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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

PROFUNDA BELEZA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Na prodigiosa contribuição do Espírito Emmanuel através do médium Chico Xavier, existem textos que revelam superior inspiração. Um deles, ao que tudo indica, constituiu-se em mensagem dirigida a um grande trabalhador da Doutrina Espírita, desencarnado em acidente automobilístico em 1978, aos 65 anos de idade. Seu nome Rubens Romanelli, cujo histórico de vida revela um Espírito que cumpriu um programa reencarnatorio marcado por extremas dificuldades, mas que certamente cumpriu a maioria dos desafiantes itens previstos. Tendo iniciado sua vida profissional aos onze anos o que impossibilitou continuar os estudos, aos 21 anos, em seis meses fez o chamado curso de madureza, aos 26, ingressou por vocação na Faculdade de Filosofia, ingressando, posteriormente no magistério onde lecionou durante alguns anos, para, posteriormente, dedicar-se a professor na mesma Faculdade em que se formara, ligado à Universidade Federal de Minas Gerais. A suposição baseia-se no fato de que o texto pode ser encontrado em duas obras. A primeira, em PRIMADO DO ESPÍRITO (2000;Lachâtre), próprio Romanelli, publicada inicialmente pelos fins da década de 50. A segunda, no livro PAZ E LIBERTAÇÃO, (1966; CEU), de Autores Diversos. A suposição prende-se ao início da primeira transcrição onde o autor dirige-se ao destinatário “Meu filho”. Na segunda, o tratamento é omitido. Excetuando-se o título – na primeira QUANDO e na segunda MEDITAÇÃO e, o final da primeira em que se observa um paragrafo a mais, todo o resto é de profunda beleza. O teor da carta é o seguinte: MUDAR MÚSICA Orchidea dobrar e editar final ao final da leitura Faixa

- “Quando, nas horas de íntimo desgosto, o desalento te invadir a alma e as lágrimas te aflorarem aos olhos, busca-me: "eu sou aquele que sabe sufocar-te o pranto e estancar-te as lágrimas”.

Quando te julgares incompreendido dos que te circundam e vires que em torno há indiferença, acerca-te de mim: "eu sou a luz, sob cujos raios te aclaram a pureza de tuas intenções e a nobreza de teus sentimentos!"

Quando se te extinguir o ânimo para arrostares as vicissitudes da vida e te achares na iminência de desfalecer, chama-me: "eu sou a força capaz de remover-te as pedras do caminho e sobrepôrte às adversidades do mundo!"

Quando inclementemente te açoitarem os vendavais da sorte e se já não souberes onde reclinar a cabeça, corre para junto de mim: "eu sou o refúgio em cujo seio encontrarás guarida para teu corpo e tranquilidade para teu espírito!..."

Quando te faltar a calma, nos momentos de maior aflição e te considerares incapaz de conservar a serenidade de espírito, invoca-me: "eu sou a paciência que te faz vencer os transes mais dolorosos e triunfar nas situações mais difíceis."

Quando te debateres nos paroxismos da dor e tiveres a alma ulcerada pelos abrolhos, grita por mim: "eu sou o bálsamo que cicatriza as chagas e te minora os padecimentos!"

Quando o mundo te iludir com suas promessas falazes e perceberes que ninguém pode inspirar-te confiança, vem a mim: "eu sou a sinceridade que sabe corresponder à franqueza de tuas atitudes e à excelsitude de teus ideais!"

Quando a tristeza e a melancolia te povoarem o coração e tudo te causar aborrecimento, chama por mim: "eu sou a alegria que insufla um alento novo e te faz conhecer os encantos do teu mundo interior!"

Quando, um a um, te fenecerem os ideais mais belos e te sentires no auge do desespero, apela por mim: "eu sou a esperança que te robustece a fé e te acalenta os sonhos!"

Quando a impiedade recusar-se a relevar-te as faltas e experimentares a dureza do coração humano, procura-me: "eu sou o perdão que te levanta o ânimo e promove a reabilitação do teu espírito!"

Quando duvidares de tudo, até de tuas próprias convicções, e o ceticismo te avassalar a alma, recorre-te a mim: "eu sou a crença que te inunda de luz e entendimento e te habilita para a conquista da felicidade!"

Quando já não provares a sublimidade de uma afeição terna e sincera e te desiludires do sentimento do teu semelhante, aproxima-te de mim: "eu sou a renúncia que te ensina a olvidar a ingratidão dos homens e a esquecer a incompreensão do mundo!"

E quando, enfim, quiseres saber quem sou, pergunta ao riacho que murmura e ao pássaro que canta, à flor que desabrocha e à estrela que cintila, ao moço que espera e ao velho que recorda.

"Chamo-me AMOR, o remédio para todos os males que te atormentam o espírito! Eu, sou JESUS!"





Prestem atenção nesta questão, formulada pela ouvinte Doracy, residente na Vila Mariana: Ela pergunta: “ O que significa para o Espiritismo os pais que perdem um filho na flor da idade? Será que eles estão pagando pelos pecados que cometeram?”


Doracy, nós, espíritas, não costumamos usar a palavra “pecado”, que tem uma conotação religiosa muito forte de “condenação”. Preferimos falar em “erros”, “enganos” ou “deslizes”. Somos Espíritos em evolução e uma das formas pelas quais aprendemos, é sofrendo as conseqüências dos erros ou enganos que cometemos. A Doutrina Espírita nos ensina que, em nossa vida – como em tudo no universo – o que funciona é a lei de causa e efeito ou lei de causalidade. Todo efeito tem uma ou mais causas: se procurarmos, podemos encontrá-las. Entretanto, não é fácil, porque não sabemos o que fizemos em encarnações anteriores e muito menos o que os outros fizeram.


Você pergunta se os pais, que perdem seus filhos, ainda crianças ou jovens, estão respondendo por alguma falta do passado. Referindo a encarnações passadas podemos levantar essa possibilidade. Mas com relação ao passado da atual encarnação, seria plausível, se esses pais fossem pessoas irresponsáveis, ausentes e, talvez, até mesmo provocadores da situação que levou esse filho à morte. Na maior parte das vezes, porém, acontece justamente o contrário: os pais são responsáveis, amorosos e tudo fazem para o bem do filho. Assim mesmo, enfrentam a situação inesperada de sua morte na flor da idade.


Os Espíritos Benfeitores costumam dizer que tais casos são provações para os pais, ao mesmo tempo em que podem ser situações que estavam previstas no plano de vida do filho. Ora, isso quer dizer que, antes de reencarnar, esses pais assumiram um compromisso com esse Espírito, sabendo de antemão que sua vida na Terra seria de curta duração. Embora sofrendo, quando esses pais se mostram mais resignados e sabem absorver o impacto dessa dor, é mais provável que seja uma provação, que eles mesmos escolheram, aliada à missão que tiveram junto a esse filho.


A Doutrina Espírita nos ensina que devemos sofrer o menos possível diante de situações que não podem ser modificadas. Quando a nossa intervenção é útil e o problema pode ser resolvido – aí, sim! – vale a pena sofrer. Mas quando não há o que fazer – pelo menos em termos desta vida, para salvar alguém da morte, por exemplo – devemos, primeiramente, confiar em Deus, concebendo que nada acontece por acaso e que nós, como pais, somos instrumentos do bem, fazendo o melhor ao nosso alcance, e que não devemos nos mortificar . A prece é um instrumento poderoso de conforto intimo, mas podemos também recorrer à presença de um amigo, à leitura de livros edificantes e confortadores que abordem o assunto, à busca desse despertar de nosso Deus interior, através da frequência a uma reunião espírita, que fale do evangelho e ministre passes.




terça-feira, 14 de janeiro de 2025

GALILEU, O ESPIRITISMO E O PROGRESSO HUMANO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Haverá alguma relação entre Galileu, a Humanidade e o Espiritismo? Allan Kardec abrindo a edição da REVISTA ESPIRITA de abril de 1867, mostra que sim. Acompanhemos alguns de seus argumentos: -“Galileu, um dos primeiros a revelar as leis do mecanismo do Universo, não por hipóteses, mas por uma demonstração irrecusável, abriu caminho a novos progressos. Por isto mesmo devia produzir uma revolução nas crenças, destruindo os fundamentos científicos errôneos sobre os quais elas se apoiavam. A cada um a sua missão. Nem Moisés, nem o Cristo tinham a de ensinar aos homens as leis da Ciência; o conhecimento dessas leis devia ser o resultado do trabalho e das pesquisas do homem, da atividade e do desenvolvimento de seu próprio espírito, e não de uma revelação a priori, que lhe tivesse dado o saber sem esforço. Eles não deviam nem podiam lhes ter falado senão numa linguagem apropriada ao seu estado intelectual, sem o que não teriam sido compreendidos. Moisés e o Cristo tiveram sua missão moralizadora; a gênios de uma outra ordem são deferidas missões científicas. Ora, como as leis morais e as leis da Ciência são leis divinas, a religião e a filosofia só podem ser verdadeiras pela aliança destas leis. O Espiritismo baseia-se na existência do princípio espiritual, como elemento constitutivo do Universo; repousa sobre a universalidade e a perpetuidade dos seres inteligentes, sobre seu progresso indefinido, através dos mundos e das gerações; sobre a pluralidade das existências corporais, necessárias ao seu progresso individual; sobre sua cooperação relativa, como encarnados ou desencarnados, na obra geral, na medida do progresso realizado; sobre a solidariedade que une todos os seres de um mesmo mundo e dos mundos entre si. Nesse vasto conjunto, encarnados e desencarnados, cada um tem sua missão, seu papel, deveres a cumprir, desde o mais ínfimo até os anjos, que nada mais são que Espíritos humanos chegados ao estado de Espíritos puros, e aos quais são confiadas as grandes missões, o governo dos mundos, como a generais experimentados. Em vez das solidões desertas do espaço sem limites, por toda parte a vida e a atividade, em parte alguma a ociosidade inútil; por toda parte o emprego dos conhecimentos adquiridos; em toda parte o desejo de progredir ainda e de aumentar a soma de felicidades, pelo emprego útil das faculdades da inteligência. Em vez de uma existência efêmera e única, passada num cantinho da Terra, que decide para sempre de sua sorte futura, impõe limite ao seu progresso e torna estéril, para o futuro, o trabalho a que se entrega para instruir-se, o homem tem por domínio o Universo; nada do que sabe ou do que faz fica perdido: o futuro lhe pertence; em vez do isolamento egoísta, a solidariedade universal; em lugar do nada, segundo alguns, a vida eterna; em lugar da beatitude contemplativa perpétua, segundo outros, que a tornaria de uma inutilidade perpétua, um papel ativo, proporcionado ao mérito adquirido; em vez de castigos irremissíveis por faltas temporárias, a posição que cada um conquista por sua perseverança no bem ou no mal; em vez de uma mancha original, que o torna passível de faltas que não cometeu, a consequência natural de suas próprias imperfeições nativas; em vez das chamas do inferno, a obrigação de reparar o mal que se fez e recomeçar o que se fez mal; em vez de um Deus colérico e vingativo, um Deus justo e bom, que leva em conta todo arrependimento e toda boa vontade. (...) O Espiritismo, que tem como objetivo especial o conhecimento do elemento espiritual, só podia vir depois; para que pudesse tomar o seu impulso e dar frutos, para que pudesse ser compreendido em seu conjunto.



Gostaria de saber por que vocês dizem que o reino de Deus não é um lugar no céu para onde vão aqueles que receberem a salvação? (João)


Porque foi isso que Jesus disse, prezado ouvinte. Há vários momentos, no evangelho, em que ele se refere ao Reino de Deus ou Reino dos Céus que, aliás, constitui o ponto central de sua doutrina. Mas Jesus usava uma linguagem alegórica, poética, cheia de figuras, que alguns não entendiam; às vezes, nem mesmo seus discípulos, como foi o caso da mulher de Zebedeu que veio lhe pedir que reservasse aos seus dois filhos (discípulos de Jesus) um lugar à sua direita e outro à sua esquerda no reino dos céus. Jesus, percebendo que ela não havia entendido a sua mensagem, respondeu que a ele não cabia decidir sobre tal coisa.


Do mesmo modo, quando proclamou “Meu reino não é deste mundo”, muitos pensaram que ele estava falando da vida após a morte ou de um lugar no plano espiritual, onde ele pudesse exercer o seu reinado. Entretanto, Jesus se referia a um reino moral, isto é, ele não falava de um lugar determinado ou de mundo material, como a Terra; mas de uma condição espiritual de amor, de paz e de solidariedade que todos podemos conquistar ainda nesta vida, onde certamente ele já vivia. A conquista desse reino ou a vinda desse reino para nós, conforme se referia, depende, portanto, do sentimento e do caráter de cada um de nós, sobretudo de nossas obras. Logo, não é Jesus que decide; ele apenas convida - somos nós que decidimos por esse reino.


O reino moral, portanto, não é um lugar determinado; mas, sim, um estado de alma. Jesus podia estar cercado de ódio e violência por parte de seus inimigos e agressores, mas ele mesmo, por ser um Espírito Superior, convivia com a paz e o amor dentro de si mesmo ( o Reino de Deus de que falava), pois ele não sabia odiar ou desejar mal a quem quer que fosse; pelo contrário, procurava ser útil, ajudando aqueles que necessitavam. Entretanto, é no evangelho de Lucas, no capítulo 17, e a partir do versículo 20, que encontramos a seguinte citação, que você pode conferir:


E, interrogado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus lhes respondeu: “O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: “ei-lo aqui ou ei-lo ali”, porque o Reino de Deus está dentro de vós”.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL - O QUE É; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Advertem os Espíritos devotados ao Bem que a influência espiritual é coisa corriqueira na sociedade em nossa Dimensão na atualidade. O Espiritismo pela essência de sua constituição detém muitas informações sobre o tema. Do repertório extraordinário por ele disponibilizado desde seu surgimento, destacamos algumas questões que fazem parte do vídeo OBSESSÃO – as respostas que o Espiritismo dá inserido no YOUTUBE. Vamos a elas: Todos estão então sujeitos ao assédio e influência obsessiva? Os Espíritos não são iguais nem em poder, nem em conhecimento, nem em sabedoria. Como não passam de almas humanas desembaraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade de tipos maior que a que encontramos entre os homens da Terra. Estamos incessantemente cercados por uma nuvem de Espíritos que nem por serem invisíveis aos nossos olhos materiais deixam de estar no espaço, em redor de nós, ao nosso lado, espiando os nossos atos, lendo nossos pensamentos, uns para nos fazer bem, outros para nos fazer mal, segundo os Espíritos bons ou maus. Pela inferioridade física e moral de nosso Globo na hierarquia dos mundos, os Espíritos inferiores aqui são mais numerosos que os superiores. (RE; 10/1858) Os maus Espíritos só se dirigem àqueles a quem sabem poder dominar e não àqueles a quem a superioridade moral – não dizemos intelectual, encouraça contra os ataques. (RE; 5/1863) O que é auto-obsessão? A memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e ouvimos. Por intermédio dela, somos condenados ou absolvidos, dentro de nós mesmos. Não importa o tempo que mantenhamos o remorso a distância. Cada pensamento de indignação das vítimas que se faz nas vivências que se tem, circula na atmosfera psíquica do agressor, esperando ensejo de fazer-se sentir. Além disso, com a maneira cruel de proceder, atrai-se a convivência constante de entidades de péssimo comportamento que vão lhe arruinando o teor da vida mental, até que o remorso abra brecha na fortaleza em que o agressor se entrincheira. As forças acumuladas dos pensamentos destrutivos que a pessoa provoca sobre si mesma, através da conduta irrefletida a que se entrega levianamente, libertas de súbito pela aflição e pelo medo, quebram a fantasiosa resistência orgânica, quais tempestades que se sucedem furiosas. Sobrevindo a crise, energias desequilibradas da mente em desvario vergastam os delicados órgãos do corpo físico. Os mais vulneráveis sofrem consequências terríveis. (L; 11) Obsessão e Vampirismo Espiritual são a mesma coisa? A perda do veículo físico na deficiência espiritual em que se encontram os viciados (químicos ou sensoriais como no campo do sexo), deixam o Espírito integralmente desarvorado, como naufrago dentro da noite. Sintoniza-se com o organismo da criatura com que se afinisa a quem passa a obsediar, nela encontrando novo instrumento de sensação, vendo por seus olhos, ouvindo por seus ouvidos, muitas vezes falando por sua boca, vitalizando-se com os alimentos comuns consumidos pela vítima. Nessa simbiose vivem ambos, por vezes, por anos seguidos, requerendo para se curar das fobias que se refletem da mente do obsessor, sejam afastados os fluidos que envolvem o obssediado, assim como a coluna, abalada pelo abraço constringente da hera reclama limpeza em favor do reajuste. (NDM; 6) Um Espírito bom pode obsediar alguém? A obsessão não pode jamais ser o efeito causado por um bom Espírito. A questão essencial é saber reconhecer a natureza daqueles que se apresentam. O conhecimento prévio dos meios de distinção dos bons Espíritos e dos maus é, portanto, indispensável. É importante para o simples observador que pode, por esse meio, apreciar o valor do que vê, lê ou escuta. (OQE; 77)




Os membros de uma família têm um tempo para se aproximar, conviver, fazer tentativas para se afinarem uns com os outros. Por um bom tempo, essas relações parecem fluir, caminhar para um ajustamento. Mas, quando todos vão se afastando e se desentendendo é porque o compromisso acabou? Ou todos erraram novamente?” (Leninha)


Temos aprendido com a Doutrina Espírita que os membros de uma família não se reúnem por acaso. A família, do ponto de vista espírita, é uma fonte de conflitos, porque nela não se reencontram apenas velhos amigos de outras existências, ou Espíritos que estão se encontrando agora pela primeira vez, mas também Espíritos inimigos de outras épocas, o que explica seus intrincados problemas. Há, portanto, uma finalidade providencial em toda família: aqueles que se entendem bem, que se amam (vamos dizer assim), devem ajudar o relacionamento daqueles que não se entendem.


Mas o fato de Espíritos adversários se reencontrarem no seio de uma família – na condição de marido e mulher, pais e filhos, irmãos ou outro vínculo qualquer consangüinidade ou afinidade – não quer dizer que eles vão conseguir resolver suas diferenças numa única encarnação. Quer dizer apenas que estão fazendo mais uma tentativa nesse sentido. As soluções vão ocorrer, geralmente, quando há um bom direcionamento para isso, como a educação dos pais, o despertar dessas consciências para os valores espirituais, a colaboração dos familiares mais lúcidos, na formação de um ambiente propício ao entendimento. Se não atingirem essa meta, com certeza, acumularão mais problemas para o futuro.


A lei da reencarnação é a grande nesse sentido; ela é guardiã da reaproximação dos adversários, porque possibilita que se reencontrem para resolverem entre si seus próprios problemas, cada vez em circunstâncias diferentes das anteriores. Mas quem vai resolver o problema serão os protagonistas da história, os espíritos que não se amam e que precisam aprender a se amar. A natureza não tem pressa: se não obtiverem o êxito, eles arcarão com as consequências, pois terão de recomeçar tudo de novo em novas situações de vida.





 



domingo, 12 de janeiro de 2025

-O ESPIRITISMO E O SEXO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

Polemicas e discussões acaloradas em torno da cura das chamadas inversões na área da sexualidade circunscrevem-se mais aos efeitos que as prováveis causas. O Espiritismo já na sua origem oferece bases para pelo menos reflexões mais objetivas sobre a questão. Na sequencia alguns pontos para embasar estudos mais aprofundados em torno da questão:1- Os Espíritos encarnam nos diferentes sexos; aquele que foi homem, poderá renascer mulher e aquele que foi mulher poderá renascer homem, a fim de realizar os deveres de cada uma dessas posições, e sofrer-lhes as provas. 2- Sofrendo o Espírito encarnado a influência do organismo, seu caráter se modifica conforme as circunstâncias e se dobra às necessidades e exigências impostas pelo mesmo organismo. Esta influência não se apaga imediatamente após a destruição do invólucro material, assim como não perde instantaneamente os gostos e hábitos terrenos. 3- Percorrendo uma série de existências no mesmo sexo, conserva durante muito tempo, no estado de Espirito, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca nele ficou impressa. 4- Se esta influência se repercute da vida corporal para a espiritual, o mesmo se dá quando o Espírito passa da vida espiritual para a corporal. Numa nova encarnação trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito. Se for avançado, será um homem avançado; se for atrasado, será um homem atrasado. Mudando de sexo, poderá então, sob essa impressão e em sua encarnação, conservar os gostos, inclinações e o caráter inerente ao sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes, notadas no caráter de certos homens e de certas mulheres. 5- Não existe diferença entre o homem e a mulher, senão no organismo material, que se aniquila com a morte do corpo. Mas, quanto ao Espírito, à alma, o Ser essencial, imperecível, ela não existe, porque não há duas espécies de almas. 6- A sede real do sexo não se acha, no veículo físico, mas sim na entidade espiritual em sua estrutura complexa. 7- O sexo é mental em seus impulsos e manifestações. 8- Além da trama de recursos somáticos, a alma guarda a sua individualidade sexual intrínseca, a definir-se na feminilidade ou masculinidade, conforme os característicos acentuadamente passivos ou claramente ativos que lhe sejam próprios. 9- A energia natural do sexo, inerente à própria vida em si, gera cargas magnéticas em todos os seres, pela função criadora de que se reveste, caracterizadas com potenciais nítidos de atração no sistema psíquico de cada um. 10- O instinto sexual não é apenas agente de reprodução, mas reconstituinte de forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na permuta de raios psíquico-magnéticos necessários ao seu progresso. 11- O Espírito reencarna em regime de inversão sexual, como pode renascer em condições transitórias de mutilação ou cegueira. Isso não quer dizer que homossexuais ou intersexos estejam em posição, endereçados ao escândalo ou à viciação, como aleijados e cegos não se encontram na inibição ou na sombra para serem delinquentes. 12- O conceito de normalidade ou anormalidade são relativos. Se a cegueira fosse a condição da maioria dos Espíritos reencarnados na Terra, o homem que pudesse enxergar seria positivamente minoria e exceção. 13- Ações praticadas contra pessoas do sexo oposto na busca de prazer a qualquer preço, impõem além da morte a desorganização mental do causador manifestada através da alienação mental exigindo para seu reequilíbrio muitas vezes pela intervenção os Agentes da Lei Divina, reencarnações compulsórias renascendo em corpo inversos às suas características momentâneas de masculinidades ou feminilidade, para que no corpo inverso, no extremo desconforto íntimo, aprenda a respeitar o semelhante lesado. 14- A inversão também ocorre por iniciativa daqueles que, valendo-se da renúncia construtiva para acelerar o passo no entendimento da vida e do progresso espiritual no intuito de operarem com mais segurança e valor o acrisolamento moral de si mesmos ou na execução de tarefas especializadas, através de estágio perigosos de solidão, em favor do campo social da Terra 15- Masculinidade ou feminilidade totais são inexistentes na personalidade humana, do ponto de vista psicológico, visto que homens e mulheres, em Espírito, apresentam certa percentagem de característicos viris ou feminis em cada indivíduo, o que não assegura possibilidades de comportamento íntimo normal para todos, segundo a conceituação de normalidade que a maioria dos homens estabeleceu para o meio social. 16- Homens e mulheres podem nascer homossexuais ou intersexos, seja como expiação ou em obediência a tarefas específicas –, como são suscetíveis de tomar o veículo físico na condição de mutilados ou inibidos em certos campos de manifestação para melhorar-se e nunca sob a destinação do mal. 17- A Terra, pouco a pouco, renovará princípios e conceitos, diretriz e legislação, em matéria de sexo, sob a inspiração da ciência, que situará o problema das relações sexuais no lugar que lhe é próprio .




Os espíritas dizem que milagres não existem. Então, quer dizer que o poder de Deus é tão limitado quanto o do homem, porque Ele não pode fazer as coisas diferentes do que são. A cura de um câncer, quando a medicina não consegue mais nada, não é ir além do possível? Isso não é milagre? (Anônimo)


Primeiramente, caro ouvinte, precisamos definir o que é milagre para, assim, podermos dizer se existe ou não existe. Na concepção religiosa comum, milagre é um fato extraordinário que contraria as leis da natureza. Se, por exemplo, a lei for a da gravitação, descoberta por Newton, o natural é você soltar uma pedra de certa altura e a pedra cair no chão. O milagre seria a pedra não cair – ou ficar flutuando no espaço ou, então, subir.


Ora, como o Espiritismo encararia essa situação, se ela realmente viesse a acontecer ( de a pedra flutuar ou subir, ao invés de cair)? Segundo a doutrina, para que isso aconteça, é necessário que uma força, de baixo para cima, atue sobre essa pedra – ou apenas segurando-a ou impulsionando a pedra para cima. E de onde viria essa força, se ninguém percebe nada? Da própria natureza. Trata-se de uma força desconhecida que estaria causando o fenômeno.


Não é Deus que está causando isso? Bem, não podemos negar que Deus está em tudo na natureza e, portanto, nada acontece fora de suas leis. Pode ser que Espíritos causem tal fenômeno, mobilizando forças que desconhecemos, mas isso só quer dizer que eles estão agindo fora das leis da natureza. Acontece que a natureza não é só que vemos, o que ouvimos ou o que podemos perceber; há muita coisa na natureza que desconhecemos. E isso quer dizer que as leis da natureza – por serem leis de Deus e por serem leis perfeitas – jamais são contrariadas.


Se consideramos como milagre todos os fenômenos extraordinários, então, podemos dizer que eles estão acontecendo a todo momento. A vida, por exemplo, é um milagre da natureza: a ciência não conseguiu explicá-la até agora. A inteligência humana é um milagre. E, hoje, diante do extraordinário progresso da ciência humana, vemos acontecer milagres todos os dias na medicina, quando milhões de pessoas são curadas; no passado, quase todas morriam.


Mas tudo isso é autoria de Deus. O ser humano é um milagre de Deus. Nesse sentido existem milagres, mas o milagre, em que o Espiritismo não acredita, é aquele que contraria as próprias leis de Deus. Por quê? Porque nada que acontece no Universo foge das leis perfeitas de Deus, e a sua grandeza, o seu poder, se manifesta justamente através do cumprimento de suas leis. Sobre isso o ilustre cientista Albert Einstein teria dito que há duas formas de ver o mundo: a primeira, como se o milagre não existisse; e a segunda, como se tudo fosse milagre.

sábado, 11 de janeiro de 2025

PRESSENTIMENTOS E PROGNÓSTICOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Apoiando-se em fatos que envolveram algumas personalidades importantes do passado da França, Allan Kardec escreve na edição de novembro de 1867 da REVISTA ESPÍRITA um artigo em que procura explicar a diferença entre as duas situações propostas pelos termos pressentimentos e prognósticos. Cita o livro Memórias De Madame Chapman em que é relatado que na época em que tinha sido concebida a ideia de unir Maria Antonieta, a filha da Imperatriz Maria Tereza, ao filho de Luiz XV, esta buscou ouvir o Cura Gassner - reconhecido pelos seus à época chamados dons - a quem consultava muitas vezes, que ante a pergunta se sua “Antonieta seria feliz?”, após longa reflexão, empalideceu estranhamente e, apesar de manter enigmático silêncio, premido pela Imperatriz, disse: -“Senhora, há cruzes para todos os ombros”. A História registrou que desde o dia do casamento ocorrido em 16 de maio de 1770, uma sucessão de acontecimentos inclusive atmosféricos assinalaram essa pagina da vida de tanta gente famosa. O próprio Luiz XV, ouvira em 1757, de um astrólogo levado à sua presença pela Madame Pompadour, depois de ter feitos cálculos a partir da sua data de nascimento, disse-lhe:-“ Senhor, vosso reino é celebre por grandes acontecimentos; o que se seguirá sê-lo-á por grandes desastres”. Voltando à Maria Antonieta, após 8 anos de esterilidade, concebeu a uma menina e, três anos depois, ao que seria o herdeiro da Coroa, acontecimento comemorado em festa por toda Paris, em 21 de janeiro de 1782, onze anos antes da morte do Rei e do aprisionamento da Rainha para ser guilhotinada, em 1793, um ano após o marido, acusada de traição pelos que fizeram a Revolução Francesa. Analisando a questão Allan Kardec pondera: -“Nestes fatos, há que considerar duas coisas bem distintas: os pressentimentos e os fenômenos considerados como prognósticos de acontecimentos futuros. Não se poderiam negar os pressentimentos, dos quais há poucas pessoas que não tenham tido exemplos. É um desses fenômenos cuja explicação a matéria só é impotente para dar, porque se a matéria não pensa, também não pode pressentir. É assim que o materialismo a cada momento se choca contra as coisas vulgares que o vem desmentir. Para ser advertido de maneira oculta daquilo que se passa ao longe e de que não podemos ter conhecimento senão num futuro mais ou menos próximo pelos meios comuns é preciso que algo se desprenda de nós, veja e entenda o que não podemos perceber pelo olhos e pelos ouvidos, para referir a sua intuição ao nosso cérebro. Esse algo deve ser inteligente, desde que compreende e, muitas vezes, de um fato atual, prevê consequências futuras. É assim que por vezes temos o pressentimento do futuro. Esse algo não é outra coisa senão nós mesmos, nosso Ser espiritual, que não está confinado no corpo, como um pássaro numa gaiola, mas que, semelhante a um balão cativo, afasta-se momentaneamente da Terra, sem cessar de a ela estar ligado. É sobretudo nos momentos em que o corpo repousa, durante o sono, que o Espírito, aproveitando o descanso que lhe deixa o cuidado de seu invólucro, em parte recobra a liberdade e vai colher no espaço, entre outros Espíritos, encarnados como ele, ou desencarnados, e no que vê, ideias cuja intuição traz ao despertar. Essa emancipação da alma por vezes se dá no estado de vigília, nos momentos de absorção, de meditação e de devaneio, em que a alma parece não mais preocupada com a Terra. Ocorre, sobretudo de maneira mais efetiva e mais ostensiva nas pessoas dotadas do que se chama a dupla vista ou visão espiritual. Ao lado das intuições pessoais do Espírito, há que colocar as que lhe são sugeridas por outros Espíritos, quer em vigília, quer no sono, pela transmissão de pensamentos de alma a alma. ´É assim que muitas vezes se é advertido de um perigo, solicitado a tomar tal ou qual direção, sem que por isto o Espírito cesse de ter o seu livre arbítrio. São conselhos e não ordens, porque sempre fica livre de agir à sua vontade.



Esta questão foi formulada por um de nossos ouvintes, que não quer se identificar. A pergunta é a seguinte: “É possível termos feito tanto mal para algumas pessoas em vidas passadas e, hoje, por mais tentativas de aproximação, de atitudes de bondade, elas não nos enxergam com bons olhos? E sempre há um choque de opiniões, uma desconfiança, que não conseguimos um ajuste harmônico? Seria melhor nos afastarmos delas, então?”


Diz a Espiritualidade que é comum os adversários dos passados, quando não há outra maneira de resolver suas diferenças, voltarem no mesmo grupo ou na mesma família, e em circunstâncias diferentes da anterior, para poderem se conhecer melhor, através de outros tipos de relação, numa tentativa de reaproximação. Embora não tenham consciência disso, eles vão sentir dificuldades de relacionamento, como é natural, pois são Espíritos que se rejeitam. Evidentemente, eles não são obrigados a se aceitarem, por conta do antagonismo que existe entre eles, mas desde que um deles esteja realmente interessado nessa reconciliação, é possível que venham juntos para esse objetivo.


Os planejadores dessa reencarnação contam a compreensão e o esforço desse Espírito mais lúcido, e o ajudam a buscar o melhor caminho para a reaproximação. Contudo, nem sempre conseguem êxito total no seu intento, mas podem alcançar metas importantes nesse relacionamento, mesmo que, aparentemente, pareça que nada se conquistou. Quando um dos Espíritos está interessado na reconciliação e luta por isso, não resta dúvida de que ele está tendo um crescimento espiritual, a partir dessa experiência, mesmo que não alcance o sucesso desejado. As dificuldades, que vier a passar, podem compensá-lo espiritualmente diante de algum desconforto íntimo ou mesmo de sentimento de culpa que trazia do passado.


Todavia, devemos considerar que nem todo relacionamento difícil entre familiares, em que um se mostra compreensivo e outro não, é consequência de uma situação de inimizade do passado. Às vezes, ela pode configurar uma provação que o Espírito escolheu para desenvolver humildade e capacidade de doação. De outras vezes, pode ser um compromisso que assumiu para cuidar de um Espírito rebelde ou doente, que precisa de muita compreensão. Cada caso é um caso. Porém, abandonar a tarefa pode não ser a melhor solução, a não ser em último caso, quando a situação se mostra insustentável, e pode levar a consequências desastrosas, que inclusive venham acarretar prejuízos a terceiros.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

ATUALÍSSIMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Abrindo a pauta da REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1859, Allan Kardec apresenta interessante matéria intitulada “DEVEMOS PUBLICAR TUDO QUANTO OS ESPÍRITOS DIZEM?” que se mostra atualíssima, especialmente diante da profusão de títulos que disputam lugar nos expositores das livrarias ou catálogos de editoras e distribuidoras, demonstrando acirrada disputa por qual apresenta “revelações” ou “novidades” mais originais. Como livros espíritas se tornaram até meio de vida, revisões doutrinárias ou fundamentadas no bom senso, inexistem. O alvo é um público ávido por contéudos que chegam a ser estapafúrdios. As ponderações de Kardec sugerem reflexões. Diz ele: “- Esta pergunta nos foi dirigida por um dos nossos correspondentes. Respondemo-la da maneira seguinte: Seria bom publicar tudo quanto dizem e pensam os homens? Quem quer que possua uma noção do Espiritismo, por superficial que seja, sabe que o mundo invisível é composto de todos aqueles que deixaram na Terra o envoltório visível. Despojando-se, porém, do homem carnal, nem todos se revestiram, por isso mesmo, da túnica dos anjos. Há Espíritos de todos os graus de conhecimento e de ignorância, de moralidade e de imoralidade – eis o que não devemos perder de vista. Não esqueçamos que entre os Espíritos, assim como na Terra, há seres levianos, desatentos e brincalhões; falsos sábios, vãos e orgulhosos, de um saber incompleto; hipócritas, malévolos e, o que nos parecia inexplicável, se de algum modo não conhecêssemos a fisiologia desse mundo, há sensuais, vilões e crapulosos que se arrastam na lama. Ao lado disto, sempre como na Terra, temos seres bons, humanos, benevolentes, esclarecidos, de sublimes virtudes. Como, entretanto, nosso mundo não está na primeira nem na última posição, embora mais vizinho da última que da primeira, disso resulta que o mundo dos Espíritos abrange seres mais avançados intelectual e moralmente que nossos homens mais esclarecidos, e outros que ainda estão abaixo dos homens mais inferiores. Desde que esses seres têm um meio patente de comunicar-se com os homens, de exprimir seus pensamentos por sinais inteligíveis, suas comunicações devem ser um reflexo de seus sentimentos, de suas qualidades ou de seus vícios. Serão levianas, triviais, grosseiras, mesmo obscenas, sábias, científicas o sublimes, conforme seus caráter e sua elevação. Revelam-se por sua própria linguagem. Daí a necessidade de não aceitar cegamente tudo quanto vem do mundo oculto, e submetê-lo a controle severo. Com as comunicações de certos Espíritos, do mesmo modo que com os discursos de certos homens, poder-se-ia fazer uma coletânea muito pouco edificante(...). Ao lado dessas comunicações francamente más, e que chocam qualquer ouvido um pouco delicado, outras há que são simplesmente triviais ou ridículas (...). O mal é dar como sérias, coisas que chocam o bom senso, a razão e as conveniências. Nesse caso, o perigo é maior do que se pensa. Para começar, tais publicações tem o inconveniente de induzir em erro as pessoas que não estão em condições de examiná-las e discernir entre o verdadeiro e o falso, principalmente numa questão tão nova como o Espiritismo. Em segundo lugar, são armas fornecidas aos adversários que não perdem a oportunidade para tirar deste fato argumentos contra a alta moralidade do ensino espírita; porque, diga-se mais uma vez, o mal está em apresentar seriamente coisas que são notórios absurdos (...). As pessoas que estudaram a fundo a ciência espírita sabem qual a atitude que convêm a este respeito. Sabem que os Espíritos zombeteiros não tem o menor escrúpulo de enfeitar-se com nomes respeitáveis. Mas sabem também que esses Espíritos só abusam daqueles que gostam de se deixar abusar, que não sabem ou não querem esclarecidas suas astúcias pelos meios já conhecidos (...). Os Espíritos vão aonde acham simpatia e onde sabem que serão ouvidos (...).Publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte, seria, em nossa opinião, dar prova de pouco discernimento”.



Uma ouvinte que, por motivos óbvios, não quer revelar seu nome, contou-nos o seguinte caso: depois de frequentar por algum tempo o Espiritismo e de ler muitos livros espíritas, certa vez, convidada por uma amiga, ela passou a frequentar uma igreja evangélica, onde foi muito bem recebida. Entretanto, não se sentiu bem nessa igreja e acabou concluindo que seu lugar era mesmo no centro. Resolveu, assim, retornar. Certo dia, voltou a um determinado centro espírita, mas a pessoa que a atendeu disse que ela não poderia tomar passe, nem mesmo voltar ao centro, porque agora era evangélica. A ouvinte quer saber se esse procedimento está de acordo com a Doutrina Espírita.


Não, seguramente não está. A pessoa, que a atendeu – e que se conduziu dessa forma tão deselegante, tão mau educada – na verdade, não deve saber o que é o Espiritismo. Ficamos surpresos que isso tenha acontecido num centro denominado espírita. O Espiritismo tem por princípio atender muito bem a todos, indistintamente. Não lhe interessa quem seja a pessoa, de onde vem, que religião tem, se pretende ou pretende freqüentar o centro, se quer ou não ser espírita. A ação espírita, que se volta ao atendimento fraterno, chama-se caridade. E caridade é algo que se faz incondicionalmente, como ensinou Jesus.


O verdadeiro espírito cristão não conhece a barreira do preconceito, não alimenta ódio, não despreza e nem abandona ninguém. Quando uma pessoa chega ao centro – e isso geralmente acontece porque ela está passando por algum problema, ninguém lhe pergunta a religião, nem tampouco exige qualquer compromisso de fidelidade com a doutrina. Cada qual deve saber a veio e o que procura. Vai ouvir o que temos a lhe dizer e tirar suas próprias conclusões – sem pressão, sem intimidação – mas no pleno exercício de sua liberdade de escolha. Desse modo, mesmo que uma pessoa chegue ao centro e queira revelar ser de outra religião, sempre será muito bem atendida.


A forma como você foi recebido nesse centro não tem nada a ver com o Espiritismo. Ao contrário, fere frontalmente seus princípios de respeito e hospitalidade a quem chega, e temos certeza de que fere os princípios de qualquer grupo religioso bem intencionado – seja esta ou aquela religião - que realmente esteja atuando em benefício do próximo. Aconselhamos a que procure outro centro onde, com certeza, você voltará a ser muito bem acolhida.



quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

RECORDAÇÃO DE UMA VIDA ANTERIOR; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A REVISTA ESPÍRITA de julho de 1860, incluiu em sua pauta uma matéria resultante de uma evocação havida na reunião da Sociedade Espírita de Paris, motivada por uma carta enviada à publicação por um dos assinantes que, por sua vez, questionava Allan Kardec sobre as informações de um amigo que lhe escrevera expressando sua opinião sobre sua convicção sobre “a presença ou não, junto à nós, das almas dos que amamos”. Para justificá-la, expõem: -“Por mais ridículos que pareça, direi que minha convicção sincera é a de ter sido assassinado durante os massacres de São Bartolomeu. Eu era muito criança quando tal lembrança veio ferir-me a imaginação. Mais tarde, quando li essa triste página de nossa História, pareceu que muitos detalhes me eram conhecidos, e ainda creio que se a velha Paris fosse reconstruída eu reconheceria essa velha aleia sombria onde, fugindo, senti o frio de três punhaladas dadas pelas costas. Há detalhes desta cena sangrenta em minha memória e jamais desapareceram. Porque tinha eu essa convicção antes de saber o que tinha sido o São Bartolomeu? Porque, lendo o relato desse massacre eu me perguntei: é sonho, esse sonho desagradável que tive em criança, cuja lembrança me ficou tão viva? Por que, quando quis consultar a memória, forçar o pensamento, fiquei como um pobre louco ao qual surge e que parece lutar para lhe descobrir a razão? Porque? Nada sei. Certo me achareis ridículo, mas nem por isso guardarei menos lembrança, a convicção. Se dissesse que tinha sete anos quando tive um sonho assim: Eu tinha vinte anos, era um rapaz bem posto, parece que rico. Vim bater-me em duelo e fui morto (...). Às vezes me parece que um clarão atravessa essa névoa e tenho a convicção de que a lembrança do passado se restabelece em minh’alma”. O missivista “reafirma sua certeza da ligação entre pessoas simpáticas, a despeito da distância e relata uma experiência ocorrida com ele nas imediações de Lima, no Peru, em que em determinada hora e dia, foi acometido de forte dor no peito, a mesma hora em um seu irmão, na França, teve um ataque de apoplexia que lhe comprometeu gravemente a vida”. Oficial da Marinha, constantemente viajando, o autor das experiências, teve seu anjo da guarda evocado na reunião daquele dia, oferecendo entre as respostas por ele dadas, ponderações interessantes: Primeiro, que o motivo de sua evocação “não se tratava de satisfazer uma vã curiosidade, mas de constatar, se possível, um fato interessante para a ciência espírita, o da recordação de sua vida anterior ; segundo que a lembrança de sua morte em vida anterior, não era uma ilusão mas uma intuição real; terceiro que embora essa lembranças sejam muito raras, se devem um pouco ao gênero de morte que de tal modo o impressionou que está, por assim dizer, gravado em sua alma; quarto que depois dessa morte no São Bartolomeu não teve outras existências; quinto que tinha 30 anos quando de sua morte; sexto, que era ligado à casa de Coligny; sétimo, ter ocorrido seu homicídio no cruzamento de Bucy; oitavo, que a casa onde morreu não existe mais; nono, que não era personagem conhecido na história por ter sido um simples soldado de nome Gaston Vincent e, finalmente, décimo, que o comunicante foi àquela época seu anjo da guarda e continuava a sê-lo”. Em observação sobre o caso, Kardec acrescenta:-“ Céticos, mais trocistas que sérios, poderiam dizer que o anjo da guarda o guardou mal e perguntar por que não desviou a mão que o feriu. Embora tal pergunta mereça apenas uma resposta, talvez algumas palavras sejam úteis. Para começar diremos que, se o morrer pertence à natureza humana, nenhum anjo da guarda tem o poder de opor-se ao curso das Leis da Natureza. Do contrário, razão não haveria para que não impedissem a morte natural, tanto quanto a acidental. Em segundo lugar, estando o momento e o gênero de morte no destino de cada um, é preciso que se cumpra


Faz pouco tempo, o papa admitiu a Teoria da Evolução, deixando claro que muita coisa, que está na Bíblia, não pode ser interpretada ao pé da letra. Isso mostra que a Igreja, aos poucos, vai admitindo aquilo que o Espiritismo sempre admitiu, porque o Espiritismo nunca se afastou da ciência. Será que as religiões todas, mais cedo ou mais tarde, vão chegar a admitir o que o Espiritismo admite. (Anônimo)


Conta Roberto Shiniashiki que, quando criança, morava em Santos e, certo dia, o pai o levou para conhecer o lugar onde poderiam contemplar toda a beleza da cidade. Disse-lhe o pai que seguiriam pelo melhor caminho. Mas, quando lá chegaram, Roberto observou que outras pessoas também ali chegavam, mas que chegavam por caminhos diferentes. Ele questionou o pai quanto ao melhor caminho, e este lhe respondeu: “Para nós, Roberto, o melhor caminho é o que viemos; para os outros, que vêm de outros pontos da cidade, o nosso não é o melhor caminho”. Diz ele que, desde então, compreendeu porque, na vida, as pessoas precisam seguir caminhos diferentes.


Seria muita pretensão nossa – falamos dos espíritas - considerar que somente nós estamos certos e que os outros estão errados. Aliás, pensar assim, seria contrariar um princípio da Doutrina Espírita que diz que ninguém é dono da verdade, e que todas as doutrinas, assim como todos os indivíduos estão em evolução ou em progresso em direção à verdade. As doutrinas religiosas são caminhos que levam o homem a Deus – ou seja, à felicidade. Aliás, todas elas admitem a existência de Deus e a imortalidade da alma, todas elas querem chegar lá.


A evolução é uma lei natural. Não há como contestá-la. Tudo no mundo está em constante mudança. A estabilidade das coisas, que julgamos ver pelos nossos olhos, não passa de aparência. E, nesse contexto universal de mudança, nós também estamos mudando: nós – pessoas, nós - doutrinas religiosas. Nenhuma religião, que atravessou séculos ou milênios de existência através da História, deixou de sofrer alguma mudança no seu longo e demorado percurso. A própria Bíblia – para quem é observador - ensina um conceito de Deus na época de Moisés, mas quando se chega ao fim, ao tempo de Jesus, a idéia de Deus é outra.


Logo, tudo muda. As idéias mudam. Nenhuma idéia, nenhuma concepção passa incólume pela vida. Ela vai sofrendo influências e tende a se transformar. Entretanto, existem dois grandes tipos de mudança: aquela que se dá vagarosamente, ao longo do tempo; e aquela que se dá repentinamente, bruscamente. A primeira é a mais comum e a que ocorre em nível individual e social, através de novas idéias que se infiltram pouco a pouco, como afirma Kardec. Uma religião, por exemplo, não poderia, de uma hora para outra, aceitar tudo o que antes rejeitava, sob pena de causar um grande impacto em seus fieis, deixando-os descompensados e confusos, posto que não estariam preparados para isso.


Entretanto, a diferença fundamental entre o Espiritismo e as religiões, é que o Espiritismo é uma doutrina moderna, que já surgiu em função das descobertas científicas, quando a ciência já tinha feito significativas conquistas. Por isso, seus princípios não podem se afastar do pensamento lógico e racional e daí por que tem mais facilidade de assimilar as novas verdades que vão sendo descobertas. As religiões antigas estão assentadas em idéias do passado, anteriores ao descobrimento das leis científicas e, portanto, elas são mais resistentes à mudança. Contudo, queiram ou não, elas estão sendo pressionadas pelas grandes mudanças de nosso tempo e, mais cedo ou mais tarde, terão de assimilá-las.


Certa vez, Kardec perguntou aos Espíritos se o homem poderia deter a evolução. E eles responderam, prontamente, que aquele que se opor à evolução será atropelado por ela. Pois, evolução não é invenção humana; é lei da natureza – e quem pode se opor à Lei da Natureza, que é Lei de Deus? Desse modo, todas as religiões acabarão por reconhecer a Teoria da Evolução, mais cedo ou mais tarde. E o próprio Espiritismo também está sujeito à Lei de Evolução e, por isso, não é estático; vai ter de acompanhar e se adequar a todas as mudanças que virão.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

O MÉTODO DE ALLAN KARDEC; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR



 Lembrando  a primeira edição de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, o início do cumprimento da promessa de Jesus no capítulo 14, versículo 26 do EVANGELHO DE JOÃO, reunimos a seguir informações sobre o método utilizado pelo Codificador do Espiritismo para validar o conteúdo da pioneira obra. As informações são daquele que se ocultaria no pseudônimo Allan Kardec, nome que utilizara em remota encarnação como sacerdote Celta. Conta ele: Numa das reuniões da Sra. Plainemaison, travei conhecimento com a família Baudin, que residia então à rua Rochechouart. O Sr. Baudin me convidou para assistir às sessões hebdomadárias que se realizavam em sua casa e às quais me tornei desde logo muito assíduo. Eram bastante numerosas essas reuniões; além dos frequentadores habituais, admitiam-se todos os que solicitavam permissão para assistir a elas. Os médiuns eram as duas senhoritas Baudin, que escreviam numa ardósia com o auxílio de uma cesta, chamada carrapeta e que se encontra descrita em O Livro dos Médiuns. Esse processo, que exige o concurso de duas pessoas, exclui toda possibilidade de intromissão das ideias do médium. Aí, tive ensejo de ver comunicações contínuas e respostas a perguntas formuladas, algumas vezes, até, a perguntas mentais, que acusavam, de modo evidente, a intervenção de uma inteligência estranha. Eram geralmente frívolos os assuntos tratados. Os assistentes se ocupavam, principalmente, de coisas respeitantes à vida material, ao futuro, numa palavra, de coisas que nada tinham de realmente sério; a curiosidade e o divertimento eram os móveis capitais de todos. Dava o nome de Zéfiro o Espírito que costumava manifestar-se, nome perfeitamente acorde com o seu caráter e com o da reunião. Entretanto, era muito bom e se dissera protetor da família. Se com frequência fazia rir, também sabia, quando preciso, dar ponderados conselhos e manejar, se ensejo se apresentava, o epigrama, espirituoso e mordaz. Relacionamo-nos de pronto e ele me ofereceu constantes provas de grande simpatia. Não era um Espírito muito adiantado, porém, mais tarde, assistido por Espíritos superiores, me auxiliou nos meus trabalhos. Depois, disse que tinha de reencarnar e dele não mais ouvi falar. Foi nessas reuniões que comecei os meus estudos sérios de Espiritismo, menos, ainda, por meio de revelações, do que de observações. Apliquei a essa nova ciência, como o fizera até então, o método experimental; nunca elaborei teorias preconcebidas; observava cuidadosamente, comparava, deduzia conseqüências; dos efeitos procurava remontar às causas, por dedução e pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo por válida uma explicação, senão quando resolvia todas as dificuldades da questão. Foi assim procedi sempre em meus trabalhos anteriores, desde a idade de 15 a 16 anos. Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro da Humanidade, a solução que eu procurara em toda a minha vida. Era, em suma, toda uma revolução nas ideias e nas crenças; fazia-se mister, portanto, andar com a maior circunspeção e não levianamente; ser positivista e não idealista, para não me deixar iludir. Um dos primeiros resultados que colhi das minhas observações foi que os Espíritos, nada mais sendo do que as almas dos homens, não possuíam nem a plena sabedoria, nem a ciência integral; que o saber de que dispunham se circunscrevia ao grau, que haviam alcançado, de adiantamento, e que a opinião deles só tinha o valor de uma opinião pessoal. Reconhecida desde o princípio, esta verdade me preservou do grave escolho de crer na infalibilidade dos Espíritos e me impediu de formular teorias prematuras, tendo por base o que fora dito por um ou alguns deles. O simples fato da comunicação com os Espíritos, dissessem eles o que dissessem, provava a existência do mundo invisível ambiente. Já era um ponto essencial, um imenso campo aberto às nossas explorações, a chave de inúmeros fenômenos até então inexplicados. O segundo ponto, não menos importante, era que aquela comunicação permitia se conhecessem o estado desse mundo, seus costumes, se assim nos podemos exprimir. Vi logo que cada Espírito, em virtude da sua posição pessoal e de seus conhecimentos, me desvendava uma face daquele mundo, do mesmo modo que se chega a conhecer o estado de um país, interrogando habitantes seus de todas as classes, não podendo um só, individualmente, informar-nos de tudo. Compete ao observador formar o conjunto, por meio dos documentos colhidos de diferentes lados, colecionados, coordenados e comparados uns com outros. Conduzi-me, pois, com os Espíritos, como houvera feito com homens. Para mim, eles foram, do menor ao maior, meios de me informar e não reveladores predestinados. Tais as disposições com que empreendi meus estudos e neles prossegui sempre. Observar, comparar e julgar, essa a regra que constantemente segui. Até ali, as sessões em casa do Sr. Baudin nenhum fim determinado tinham tido. Tentei lá obter a resolução dos problemas que me interessavam, do ponto de vista da Filosofia, da Psicologia e da natureza do mundo invisível. Levava para cada sessão uma série de questões preparadas e metodicamente dispostas. Eram sempre respondidas com precisão, profundeza e lógica. A partir de então, as sessões assumiram caráter muito diverso. Entre os assistentes contavam-se pessoas sérias, que tomaram por elas vivo interesse e, se me acontecia faltar, ficavam sem saberem o que fazer. As perguntas fúteis haviam perdido, para a maioria, todo atrativo. Eu, a princípio, cuidara apenas de instruir-me; mais tarde, quando vi que aquilo constituía um todo e ganhava as proporções de uma doutrina, tive a ideia de publicar os ensinos recebidos, para instrução de toda a gente. Foram aquelas mesmas questões que, sucessivamente desenvolvidas e completadas, constituíram a base de O LIVRO DOS ESPÍRITOS. No ano seguinte, em 1856, frequentei ao mesmo tempo as reuniões espíritas que se celebravam à rua Tiquetone, em casa do Sr. Roustan e Srta. Japhet, sonâmbula. Eram sérias essas reuniões e se realizavam com ordem. As comunicações eram transmitidas por intermédio da Srta. Japhet, médium, com auxílio da cesta de bico. Estava concluído, em grande parte, o meu trabalho e tinha as proporções de um livro. Eu, porém, fazia questão de submetê-lo ao exame de outros Espíritos, com o auxílio de diferentes médiuns. Lembrei-me de fazer dele objeto de estudo nas reuniões do Sr. Roustan. Ao cabo de algumas sessões, disseram os Espíritos que preferiam revê-lo na intimidade e marcaram para tal efeito certos dias nos quais eu trabalharia em particular com a Srta. Japhet, a fim de fazê-lo com mais calma e também de evitar as indiscrições e os comentários prematuros do público. Não me contentei, entretanto, com essa verificação; os Espíritos assim mo haviam recomendado. Tendo-me as circunstâncias posto em relação com outros médiuns, sempre que se apresentava ocasião eu a aproveitava para propor algumas das questões que me pareciam mais espinhosas. Foi assim que mais de dez médiuns prestaram concurso a esse trabalho. Da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes retocadas no silêncio da meditação, foi que elaborei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, entregue à publicidade em 18 de abril de 1857. Pelos fins desse mesmo ano, as duas Srtas. Baudin se casaram; as reuniões cessaram e a família se dispersou. Mas, então, já as minhas relações começavam a dilatar-se e os Espíritos me multiplicaram os meios de instrução, tendo em vista meus ulteriores trabalhos. INSTRUMENTO “É pela mediunidade efetiva, consciente e facultativa, que se chegou a constatar a existência do mundo invisível e, pela diversidade das manifestações obtidas ou provocadas, que foi possível esclarecer a qualidade dos seres que o compõem e o papel que representam na natureza. O médium fez pelo mundo invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos”. CAMPO DE PESQUISA Reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, muitas das quais resumidas ou relatadas nos números da REVISTA ESPÍRITA, bem como contribuições de correspondentes em várias partes da França e Europa que se mantinham em contato com Allan Kardec, dirimindo dúvidas ou relatando experiências.



Gostaria de saber se os Espíritos podem nos indicar soluções para nossos problemas. ( Mariane)


A crença nos Espíritos, Mariane, remonta ao inicio da humanidade. Quando o homem descobriu que podia entrar em contato com os desencarnados, há milhares de anos, achou que eles eram deuses, que tinham poderes especiais, sobrenaturais, sobre-humanos e que, portanto, eram capazes de resolver problemas que nós, na condição de encarnados, não conseguimos resolver.


Na obra intitulada “Cidade Antiga”, do historiador Fustél de Collange, o autor relata que no período que antecedeu ao surgimento das cidades no mundo, quando o homem ainda vivia isolado e espalhado pelas mais diversas regiões do planeta – notadamente na Europa e na Ásia - ele já homenageava seus mortos, construindo túmulos e erguendo altares, passando assim a adorá-los como Espíritos Protetores. E foi daí que surgiram os deuses da antiguidade.


A crença do poder mágico dos Espíritos sempre existiu, por falta de conhecimento sobre a vida depois da morte. Na Grécia Antiga havia o famoso oráculo dos deuses, onde as pessoas iam consultá-los a cata de soluções miraculosas. Até hoje, procuram médiuns, gurus e videntes... A Doutrina Espírita, porém, veio desmistificar essa crença, mostrando que os desencarnados são Espíritos como nós. A diferença está apenas no fato de que eles já não têm corpo físico, e nós o temos. Mas eles são as almas dos que viveram na Terra, ao nosso lado, e, por isso mesmo, não têm poderes miraculosos, nem varinha de condão para solucionar de forma mágica nossos problemas. Acontece que eles também têm problemas.


Mas isso não quer que não devamos recorrer à ajuda dos Espíritos Benevolentes e Sábios, do mesmo modo que não devemos deixar de buscar a ajuda de amigos e profissionais especializados. O que os bons Espíritos podem fazer é nos aconselhar, como faz uma pessoa de boa vontade mais experiente, mas se eles podem nos ajudar em muitos casos, com certeza, não poderão resolver por nós os problemas que são nossos. A vantagem dos Espíritos é que, estando desencarnados, algumas vezes podem ter acesso a certas informações que nós não temos – mas dentro da limitação de cada um, é claro, porque entre eles há os bons e os maus, os honestos e os desonestos, os sérios e os brincalhões, os sábios e os ignorantes.


Na verdade, os Espíritos não fazem milagres, mas podem nos ajudar a fazê-los, quando seguimos os conselhos sábios de Espíritos benevolentes. Dizemos milagres, no sentido de nos levar a soluções de problemas que pareciam insolúveis. Contudo, uma coisa é certa: os bons Espíritos, nossos amigos e protetores, estão mais preocupados com a nossa melhoria moral do que com a simples solução de problemas, até por que, muitas vezes, o problema faz parte da solução que eles querem para nós.