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sexta-feira, 21 de março de 2025

COINCIDÊNCIAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Faltavam alguns minutos para o meio-dia da quarta-feira, 30 de janeiro, a primeira depois da tragédia de Santa Maria, quando o telefone tocou. Do outro lado da linha, o senhor Newton, amigo a quem nos ligamos pela admiração mútua, músico aposentado que ajudou a escrever belas páginas na história da música popular brasileira. Frequentador eventual do Grupo Espírita em que proferimos regularmente palestras, informou estar nos procurando para saber da possibilidade de um fenômeno ocorrido na madrugada de segunda-feira passada (28/1), em sua casa. O que o fez se encorajar a fazer a ligação foi uma notícia veiculada pelo caderno COTIDIANO do jornal FOLHA DE SÃO PAULO, daquele dia em que nos telefonava. Ante minha resposta sobre não haver lido o matutino, disse que matéria incluía o parecer do pesquisador Anthony Wong, diretor médico do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP, afirmando que junto com a fuligem e o monóxido de carbono resultante da combustão dos materiais usados no revestimento acústico de baixa qualidade da Kiss, apareceu o cianeto, um gás inodoro e incolor, capaz de matar em prazo curtíssimo, de quatro a cinco minutos. Segundo o médico, o mesmo gás usado pelo nazistas nas câmaras de extermínio da Segunda Guerra. Nosso interlocutor ficara impressionado com a notícia porque, ainda na noite de domingo, juntamente com sua esposa fizeram uma prece em favor dos vitimados do acidente, bem como, dos seus familiares, perguntando-se, reencarnacionistas que são, onde a origem daquela triste ocorrência. Dormiram e, em meio ao repouso, ele sonhou que se encontrava numa reunião onde um expositor explicava que os atingidos pela provação, eram pessoas comprometidas com a utilização das câmaras de gás usadas para eliminar judeus, ciganos, negros, homossexuais, deficientes mentais no cruel processo de purificação criado e alimentado pela, segundo entendiam, raça superior. Ao acordar no dia seguinte, impressionado com o sonho, comentando com a esposa sua experiência, ela, mais espantada ainda, disse que sonhara algo parecido, cuja essência era a mesma no que concerne à origem da tragédia atual. Pergunta o Sr. Newton: “-É possível?”. Respondemos que, embora raro, sim. O Espiritismo, das questões 400 a 412 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, informa que durante o sono, geralmente nosso Espírito vivencia experiências no Plano Invisível, e, em condições especiais conserva fragmentos ou a essência das mesmas. Foi o que se deu com eles, já que adormeceram mentalmente se perguntando sobre o “por quê?”. Lembramo-nos então do filme AMEM (2002), do diretor Costa Gravas, que denuncia a razão da omissão da religião predominante no continente europeu ante as atrocidades cometidas sob o comando de Hitler. Uma das cenas mais impressionantes recriava a visita de um oficial da SS, personagem principal da película, a um galpão onde eram executados pelo mórbido processo da inalação do cianeto, homens, mulheres, crianças, velhos e jovens, correndo desorientados, no ambiente fechado à procura de ar. Questão de poucos minutos, tal o poder letal da substância química. Muitas coincidências foram relacionadas pelo senhor Newton. Mas uma das que mais impressionam, chegou-nos ao conhecimento na segunda-feira, quatro de fevereiro. Durante visita a um amigo, ele assistia pelo YouTube, pronunciamento do ex-Secretário Geral da ONU, Ban kin Moon, falando sobre a data escolhida para lembrar o Dia Internacional do Holocausto, a qual coincide com aniversário da libertação dos prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. O dia? 27 de janeiro. O mesmo da ocorrência de Santa Maria.



Eu quero saber se é preciso ser espírita para alcançar a salvação.


Primeiro, é preciso entender o que seja salvação. Na concepção judaico-cristã, salvação está ligada à idéia de céu e inferno, ou seja de felicidade ou de sofrimento eterno. Salvar uma alma é impedi-la de ir para o inferno, trazendo-a para o céu. O que é o céu, o que é inferno? São concepções que nasceram no zoroastrismo – religião da persa antiga – muito antes de existirem na crença judaica e, portanto, nas religiões cristãs, como existem até hoje.


Poucas pessoas, que lêem a Bíblia, atinaram para o fato de que, no tempo de Moisés, cerca de 1.300 anos antes de Cristo, não existiam essas idéias; aliás, nem se cogitava de vida após a morte, quanto mais de salvação!. Juízo final, ressurreição dos mortos, céu e inferno – são concepções que só apareceram muitos séculos depois entre o povo hebreu, após o período em que ele ficou submetido ao domínio persa. Ao tempo de Jesus, portanto, essas já eram idéias correntes, embora não fossem aceitas por todos os segmentos da sociedade, como, por exemplo, os saduceus que não acreditavam na sobrevivência da alma.


As palavras, com o passar do tempo, vão tomando significados diversos, dependendo de quem usa e como usa. Jesus usava o termo “salvar” para dizer “libertar do mal”. O mal era tudo de desconfortável e sofrido que podia acontecer ao homem, agora ou depois. Por exemplo: quando Jesus impunha as mãos sobre a cabeça de uma pessoa ( o que hoje, no meio espírita, nós chamamos de “passe”) e a pessoa se curava, ele dizia: “ A tua fé te salvou”. Nisso consistia a salvação: livrar-se de um mal, de um perigo, de uma ameaça. Curar é salvar.


Nesse sentido, podemos dizer tranquilamente que “a medicina salva as pessoas da doença”, que “os bombeiros salva do incêndio”, que “o salva-vidas salva do afogamento”, que “o professor salva da ignorância”, e assim por diante. Aí está o conceito de salvação. Jesus, no entanto, usava esse conceito de uma forma ampla, não se referindo somente à salvação material, mas principalmente à salvação espiritual: “De que vale ao homem conquistar o mundo, se perder a sua alma?” – disse ele.


A salvação, a que Jesus se referia, está na educação do homem para uma nova vida, ou seja, para um novo modo de viver. Salvação, no sentido, de salvar o homem da ignorância, do egoísmo, do orgulho – e de tudo que pode comprometer a sua paz, a sua felicidade. Essa salvação implica num despertar da consciência para o verdadeiro conceito de Deus – de um Pai bom e misericordioso que só quer o nosso bem e que, por isso, quer todos nos amemos uns aos outros. Logo, a salvação é um ato de renovação intima, através da ação pelo bem do próximo.


É nesse sentido que o Espiritismo entende a salvação. E foi por isso que Kardec, parodiando o lema da Igreja, disse “fora da caridade não há salvação?” . Salvação de quem e para quê? Salvação da humanidade para um mundo novo de amor e paz. Contudo, o Espiritismo não se proclama dono da verdade e nem tampouco instrumento exclusivo da salvação. A salvação vem de todos os movimentos religiosos ou não, assentados sobre o ideal da fraternidade, que podem contribuir para o despertar da consciência humana. Nesse sentido, podemos dizer que todos nós temos uma missão de salvação: salvar o planeta da destruição e salvar a humanidade de sua ruína moral.



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