Intelectual expressando-se sobre as mudanças pretendidas na legislação brasileira sobre o aborto comentou que pesquisa recente efetuada com jovens indica o crescimento expressivo dos que afirmam não pretender ter filhos. Confirmando-se a tendência, surge a pergunta: o que será da espécie humana no futuro? Considerando, segundo o Espiritismo, a importância do corpo físico no processo evolutivo e que na nossa Dimensão seguimos a direção induzida pela Espiritualidade de onde muitos dos avanços observados ao longo do século 20 nada mais são que a materialização do já existente nas realidades vibratórias adjacentes ao chamado Plano Material. Aí uma nova possibilidade: não será a reprodução assistida um prenúncio do amanhã no que se refere à disponibilização de corpos para a continuidade da vida física? O médium Chico Xavier, deixou-nos algumas pistas. A primeira registrada pelo Advogado e escritor Rafael Ranieri, amigos desde o final dos anos 40, que em 1969, após longo tempo, em visita a Chico em Uberaba, participando de bate-papo na casa do médium, ante a pergunta de alguém sobre pesquisas objetivando a replicação humana em laboratório, ouviu-o dizer: -“ A Ciência vai desenvolver o Ser humano em laboratório. Os cientistas vão fabricar um enorme útero e aí dentro vão gerar o Ser. Levarão talvez de duzentos a quatrocentos anos até conseguirem realizar. Aí libertarão a mulher do parto. E tem outra coisa: nesse útero, os Espíritos vão reencarnar, tudo direitinho, sem problema. Esse fato não vai alterar coisa alguma, a ciência vai conseguir isso. O avanço da Ciência é obra da Espiritualidade”. No ano seguinte, em entrevista a jornal uberabense, voltaria ao assunto esclarecendo: - O Espirito Emmanuel diz que o nosso respeito à Ciência deve ser inconteste e que o progresso da ciência é infinito, porque a solução do problema do tubo de ensaio, para o descanso do claustro materno é viável. Mas, restará à Ciência um grande problema, o problema do amor com que o Espírito reencarnante é envolvido no lar pelas vibrações de carinho, de esperança, ternura, confiança de pai e mãe, no período também da infância, em que a criança é rodeada de amor, muito mais alimentada de amor do que de recursos nutrientes da terra! Vamos ver como é que a Ciência poderá resolver este problema para que não venhamos a cair em monstruosidades do ponto de vista mental. Dias depois em conversa após o encerramento das atividades publicas com a mediunidade, disse que ‘no futuro, o Ciência libertará a mulher de gerar o filho no claustro materno. Teremos bancos de sêmem com doadores selecionados. O controle será de acordo com os óbitos e os homens de laboratório serão responsáveis pelos tubos de ensaio’. Ante o espanto causado, acrescentou: -‘Como é que nós nascemos? Nascemos como grama. Isso não vai continuar assim. No futuro haverá organização mais controlada. Mas tudo isso só acontecerá quando tivermos governos magnânimos. Quem sabe daqui uns bons tempos... Vamos aguardar. Os aparelhos poderão ser instalados no reduto do lar para receber as vibrações de amor dos pais, haverá mais fecundação espiritual do que material’. Como a história registra, 8 anos depois, em 1978, as experiências desenvolvidas resultaram no sucesso da primeira criança criada como se diz através do tubo de ensaio, naturalmente se servindo de outro corpo humano para promover a gestação após a implantação de óvulos fecundados através do processo conhecido como reprodução assistida. Os avanços não ficaram por aí, resultando na progressiva evolução. Talvez no tempo presumível apontado por Chico décadas atrás, consiga-se consumar-se renascimentos fora dos mecanismos que impõe à mulher tantos sacrificios.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS diz que Deus não criou nem a pobreza e nem a riqueza, e que isso tudo é obra dos homens, que pobreza e riqueza são provas para o Espírito. Mas há três pontos que eu gostaria de entender. Corrijam-me se estiver errado. Primeiro: sempre existem mais pobres do que ricos no mundo. Segundo: todo mundo quer ser rico, ninguém quer ser pobre; logo, ninguém quer seguir o Cristo, quando disse que é muito difícil um rico ir para céu. Terceiro: parece que ser pobre não condiz com a natureza humana. Não é contraditório isso? (Basílio Fernandes)
É um tema complexo este. Vamos tentar esclarecer como o Espiritismo trata esta questão. Existem duas espécies de bens: os bens materiais e os bens espirituais. Os primeiros estão representados pelas coisas, objetos, patrimônios e condições materiais, ou seja, por tudo aquilo que tem um valor econômico ou social. Os bens espirituais são os valores que não podem ser vistos, os conhecimentos, os sentimentos, as idéias e os ideais das pessoas.
Até hoje, são os bens materiais que prevalecem e é o poder econômico que governa o mundo. Como os bens patrimoniais são limitados, poucos estão de posse da maior parte e à maioria resta a parte menor desse patrimônio; daí os ricos serem uma minoria e os pobres a maioria. Esta ordem de coisas é feita pelo homem, pois sua finalidade sobre a Terra é o progresso – tanto o material, intelectual, quanto o espiritual.
Deus não determina nada. Ele criou suas leis que são perfeitas, deixando aos Espíritos a missão de cuidar de seu próprio destino, tanto o individual quanto o coletivo. No atual estágio evolutivo, ainda somos demasiados apegados à matéria, vivemos a maior parte do tempo envolvidos com necessidades materiais e damos muito pouco valor ao espírito. Por isso, essa condição do planeta. Como crianças, que ainda não cresceram, ainda vivemos naquela ilusão de que a felicidade está na posse das coisas, no poder, na fama.
Além do mais, quem comanda a sociedade são os poderosos. Eles têm interesse em proclamar as vantagens da riqueza, deixando os pobres frustrados. Quem é pobre sonha em ser rico, acreditando que com isso será feliz, posto que na verdade, acredita mais na vida material do que na vida espiritual. Mas é uma ilusão, pois a riqueza precisa ser mantida e, com certeza, tem um custo muito alto para aquele que a tem, pois ele se sente compelido a esforçar cada vez mais para manter seu patrimônio.
Quando Jesus afirma que é difícil o rico entrar no Reino dos Céus, ele está se referindo, primeiramente, à vida conturbada daqueles que têm muito e que vivem em função de seus bens. Isto não é novidade para ninguém: que o digam aquelas pessoas pobres que, de repente, ganham um alto prêmio na loteria. Elas nos podem afirmar com conhecimento de causa qual a diferença entre ser pobre e ser rico. A riqueza material sempre foi um peso muito grande para seus administradores, que se vêm diante de uma grande responsabilidade.
No Espiritismo aprendemos que tanto a pobreza quanto à riqueza servem de prova para o Espirito, pois ambas as situações representam um desafio para o ser humano, seja ele quem for. A prova do rico é saber administrar bem seu patrimônio, contribuindo para os interesses do bem comum. A prova do pobre é a resignação diante das adversidades, para viver uma vida sem revolta, sem inveja e sem a pretensão de se enriquecer por meios ilícitos. Seja qual for a situação, portanto, a vida é um desafio.
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