existências corporais, necessárias ao seu progresso individual; sobre sua cooperação relativa, como encarnados ou desencarnados, na obra geral, na medida do progresso realizado; sobre a solidariedade que une todos os seres de um mesmo mundo e dos mundos entre si. Nesse vasto conjunto, encarnados e desencarnados, cada um tem sua missão, seu papel, deveres a cumprir, desde o mais ínfimo até os anjos, que nada mais são que Espíritos humanos chegados ao estado de Espíritos puros, e aos quais são confiadas as grandes missões, o governo dos mundos, como a generais experimentados. Em vez das solidões desertas do espaço sem limites, por toda parte a vida e a atividade, em parte alguma a ociosidade inútil; por toda parte o emprego dos conhecimentos adquiridos; em toda parte o desejo de progredir ainda e de aumentar a soma de felicidades, pelo emprego útil das faculdades da inteligência. Em vez de uma existência efêmera e única, passada num cantinho da Terra, que decide para sempre de sua sorte futura, impõe limite ao seu progresso e torna estéril, para o futuro, o trabalho a que se entrega para instruir-se, o homem tem por domínio o Universo; nada do que sabe ou do que faz fica perdido: o futuro lhe pertence; em vez do isolamento egoísta, a solidariedade universal; em lugar do nada, segundo alguns, a Vida Eterna; em lugar da beatitude contemplativa perpétua, segundo outros, que a tornaria de uma inutilidade perpétua, um papel ativo, proporcionado ao mérito adquirido; em vez de castigos irremissíveis por faltas temporárias, a posição que cada um conquista por sua perseverança no bem ou no mal; em vez de uma mancha original, que o torna passível de faltas que não cometeu, a consequência natural de suas próprias imperfeições nativas; em vez das chamas do inferno, a obrigação de reparar o mal que se fez e recomeçar o que se fez mal; em vez de um Deus colérico e vingativo, um Deus justo e bom, que leva em conta todo arrependimento e toda boa vontade. Tal é, em resumo, o quadro que apresenta o Espiritismo, e que ressalta da situação mesma dos Espíritos que se manifestam; não é mais uma simples teoria, mas resultado da observação. O homem que encara as coisas deste ponto de vista, sente-se crescer; ergue-se aos seus próprios olhos; é estimulado em seus instintos progressivos ao ver um objetivo para os seus trabalhos, para os seus esforços em se melhorar. Mas, para compreender o Espiritismo em sua essência, na imensidade das coisas que ele abarca, para compreender o objetivo e o destino do homem, não era preciso relegar a Humanidade a um pequeno Globo, limitar a existência a alguns anos, rebaixar o Criador e a criatura. Para que o homem pudesse fazer uma ideia justa de seu papel no Universo, era preciso que compreendesse, pela pluralidade dos mundos, o campo aberto às suas explorações futuras e a atividade de seu espírito; para recuar indefinidamente os limites da Criação, para destruir os preconceitos sobre os lugares especiais de recompensa e de punição, sobre os diferentes estágios dos céus, era preciso que penetrasse as profundezas do espaço; que em lugar do cristalino e do empíreo, aí visse circular, em majestosa e perpétua harmonia, os Mundos inumeráveis, semelhantes ao seu; que em toda parte seu pensamento encontrasse a criatura inteligente”.



Este foi um comentário que uma ouvinte nos trouxe esta semana, pedindo falássemos a respeito. “Quanto mais próximo o dia da eleição mais os políticos se agridem, mais feia fica a briga. A gente percebe na fisionomia de cada um aquela vontade incontida de vencer o outro. Percebo que muita gente vê esses debates, como vê uma luta, onde um quer dominar o outro. Acho que isso é próprio da natureza humana: todos querem demonstrar poder e vencer. Ainda, se fosse pra fazer coisas boas, tudo bem!... mas, a gente vê tanta corrupção daqueles que falam bonito, que acaba por não acreditar mais na honestidade dessas pessoas.”

Seja qual for a situação em que nos encontrarmos nesta vida, cara ouvinte, a Doutrina Espírita nos pede serenidade. Serenidade é uma forma de encarar a vida com fé e bons propósitos, jamais esquecendo que vivemos num mundo de provas e expiações, onde todos temos limitações e defeitos. Não devemos pedir para uma pessoa aquilo que ela não têm. Não estamos justificando erros, apenas explicando por que as coisas não caminham como gostaríamos.

Pelo fato de o orgulho e o egoísmo ainda mandarem no homem é que lutamos com dificuldade para nos entender, e vivemos num mundo em que um desconfia do outro. É um estado de espírito da humanidade. Ainda não conseguimos alcançar uma condição melhor, principalmente porque são o orgulho e o egoísmo que mais estimulam o poder e mais estimulam a corrupção. Mas o poder não existe apenas no mundo político; poder existe na vida de todos nós. Todos ainda alimentamos a pretensão de ser mais do que o outro.

Não estamos dizendo que o poder é mau; o poder é um instrumento neutro que pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal. Deus é o poder supremo. Mas, o ser humano, desde o alvorecer da humanidade, precisou viver em grupos sociais – em tribos, em comunidades, em nações – e, desse modo, precisou existir organização, administração e poder de decisão que, ao longo da história, veio passando por diversas fases de evolução.

No livro intitulado “OBRAS PÓSTUMAS”, Allan Kardec fala, num capítulo especial, sobre as aristocracias – ou seja, sobre aqueles que vieram exercendo o poder, desde as tribos primitivas até o homem civilizado. É claro que no passado foi pior que hoje, mas hoje ainda não nos ajustamos bem a uma vida social sadia, porque vivemos mais competindo que cooperando, mais em função dos interesses próprios do que do bem comum. Este tem sido o nosso problema e o maior problema dos políticos.

Este também é o panorama do mundo que vivemos e onde devemos fazer o melhor ao nosso alcance, sem desistir de participar, porque, se nos afastarmos das obrigações sociais, estaremos colaborando para que os problemas não sejam resolvidos e, portanto, para que o mundo não mude e o mal se perpetue. Desse modo, cara ouvinte, seria contraproducente espalhar o pessimismo e a descrença no ser humano ou na classe política, até porque não podemos viver sem ela. De uma forma ou de outra, precisamos ter gente no poder.

Nossa conduta deveria ser a de quem tem consciência das limitações das pessoas, mas, ao mesmo tempo, está fazendo a sua parte bem feita, colaborando que os erros sejam menores e as conquistas, que ainda temos a alcançar, sejam mais significativas. Não compactuar com a desonestidade, com a corrupção – não só nas questões maiores, mas na vida do dia a dia - é um dever de todos nós. Mas seria muita pretensão de nossa parte - para não dizer um absurdo - pretender que um determinado candidato ou um determinado governo resolveria todos esses problemas.

A disputa do poder político ainda não atingiu aquela conotação a que aspiramos, pois permanece impregnada de conveniências, interesses e ressentimentos, mas é a realidade do nosso estágio evolutivo, que precisamos compreender. Devemos lembrar que, num passado remoto da humanidade, a chefia de uma tribo era disputada na arena e vencia aquele que conseguia matar o adversário. Evidentemente, não vemos mais esse quadro à nossa frente, pois hoje as disputas permanecem quase sempre em nível de discurso.

O problema ainda são os interesses envolvidos. Por isso, entendemos bem a afirmação de Jesus, quando lhe atribuíram o qualificativo de rei, ao dizer “meu reino não é deste mundo” . Jesus, que viveu numa época bem mais complicada e violenta que a nossa, falava de um reino moral e duradouro ( de valores como respeito, dignidade, amor, fraternidade) e não do reino passageiro e ilusório de valores exclusivamente materiais. E, apesar de tudo por que passou, ele continuou a acreditar no homem.

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