-“O Mundo Invisível é composto dos que deixaram seu envoltório corporal ou, por outras palavras, das almas que viveram na Terra. Estas almas ou Espíritos, o que é a mesma coisa, povoam o Espaço, estão em toda parte, ao nosso lado, como nas regiões mais afastadas”. O comentário pode ser lido na edição de dezembro de 1859 da REVISTA ESPÍRITA, publicação mensal financiada pelo próprio Allan Kardec para manter atualizados os seguidores do Espiritismo em várias partes da Europa. Quando do lançamento do livro A GÊNESE, no ultimo capítulo, encontra-se reproduzida uma mensagem assinada por um Espírito identificado como Dr Barry em que, entre outras coisas, diz: -“Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que por isso não deixa de ser rigorosa verdade, é que o Mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia, experimenta o contrachoque de todas as comoções que abalam o mundo dos encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Nada tem isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a Humanidade; que eles saem dela e a ela têm de voltar, sendo, pois, natural se interessem pelos movimentos que se operam entre os homens. Ficai, portanto, certos de que, quando uma revolução social se produz na Terra, abala igualmente o mundo invisível, onde todas as paixões, boas e más, se exacerbam, como entre vós. Indizível efervescência entra a reinar na coletividade dos Espíritos que ainda pertencem ao vosso mundo e que aguardam o momento de a ele volver”. Em meados do século 20, o Orientador Espiritual Emmanuel através do médium Chico Xavier, transmitiu um interessante livro intitulado ROTEIRO (feb, 1951) em que revela: - Mais de vinte bilhões de almas conscientes, desencarnadas, sem nos reportarmos aos bilhões de inteligências sub-humanas que são aproveitadas nos múltiplos serviços do progresso planetário, cercam o domicílio terrestre, demorando-se noutras faixas de evolução. Tal dado até então inédito permite-nos avaliar a discrepante população invisível em relação à visível. No que tange às guerras, um série de questões merecem consideração. E, elas surgem das páginas d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, onde Allan Kardec obtem os seguintes esclarecimentos: 1 Durante uma batalha, há Espíritos assistindo e amparando cada um dos exércitos? “Sim, e que lhes estimulam a coragem.” Os antigos figuravam os deuses tomando o partido deste ou daquele povo. Esses deuses eram simplesmente Espíritos representados por alegorias. 2- Estando, numa guerra, a justiça sempre de um dos lados, como pode haver Espíritos que tomem o partido dos que se batem por uma causa injusta? “Bem sabeis haver Espíritos que só se comprazem na discórdia e na destruição. Para esses, a guerra é a guerra. A justiça da causa pouco os preocupa.” 3- Podem alguns Espíritos influenciar o general na concepção de seus planos de campanha? “Sem dúvida alguma. Podem influenciá-lo nesse sentido, como com relação a todas as concepções.” 4- Poderiam maus Espíritos suscitar-lhe planos errôneos com o fim de levá-lo à derrota? “Podem; mas, não tem ele o livre-arbítrio? Se não tiver critério bastante para distinguir uma ideia falsa, sofrerá as consequências e melhor faria se obedecesse, em vez de comandar.” 5- Pode, alguma vez, o general ser guiado por uma espécie de dupla vista, por uma visão intuitiva, que lhe mostre de antemão o resultado de seus planos? “Isso se dá amiúde com o homem de gênio. É o que ele chama inspiração e o que faz que obre com uma espécie de certeza. Essa inspiração lhe vem dos Espíritos que o dirigem, os quais se aproveitam das faculdades de que o veem dotado.” 6- No tumulto dos combates, que se passa com os Espíritos dos que sucumbem? Continuam, após a morte, a interessar-se pela batalha? “Alguns continuam a interessar-se, outros se afastam.” Dá-se, nos combates, o que ocorre em todos os casos de morte violenta: no primeiro momento, o Espírito fica surpreendido e como que atordoado. Julga não estar morto. Parece-lhe que ainda toma parte na ação. Só pouco a pouco a realidade lhe surge. 7- Após a morte, os Espíritos, que como vivos se guerreavam, continuam a considerar-se inimigos e se conservam encarniçados uns contra os outros? “Nessas ocasiões, o Espírito nunca está calmo. Pode acontecer que nos primeiros instantes depois da morte ainda odeie o seu inimigo e mesmo o persiga. Quando, porém, se lhe restabelece a serenidade nas ideias, vê que nenhum fundamento há mais para sua animosidade. Contudo, não é impossível que dela guarde vestígios mais ou menos fortes, conforme o seu caráter.” 8-Continua a ouvir o rumor da batalha? “Perfeitamente.” 9- O Espírito que, como espectador, assiste calmamente a um combate observa o ato de separar-se a alma dom corpo? Como é que esse fenômeno se lhe apresenta à observação? “Raras são as mortes verdadeiramente instantâneas. Na maioria dos casos, o Espírito, cujo corpo acaba de ser mortalmente ferido, não tem consciência imediata desse fato. Somente quando ele começa a reconhecer a nova condição em que se acha, é que os assistentes podem distingui- lo, a mover-se ao lado do cadáver. Parece isso tão natural, que nenhum efeito desagradável lhe causa a vista do corpo morto. Tendo a vida toda se concentrado no Espírito, só ele prende a atenção dos outros. É com ele que estes conversam, ou a ele é que fazem determinações.”
Pergunta do Oswaldo Alves: “Na Bíblia, Abrão é convocado por Deus para Abraão sacrificar o próprio filho, Isaac, praticamente uma criança. Mas, no momento do sacrifício apareceu um anjo e mandou suspender a execução. O anjo então disse que Deus só queria uma prova de fidelidade. Fico pensando, se Deus é perfeito e sabe de tudo, por que precisa de provas.”
A concepção, que se tinha de Deus, naquele tempo, era muito diferente da que se temos hoje. Abraão deve ter vivido cerca de 1.800 anos antes de Cristo. O seu deus não se aproximava, nem mesmo, do Deus de Jesus e Abraão concebia era bem limitado em relação ao que, bem mais tarde, Jesus chamou de Pai Bom e Perfeito. Não sabemos dizer exatamente o que se passou, mas podemos presumir que Iavé era um Espírito Guia e Protetor daquele pequeno povo. Dotado de sentimentos humanos, ele mais parecia com os deuses pagãos, que de divinos só tinham mesmo a imortalidade.
Evidentemente, o Deus, que nós concebemos hoje, é um ser perfeito, que tudo pode e que tudo sabe. Não precisa que lhe provemos nada e também não precisa nos provar nada, pois é o Ser Supremo, o Poder Criador, a Causa e o Fim de tudo que existe. Ele sabe das disposições e das intenções de cada um de nós, muito mais do que nós mesmos. Guardada a devida distância que nos separa de Abraão, cerca de 3.800 anos, é razoável aceitar que esse patriarca pensava de acordo com as idéias e a crença de seu tempo, e nada há que possamos admirar sobre isso.
Entretanto, já que você citou Abraão, é interessante lembrar que ele tem um significado moral muito profundo. Fica claro por esse episódio que Deus não quer o nosso sacrifício, mas o nosso bem. Geralmente, atribuímos a Deus os problemas e as dificuldades que sofremos, pensando logo em castigo. Mas esse raciocínio está complemente equivocado. A vida – como diz Huberto Rhoden – é como uma peça onde cada um desempenha o seu papel. Temos de desempenhar bem o nosso papel para sentir que não vivemos em vão, que a vida tem um valor profundo, e é por isso que estamos aqui.
O sacrifício é a dedicação, o empenho, o esforço e a realização que está ao alcance de cada um – seja pobre ou rico, desta ou daquela religião, pertença a este ou aquele povo, viva nesta ou em outra época. Todos nós fazemos parte de um plano universal, onde cada um tem seu papel específico e insubstituível, como numa peça cada ator tem sua participação única e exclusiva. No passado, dava-se valor ao sacrifício, as penitências e coisas dessa natureza, pois se acreditava que Deus só estava contente quando estivéssemos sofrendo. Coisa absurda. A vida não existe para isso: cabe a cada um de nós participar da ativamente da vida para que possamos, todos juntos, construir um mundo melhor e uma humanidade mais feliz.
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