Uma apreciação da situação Global sugere a ideia de que o barco está à deriva, afundando, como se estivéssemos entregues à própria sorte. Isso é um falso ou verdadeiro? O desequilíbrio generalizado e crescente invade os departamentos da mente humana. Contudo, Soberanas e indefectíveis leis nos presidem aos destinos. Somos conhecidos e examinados em toda parte. As facilidades concedidas aos Espíritos santificados, que admiramos, são prodigalizadas a nós, por Deus, em todos os lugares. O aproveitamento, porém, é obra nossa. As máquinas terrestres podem alçar-vos o corpo físico a consideráveis alturas, mas o voo espiritual, com que nos libertaremos da animalidade, jamais o desferiremos sem asas próprias. A consolação e a amizade de Benfeitores encarnados e desencarnados enriquecer-vos-ão de conforto, quais suaves e abençoadas flores da alma; entretanto, fenecerão como as rosas de um dia, se não fertilizarmos o coração com a fé e o entendimento, com a esperança inquebrantável e o amor imortal, sublimes adubos que propiciem o desenvolvimento no terreno do nosso esforço sem tréguas. Não cobicemos o repouso das mãos e dos pés; antes de abrigar semelhante propósito, procuremos a paz interior na suprema tranquilidade da consciência. Abandonemos a ilusão, antes que a ilusão nos abandone. Deixemos plantado o Bem na esteira de nossos passos. Somente os servos que trabalham gravam no tempo os marcos da evolução; só os que se banham no suor da responsabilidade conseguem cunhar novas formas de vida e de ideal renovador. Os demais, chamem-se monarcas ou príncipes, ministros ou legisladores, sacerdotes ou generais, entregues à ociosidade, classificam-se na ordem dos sugadores da Terra; não chegam a assinalar sua permanência provisória na Crosta do Planeta; adejam como insetos multicores, tornando à poeira de que se alçaram por alguns minutos. No livro A GÊNESE, capítulo 18, lê-se que “o Mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia, experimenta o contrachoque de todas as comoções que abalam o mundo dos encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Ficai, portanto, certos de que, quando uma revolução social se produz na Terra, abala igualmente o Mundo Invisível, onde todas as paixões, boas e más, se exacerbam, como entre vós. Indizível efervescência entra a reinar na coletividade dos Espíritos que ainda pertencem ao vosso mundo”. Procede então a informação sobre a desproporcional influência do Mundo Espiritual Invisível sobre o Material pelo sem fio do pensamento, exercer grande pressão sobre o comportamento individual, notadamente numa realidade como a vivida em função da chamada Pandemia? Guerreiam-se as Esferas de ação entre si; encarnados e desencarnados de tendências inferiores colidem ferozmente, aos milhões. Inúmeros lares transformam-se em ambientes de inconformação e desarmonia. Duela o homem consigo mesmo no atual processo acelerado de transição. Necessário equilíbrio na edificação necessária, convictos de que é impossível confundir a Lei ou trair-lhe os ditames universais. Imensa é a extensão do intercâmbio entre encarnados e desencarnados. A determinadas horas da noite, três quartas partes da população de cada um dos hemisférios da Crosta Terrestre se acham nas zonas de contato com a realidade espiritual e a maior percentagem desses semi-libertos do corpo, pela influência natural do sono, permanecem detidos nos círculos de baixa vibração Nessas Regiões muitas vezes se forjam dolorosos dramas que se desenrolam nos campos da carne. Grandes crimes têm nestes sítios as respectivas nascentes e, não fosse o trabalho ativo e constante dos Espíritos protetores que se desvelam pelos homens no labor sacrificial da caridade oculta e da educação perseverante, sob a égide do Cristo, acontecimentos mais trágicos estarreceriam as criaturas. a coroa da sabedoria e do amor é conquistada por evolução, por esforço, por associação da criatura aos propósitos do Criador. A marcha da Civilização é lenta e dolorosa. Formidandos atritos se fazem indispensáveis para que o Espírito consiga desenvolver a luz que lhe é própria. O homem encarnado vive simultaneamente em três planos diversos. Assim como ocorre à árvore que se radica no solo, guarda ele raízes transitórias na vida física; estende os galhos dos sentimentos e desejos nos círculos de matéria mais leve, quanto o vegetal se alonga no ar; e é sustentado pelos princípios sutis da mente, tanto quanto a árvore é garantida pela própria seiva. Na árvore temos raiz, copa e seiva por três processos diferentes de manutenção para a mesma vida, e no homem vemos corpo denso de carne, organização perispirítica em tipo de matéria mais rarefeita e mente, representando três expressões distintas de base vital, com vistas aos mesmos fins. O homem exige para sustentar-se, no quadro evolucionário, segurança relativa no campo biológico, alimento das emoções que lhe são próprias nas Esferas de vida psíquica que se afinam com ele e base mental no mundo íntimo. A vida é patrimônio de todos, mas a direção pertence a cada um. (Gúbio; L;6) Como atenuar ou neutralizar em nós esses efeitos?
Se o patrimônio da fé religiosa representa o indiscutível fator de equilíbrio mental do mundo, que fazeis de vosso tesouro, esquecendo-lhe a utilização, numa época em que a instabilidade e a incerteza vos ameaçam todas as instituições de ordem e de trabalho, de entendimento e de construção? Não vos assombra, porventura, acordando-vos a consciência, a borrasca renovadora que refunde princípios e nações? Impossível uma Era de paz exterior, sem a preparação interior do homem no espírito de observância e aplicação das Leis Divinas. Por admitir semelhante contrassenso, a máquina, filha de vossa inteligência, anula as possibilidades de mais alta incursão no reino do Espírito Eterno. Ser cristão, outrora, simbolizava a escolha da experiência mais nobre, com o dever de exemplificar o padrão de conduta consagrado pelo Mestre Divino. Constituía ininterrupto combate ao mal com as armas do bem, manifestação ativa do amor contra o ódio, segurança de vitória da luz contra as sombras, triunfo inconteste da paz construtiva sobre a discórdia destruidora.
Pergunta do José Luiz : “Eu gostaria de saber se o Espiritismo é uma religião como as outras ou é uma filosofia.”
Para responder sua pergunta, antes precisamos considerar o seguinte: o que é religião? O que é filosofia? Desde o tempo de Kardec, há mais de 160 anos atrás, quando o Espiritismo estava surgindo, já se discutia essa questão. Comumente, chamamos de religião uma doutrina que tem por base a crença na divindade e a prática de adoração, por meio de um conjunto de cultos e celebrações. Mas a religião sempre tem consequências de ordem moral. A filosofia, por outro lado, é um modo de pensar, questionar e ver o homem e o mundo. A religião tem por base a fé; a filosofia tem por base a razão ou o raciocínio lógico.
Analisando o Espiritismo, vamos perceber que ele tem tanto de filosofia, como de religião, como também de ciência, pois é uma doutrina que procura sintetizar numa visão holística ou de totalidade todo o conhecimento humano. Allan Kardec afirmou que o Espiritismo só pode ser considerado religião no sentido filosófico da palavra “religião”. Por que isso? Porque, da religião, o Espiritismo só tem a moral; não adota rituais, nem celebrações, nem templos, nem altares, nem qualquer tipo de cerimonial em sua prática. Não tem chefes ou sacerdotes, nem tampouco hierarquia clerical. O sentido de religião no Espiritismo pode ser percebido pela relação do homem com Deus, relação essa que, segundo a Doutrina, só se efetiva através da relação de amor do homem com o seu próximo.
O ponto alto da religião é a fé pura e simples; o da filosofia é a razão, a procura da verdade. No Espiritismo isso fica muito claro na medida em que ele ensina a fé raciocinada ou fé racional, isto é, a fé que se apóia na razão, no conhecimento. Aliás, este posicionamento não foi criado pelo Espiritismo, mas por Jesus que, no seu tempo, teve uma postura bastante filosófica (e, portanto, bastante crítica) em relação à religião. Sem se prender a ritos e cerimônias religiosas (que os judeus costumavam fazer nas sinagogas e no templo), ele proclamou a verdade como fator de libertação do homem, ao dizer: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
Nos evangelhos Jesus não adota qualquer crença em particular, mas também não refuta nenhuma. Não busca na religião apenas a adoração ( como faziam os fariseus, diante dos homens), mas principalmente a vivência dos princípios religiosos, ou seja - o amor, a caridade. Para ele, o amor está acima da religião, que discrimina as pessoas, como era costume acontecer na época de Jesus, principalmente em relação aos samaritanos, considerados inimigos da religião. Jesus, ao contrário, exalta os samaritanos e critica os fariseus, mostrando que a salvação não vem pela fé, mas pelas obras.
O mesmo faz o Espiritismo seguindo os rastros de Jesus. Sua postura é de buscar o bem e a verdade, venham de onde vierem, até mesmo de seus adversários. Por isso, proclama a fé raciocinada, que se apóia na compreensão crítica da realidade. Portanto, o Espiritismo, como Jesus, é crítico, porque nada aceita sem questionar, e não considera nenhuma verdade como pronta ou acabada, pois somos seres que estamos constantemente aprendendo. À medida que progredimos, vamos adquirindo cada vez mais capacidade de compreender o mundo, de modo que uma verdade hoje poderá não ser a de amanhã, assim como muitas coisas que foram verdades no passado, hoje não mais o são.
Neste sentido, o Espiritismo é mais filosófico que religioso, mesmo porque é contra toda barreira de separação e de discriminação que se estabelecem entre pessoas de religiões diferentes. Proclama a existência de Deus e acredita que as religiões de todo o mundo, quando professadas com sinceridade, caminham para uma crença universal..
Nenhum comentário:
Postar um comentário