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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

O PSIQUIATRA E A OBSESSÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Jorge Andreia, psiquiatra inscreveu seu nome na História do Espiritismo no Brasil pela sua contribuição no entendimento da doença mental sob a ótica da reencarnação. Autor de mais de uma dezena de obras, via nos mais de cem anos em que esteve encarnado, muitas delas se perderem por terem sido entregues a editoras sem vocação para o trabalho de publicação e preservação desses materiais. Muitas delas hoje são encontradas nos chamados “sebos” e, muito poucas nesse prodigioso sistema chamado GOOGLE. Para termos uma ideia da lucidez do pensamento do grande estudioso, reproduzimos a seguir uma de seus textos falando sobre o grave problema da perturbação espiritual. Diz ele: - A obsessão, como processo negativo, possui estruturação bem definida, obedecendo a intermináveis graduações, com específica localização nas raízes do psiquismo. Todos sofremos influência, porém daremos respaldo e sintonia com aqueles com quem nos afinizamos. Se nos encontramos em posição espiritual sadia, consequência de nossas sadias atitudes, teremos gratificações de equilíbrio e do discernimento. Se nossa posição se afasta das posições positivas, onde a ética praticamente prepondera, sofreremos as influências dos campos negativos e, o que é mais importante, na intensidade que nos afastamos do bem, pelas conotações das raízes pretéritas que traduzirão o grau de envolvimento. Consideremos também, as atitudes pessoais do indivíduo, o seu momento evolutivo e a sua escolha no jogo do livre-arbítrio. Desse modo anote-se a importância dos fatores do meio e a elaborações psíquicas de superfície (zona física), que são absorvidas e influenciam a própria organização. De tudo isso, podemos compreender, que o processo obsessivo exige tempo, a fim de que haja fixação das negatividades nas raízes do espírito daquele que no desenvolver das atitudes

pouco recomendáveis, abriu os campos da alma permitindo a sintonia. Sob as influências psíquicas negativas, alguns

apresentam reações leves e de mais fácil remoção, outros tantos carregam por anos as suas inconsequências. Estes últimos somente diante das dores advindas do processo conseguem neutralizar, em tempo específico, as manifestações obsessivas. Os quadros de mais fácil remoção encontram suas raízes nas camadas periféricas do psiquismo; isto é, da faixa do períspirito até a zona do campo material geralmente são respostas reativas mais fracas, portanto, mais fracas foram as reações negativas. Os casos mais críticos, de duradouras reações e de difícil neutralização, permite asseverar que existem implantações negativas em plenas camadas espirituais, aquelas que são envolvidas pelo corpo ou campo mental, portanto, implantações nos alicerces do espírito. Implantações, habitualmente, representam muitos componentes sedimentados por várias reencarnações, isto é, ações maléficas foram desenvolvidas em várias vidas em muitas oportunidades, daí sua sedimentação nos arcanos da alma. Nesta conjuntura, é fácil avaliar que a implantação de um processo obsessivo será variável e proporcional a intensidade da ação. Quanto maior for o desenvolvimento de uma ação negativa de resposta refletida nas reações cármicas de toda ordem, tudo dentro de uma lei que se perde no infinito fenomênico de suas próprias reações. Por isso Kardec foi bem expressivo quando classificou as obsessões em três parâmetros: O primeiro, o mais leve, denominou obsessão simples, o segundo, como grau intermediário, a fascinação, e o mais avançado, subjugação ou possessão. Na obsessão simples, o indivíduo possui total capacidade de raciocínio, percebe as distonias, chega mesmo a classificar certas tendências como não sendo suas. Havendo interesse pessoal, ao lado de orientações e conselhos, o indivíduo reage com certa facilidade. O importante é que o agredido procure orientar-se dentro de uma ética sadia, onde o próprio comportamento possa refletir atos positivos na tela consciente. Nesta contingência a Doutrina Espírita torna-se valiosa por fornecer elementos que possibilitam conhecimento daquele que sofreu o pequeno desvio. Se as atitudes do ser passam a ser coerentes, ele mesmo consegue livrar-se das influências, e o que é mais importante, torna-se psicologicamente falando, mais maduro; é como se fosse vacinado pela distonia temporária. No segundo grau de obsessão, o processo de fascinação, apesar de o indivíduo raciocinar, ler e conhecer certas máximas qualitativas da vida, encontra-se com o bloco dos sentimentos fixados em determinadas ideias. O Ser somente enxerga o que lhe convém – a influência negativa em constante ação. Mesmo que possua alguns conhecimentos espiritistas ou mensagens de alerta, as suas ideias estão convergidas para uma única direção;

esses indivíduos “flutuantes” jamais absorveram e muito menos procuram ter atitudes de vida coerente com a moral espírita, que é séria e sem pieguismos. Ficam flutuando na superficialidade, e somente enxergam as suas sugestões emocionais, que na maioria das vezes, não são próprias e sim absorvidas de sutis influências negativas. Todos os que carregam influências pretéritas e que não procuram corrigi-las, em útil movimentação de trabalho, podem ser colhidos nas malhas menos felizes das influenciações das irradiações espirituais em desalinho. Essas fixações se dariam na maioria das vezes por elogios desmedidos ou pela exaltação de conhecimentos inexistentes. Na absorção desses mananciais depreciativos haverá desencadeamento de autêntico processo de autofagia psicológica, pela sintonia com o elogio despropositado, ou pelas manifestações festivas de inexistentes valores, a fim de satisfazerem o próprio ego perante as efusões de mediocridade. Com isso os canais da alma ficam ligados às forças negativas e o envolvido passa a incorporar, definitivamente, a ideia ou grupo de ideias e a defendê-las, até com certa dose de insistência; essa condição pode dar nascimento às manifestações compulsivas, isto é, necessidade de realizar o impulso emocional em ação. Nesta segunda categoria colocamos, como típicas posições, o ciúme desmedido e o narcisismo. Este último campeia na nossa sociedade nas mais variadas manifestações, tanto no elemento masculino quanto feminino.




Tenho dúvidas com relação à aplicação do evangelho. O evangelho não reconhece o direito e ensina que eu devo sempre ceder, perdoar sempre e nunca exigir nada de quem me prejudica, de quem me agride. Ora, será que Deus, que é justo, e que me concedeu o direito de viver e de me realizar na vida, não reconhece o meu direito de exigir que os outros me respeitem, assim como devo respeitar a todos? Onde está o sentido de justiça no evangelho? (Anônimo por e-mail)


De fato, como você mesmo diz, “a justiça consiste em respeitar os direitos de cada um”. É o que está escrito na questão 875 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS e que todos deveríamos observar. Aliás, ela seria perfeita, se todos a observassem. Mas não é; ainda não sabemos fazer justiça (quando é para os outros, é claro!...), principalmente se tivermos defendendo um direito próprio. Isso porque ainda somos imperfeitos, egoístas e prepotentes ao reivindicar o que é nosso. Foi por isso que Jesus aconselhou que não nos preocupássemos apenas com justiça, quando se tratar da defesa do próprio direito.


Certa vez, ele afirmou: “Se a vossa justiça não for além da dos escribas e fariseus, não tereis o reino dos céus”. Nessa ocasião ele tocou numa questão ainda mais elevada que a justiça: a felicidade. E a felicidade não se faz somente com a aplicação pura e simples da justiça, mas com o sentimento de se estar bem consigo mesmo, de não se sentir culpado pelo que fez ou pelo que deixou de fazer. Jesus, então, refere-se à magnanimidade – ou seja, à qualidade de ser generoso, de ceder o próprio direito, quando isso for possível e quando se fizer necessário.


Nas relações humanas, via de regra, temos de fazer isso. Caso contrário é impossível conviver bem. Se formos aplicar apenas o sentido restrito de justiça ( o que é meu é meu, o que é seu é seu), ninguém cedendo nada a ninguém ( nem uma palavra, nem um sorriso, nem um gentileza), com certeza, destruiremos nossas melhores relações; desaparecerão a consideração, o gesto de carinho, a benevolência, o amor. Foi nesse sentido que Jesus falou. O direito não deve ser algo que tiramos do outro, mas ele pode ser muito mais elevado, se soubermos ceder; como fazem entre si as pessoas que se respeitam e se amam de verdade. O Pai nos trata com misericórdia.






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