Em carta escrita ao Dr Antonio Wantuil de Freita, então Presidente da Federação Espírita Brasileira, como preservada parcialmente no livro TESTEMUNHOS DE CHICO XAVIER organizado por Suely Caldas Schubert, encontramos a revelação do médium sobre a apresentação a ele por Emmanuel daquele que fora escolhido entre outros para ser porta-voz para trazer a nossa Dimensão informações sobre a interação exposta na série conhecida como NOSSO LAR. Conviveram por vários messes até que em 1942 começou a ditar a Chico o livro NOSSO LAR. Pois é dessa série que destacamos a matéria que estamos reproduzindo para reflexões. Vamos à segunda parte.
Por que os temas espirituais não empolgam as criaturas humanas tanto quanto os assuntos sensoriais e materiais?
Estamos ainda presos às aglutinações celulares dos elementos físio-perispiríticos, tanto quanto a tartaruga permanece algemada à carapaça. Imergimo-nos dentro dos fluidos carnais e deles nos libertamos, em vicioso vaivém, através de existências numerosas, até que acordemos a vida mental para expressões santificadoras. Somos quais arbustos do solo planetário. Nossas raízes emocionais se mergulham mais ou menos profundamente nos círculos da animalidade primitiva. Vem a foice da morte e sega-nos os ramos dos desejos terrenos; todavia, nossos vínculos guardam extrema vitalidade nas camadas inferiores e renascemos entre aqueles mesmos que se converteram em nossos associados de longas eras, através de lutas vividas em comum, e aos quais nos agrilhoamos pela comunhão de interesses da linha evolutiva em que nos encontramos. A vida física é puro estágio educativo, dentro da Eternidade, e a ela ninguém é chamado a fim de candidatar-se a paraísos de favor e, sim, à moldagem viva do céu no santuário do Espírito, pelo máximo aproveitamento das oportunidades recebidas no aprimoramento de nossos valores mentais, com o desabrochar e evolver das Sementes Divinas que trazemos conosco. O trabalho incessante para o bem, a elevação de motivos na experiência transitória, a disciplina dos impulsos pessoais, com amplo curso às manifestações mais nobres do sentimento, o esforço perseverante no infinito bem, constituem as vias de crescimento mental, com aquisição de luz para a vida imperecível. Cada criatura nasce na Crosta da Terra para enriquecer-se através do serviço à coletividade. Sacrificar-se é superar-se, conquistando a vida maior. Por isto mesmo, o Cristo asseverou que o maior no Reino Celeste é aquele que se converter em servo de todos. Um homem poderá ser temido e respeitado no Planeta pelos títulos que adquiriu à convenção humana, mas se não progrediu no domínio das ideias, melhorando-se e aperfeiçoando-se, guarda consigo mente estreita e enfermiça. Em suma, ir à matéria física e dela regressar ao campo de trabalho em que nos achamos presentemente, é submetermo-nos a profundos choques biológicos, destinados à expansão dos elementos divinos que nos integrarão, um dia, a forma gloriosa. Voltemos ao símbolo da árvore. O vaso físico é o vegetal, limitado no espaço e no tempo, o corpo perispirítico é o fruto que consubstancia o resultado das variadas operações da árvore, depois de certo período de maturação, e a matéria mental é a semente que representa o substrato da árvore e do fruto, condensando-lhes as experiências. A criatura para adquirir sabedoria e amor renasce inúmeras vezes, no campo fisiológico, à maneira da semente que regressa ao chão. E quantos se complicam, deliberadamente, afastando-se do caminho reto na direção de zonas irregulares em que recolhem experimentos doentios, atrasam, como é natural, a própria marcha, perdendo longo tempo para se afastarem do terreno resvaladiço a que se relegaram, ligados a grupos infelizes de companheiros que, em companhia deles, se extraviaram através de graves compromissos com a leviandade ou com o desequilíbrio. (L)
Uma ouvinte, que não quer revelar o nome, faz uma espécie de confissão, ao dizer o seguinte: “Tenho um problema que eu não gostaria de revelar a ninguém, nem mesmo para a pessoa mais intima. Não sei até quando vou guardar esse segredo comigo. Hoje eu sei que não soube me conduzir como devia e que sou vítima do pecado. Só espero que Deus me perdoe.”
Não se aflija. Quem de nós – Espíritos encarnados na Terra – já não cometeu erros que considera muito graves? Se não foi nesta, com certeza, foi em vidas passadas... Em Doutrina Espírita não gostamos da palavra “pecado”. Consideramos uma palavra muito comprometida com o sentimento de culpa, que prejudica a nossa auto-estima e nos coloca pra baixo. A culpa só nos faz bem, quando ela mexe com os nossos brios e nos obriga a levantar e a lutar. Caso contrário, quando ela nos tolhe a capacidade de agir, quando ela se transforma em rejeição e ódio contra nós mesmos, ela é desastrosa: pode nos causar muito mal.
Muita gente faz uma idéia muito errada do Espiritismo, quando pensa que a crença na reencarnação nos faz sentir culpados por causa dos erros que cometemos no passado. Não é essa a intenção. Ao contrário. O erro deve ser um estímulo ao sentimento de responsabilidade e de auto superação, porque, como seres imperfeitos sempre erramos, mas como seres perfectíveis estamos a caminho da perfeição. “Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito” – disse Jesus. É como o aluno, que depois de ir mal na prova, sente-se na obrigação de estudar mais, de se empenhar mais, para recuperar o aprendizado. Se ele ficar se lamentando do fracasso (ou se ficar culpando os outros), com certeza, não vai se recuperar.
Como o aluno na escola, todos somos Espíritos em processo de aprendizagem na escola da vida. Alguns caminham mais depressa, entendem mais cedo os objetivos da vida; outros demoram mais e, por isso, esbarram em dificuldades maiores. Mas todos caminham, cada um no seu ritmo, pois somos diferentes uns dos outros e a natureza não nos obriga a sermos iguais. Pelo contrário, são as diferenças nos estimulam ao progresso. Todavia, quanto mais cedo o Espírito tomar consciência de suas necessidades, tanto melhor para ele; mais cedo despertará para a vida e mais cedo poderá usufruir de seus benefícios.
Não há castigo divino, cara ouvinte. O castigo é uma concepção humana: é uma forma imperfeita de tentar mudar as pessoas, mas que, na verdade, não muda ninguém. O processo pelo qual Deus nos estimula à perfeição é outro. A vida é regida por leis perfeitas e magnânimas. Essas leis são justas, regulam a nossa caminhada, como regulam todos os fenômenos do universo. Deus não está nos espreitando às escondidas para nos pegar em pecado, como muitos pensam; tampouco está anotando nossos erros para depois nos cobrar de forma violenta. No entanto, tudo o que fazemos ou deixamos de fazer repercute no universo, ajuda-nos ou nos prejudica, dependendo se se aproxima ou se distancia da lei.
Portanto, não há condenação. Na lei de Deus só há oportunidade. A vida é essa que você vê e significa, acima de tudo, aproveitar as oportunidades para ser feliz. E, a partir do momento em que decidimos pela felicidade, saberemos compreender que não podemos ser felizes sozinhos, que a felicidade só é felicidade quando compartilhada, e é por isso que Jesus insistiu tanto no amor ao próximo, na certeza de que, se todos amarem, todos serão amados, e aí estará a realização suprema da humanidade.
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