As - certamente angustiantes - horas que antecederam a prisão de Jesus resultante das tramas urdidas por inimigos, encarnados e desencarnados, segundo relatado no capítulo quatorze do Evangelho atribuído ao discípulo João, demonstram a dificuldade dos seguidores mais próximos em entender o real significado do que o líder e Mestre, estava tentando dizer. No versículo 26, porém ele afirma: -“Eu rogarei a Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de Verdade, que o mundo pode receber, porque não o vê nem conhece; mas vos o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós (...). Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. Quase 20 séculos se passaram e, no prefácio de uma das obras básicas do Espiritismo – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO -, Allan Kardec inseriu trecho de uma mensagem assinada pelo Espírito da Verdade – supostamente o próprio Jesus - dizendo: -“Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos céus, como um imenso exército que se movimenta ao receber a ordem de comando, espalham-se sobre toda a face da Terra. Semelhantes a estrelas cadentes, vem iluminar o caminho e abrir os olhos aos cegos. Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas devem ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos”. Observa-se que no texto não fica explícita essa ação seja em nome do Espiritismo, restringindo-a, portanto. Embora o trabalho de observações e pesquisas de Kardec tenham se iniciado somente em 1854, mensagem de um Espírito identificado como Dr. Barry, inserida no capítulo dezoito do livro A GÊNESE revela que as ações dos Espíritos do Senhor, se iniciaram um século antes da Codificação dos princípios espíritas. Vários fatos confirmam que os chamados fenômenos de efeitos físicos, a princípio, e, intelectuais, na continuidade, já atraiam atenções na Europa e América do Norte. O livro JOANA D’ARC POR ELA MESMA, recebida pela médium Ermance Dufaux, quando ela contava apenas 14 anos, foi publicada em 1855, dois anos antes d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Concluída a tarefa de Kardec, teria se interrompido tal processo? A lógica e o bom senso dizem que não. Considerando a condição espiritual de encarnados e desencarnados, problemas culturais, interferências decorrentes do personalismo, após a desencarnação do professor Rivail que se ocultava no pseudônimo Allan Kardec, em todo planeta prosseguiu o trabalho dos Espíritos do Senhor, semeando as verdades ofuscadas pelas ambições humanas ao longo dos quase 20 séculos transcorridos desde a passagem de Jesus por nossa Dimensão. Se nos aprofundarmos no conhecimento sobre o surgimento de muitas obras e descobertas que influenciaram movimentos e inovações no pensamento da coletividade humana, constataremos que a ação da Espiritualidade fica evidenciada. A dinâmica, se deu através de AÇÕES OBJETIVAS (mediunidade ostensiva dos efeitos inteligentes e efeitos físicos) e de AÇÕES SUBJETIVAS (mediunidade oculta – inspiração - na literatura, artes, cultura, cinema, terapias psicológicas, novas propostas filosófico / religiosas). Inúmeras podem ser essas constatações, entendidas a partir de dois comentários presentes n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS. No item 294: “Quando é chegado o tempo de uma descoberta, os Espíritos encarregados de dirigir-lhe a marcha procuram o homem capaz de conduzi-la a bom termo, e lhe inspiram as ideias necessárias, de maneira a deixar-lhe todo o mérito, porque, essas ideias, é preciso que as elabore e as execute. Ocorre o mesmo com todos os grandes trabalhos de inteligência humana”. E, no item 183: -“Artistas, sábios, literatos, são sem dúvida, Espíritos avançados, capazes por si mesmos de compreender e de conceber grandes coisas; ora, é precisamente por que são julgados capazes, que, os Espíritos que querem o cumprimento de certos trabalhos lhes sugerem as ideias necessárias, e é assim que, o mais frequentemente, são médiuns sem o saberem. Tem, no entanto, uma vaga intuição de uma assistência estranha, porque quem apela para a inspiração, não faz outra coisas senão uma evocação”. Apenas para citar alguns na categoria de subjetivas, destacamos três exemplos, por localidade e cronologia: 1- Paris (FR) – 1903 – Investigando o possível fenômeno de exteriorização da consciência em estado de transe, o engenheiro Albert de Rochas, depara-se com a regressão de memória a vidas passadas. 2 - Suécia – 1959 – Friedrich Juergenson capta pela primeira vez vozes de Espíritos desencarnados através de um gravador magnético enquanto tentava registrar o canto de pássaros. 3 - Colorado (EUA) – 1966 – Ian Stevenson, catedrático de Psiquiatria na Universidade da Virgínia, publica VINTE CASOS SUGESTIVOS DE REENCARNAÇÃO.
O que significa “daí de graça o que de graça recebestes”? Devemos ajudar sempre as pessoas, mesmo que isso custe o sacrifício de nosso salário? (João)
A recomendação de Jesus é muito clara, mas, mesmo assim, devemos refletir sobre ela, João. As coisas óbvias - isto é, aquelas que se mostram mais claras, mais evidentes para todo mundo - geralmente são também as mais difíceis. Jesus, que ensinou o “amor ao próximo”, considerou que, se recebemos o amor de graça, devemos dá-lo de graça também. As pessoas, que nos amam – como nossos pais, por exemplo – não nos cobram esse amor. Amor é um sentimento, que se tem em relação às pessoas, é querer-lhes o bem, é ficarmos felizes com a sua felicidade e nos solidarizarmos com elas, quando passam por situações difíceis.
O amor não nos custa nada: pelo contrário, ele nos dá satisfação e alegria. Quando amamos, na verdade, não amamos porque o outro nos pede ou exige esse sentimento de nós – amamos porque sentimos afeição pela pessoa amada - simplesmente por isso. O amor é um sentimento gostoso. Logo, como não deve custar nada o amor que recebemos daqueles que nos querem bem, também devemos amar incondicionalmente, ou seja, sem exigir nada em troca; caso contrário, não é amor. Na prática, o amor é saber servir, é estar próximo, é estar pronto, é agir sempre em benefício do outro. É a colaboração, é a compreensão, é a desculpa, é o perdão.
Quanto aos médiuns, a Doutrina Espírita nos lembra continuamente que a mediunidade é um dom do Espírito e, portanto, deve ser exercida gratuitamente. O médium não deve cobrar absolutamente nada pelo serviço mediúnico, pois, é através dessa faculdade, que os bons Espíritos nos ajudam e nos socorrem. Como esses bons amigos não nos cobram nada, também não temos o direito de pôr preço pelo que fazemos. Sendo assim, o Espiritismo está sempre nos alertando contra o profissionalismo na mediunidade. Alerta também todos os consulentes em relação aos médiuns que cobram ou que pedem alguma recompensa pelo seu trabalho, principalmente porque muitos fazem da mediunidade m meio de vida ou uma profissão rendosa, sem considerar os que exploram e enganam o povo.
Contudo, quando falamos em profissão, estamos nos referindo ao nosso sustento, ao nosso meio de subsistência, que é a base financeira de nossa vida, necessária e indispensável a todos nós nos dias de hoje. Não devemos confundir uma coisa com outra. Todavia, nada impede que o profissional seja caridoso, mesmo no exercício de sua profissão, quando sabe que está lidando com clientes necessitados. Mas isso é uma atitude pessoal, espontânea, que deve fluir naturalmente em casos especiais.
Alias, o profissional deve valorizar a sua profissão, para valorizar também seus companheiros que atuam na mesma área e que precisam sobreviver com dignidade. Mas isso não quer dizer que deve ser intransigente em todos os casos, porque, em algum momento, deverá pôr o sentimento acima do dever; caso contrário, lhe faltaria o princípio da caridade. Por isso, é recomendável que os profissionais de todas as profissões, quando sentem que devem dar algo de si, o façam num lugar certo e num momento certo: por exemplo: em instituições adequadas. Por outro lado, nenhum de nós tem o direito de se prevalecer desse sentimento para se beneficiar a custa do sacrifício daquele que trabalha para ganhar o seu sustento. Isto seria falta de caridade.
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